17/11/2011




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"JORNAL DE NOTÍCIAS"

Patrões preferem aumentar horas de trabalho a reduzir salários no privado

O presidente Confederação da Indústria Portuguesa, António Saraiva, afirmou, esta quinta-feira, que a redução de salários no sector privado não é a melhor solução para aumentar a produtividade, defendendo antes o aumento do tempo de trabalho.

O necessário crescimento da competitividade "pode-se obter por aumento do tempo de trabalho e não forçosamente pela redução de salários", disse à Lusa António Saraiva.

"É nessa perspectiva que nós [CIP] entendemos a mensagem da 'troika' e é esse o nosso objectivo em sede de concertação social, onde estamos a discutir com o Governo o aumento de meia hora de trabalho e a sua modelação ao longo do ano numa bolsa de horas", explicou.

A 'troika' admitiu na quarta-feira que os salários dos trabalhadores das empresas privadas também acabarão por ser reduzidos por efeito do que está a acontecer no sector público.

"A contaminação do sector privado pelo público claro que é óbvia", afirmou o representante da Comissão Europeia, Jürgen Kröger, quando questionado sobre uma eventual redução dos salários do sector privado após os cortes dos subsídios de férias e Natal que serão impostos ao sector público, caso seja aprovada a proposta do Orçamento do Estado para 2012.

"Se o sector público reduz o custo da mão-de-obra, o sector privado vai reagir. Torna-se menos atraente trabalhar no sector público e mais gente vai querer ir para o sector privado", pressionando os salários, acrescentou Kroger.

A redução do custo unitário do trabalho - seja por diminuição dos salários, seja por aumento das horas de trabalho - não é, para o presidente da CIP, a única forma de melhorar a produtividade e competitividade em Portugal.

"A competitividade é um conjunto de factores em que obviamente o custo do trabalho é um deles, mas depois há uma envolvência externa que é necessário ser alterada, nomeadamente o funcionamento da Justiça, a previsibilidade fiscal e todo um conjunto de matérias que estamos a discutir com o Governo", concluiu.


* Em Portugal o trabalhador não é bem pago na sua esmagadora maioria. 
Em Portugal o patrão sempre teve mais-valias, sempre teve a possibilidade de accionar falências fraudulentas com impunidade, sempre teve possibilidade de uma contabilidade devidamente "organizada", sempre fugiu aos impostos e sempre tentou pagar ao empregado abaixo do seu real valor.
Isto vale para 95% dos patrões portugueses.


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