23/11/2011


HOJE NO
"DIÁRIO  DE NOTICIAS"
Biossegurança
Ricardo Jorge sem segurança 
para bactérias perigosas

Todos os dias são manuseados materiais biológicos nas instalações do Instituto Ricardo Jorge, em Lisboa, mas a segurança deste organismo está longe de ser a ideal e assim vai continuar por falta de verbas, admitiu a administração.

"Temos o nível máximo que conseguimos - que é a presença permanente de um elemento de uma empresa de segurança privada - mas não temos o terreno delimitado com uma vedação, nem o acesso condicionado no interior das instalações", disse à Lusa o presidente do conselho de administração.

Para José Pereira Miguel, o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) dispõe de "uma série de barreiras, mas não as desejáveis".

Uma situação agravada com a proximidade de um campo de futebol que, em dias de jogo, leva muitas vezes os adeptos a festejar junto à entrada do instituto.

Em causa está o material que é investigado na sede do INSA, nomeadamente no laboratório de segurança biológica de nível 3, onde são desenvolvidas actividades de risco que envolvem o manuseamento de produtos biológicos altamente infeciosos.

"O nosso maior problema é a presença de agentes infeciosos, de microrganismos que existem por cá e que são cultivados, analisados e guardados nos laboratórios de doenças infeciosas", disse.

José Pereira Miguel reconhece que as medidas que têm sido tomadas ao nível da segurança são as possíveis com o dinheiro disponível e garante que, se tivesse mais verbas, procederia ao "isolamento e resguardo" da zona junto ao INSA e também no interior das instalações.

"Continuamos a ter um campus muito devassado, o que está mal, mas é preciso dinheiro para investir", disse.

Segundo José Pereira Miguel, o edifício do INSA -- da autoria do arquiteto Pardal Monteiro -- tem as suas "vulnerabilidades" e daí a necessidade de serem erguidas, no seu exterior, sucessivas barreiras.

O INSA é o instituto de referência em Portugal, em matéria de saúde pública, e também ao nível de biossegurança, contando com uma Unidade de Resposta a Emergências e Biopreparação (UREB), do Departamento de Doenças Infecciosas.

Esta unidade promove sexta-feira o primeiro encontro de peritos em biossegurança, dirigido a utilizadores de laboratórios de segurança biológica de nível 3 (BSL-3).

A responsável da UREB, Sofia Núncio, disse à Agência Lusa que nestes laboratórios, são "manipulados microrganismos do Grupo de Risco 3, que geralmente causam doença grave no homem ou no animal, mas que não se transmitem habitualmente de pessoa a pessoa e para os quais existe um tratamento eficaz".

São igualmente tratados nas instalações destes laboratórios microrganismos de Grupo de Risco 2 desde que, em grandes quantidades ou elevadas concentrações, possam constituir um risco acrescido de propagação de aerossóis.

Durante a cimeira da NATO, que decorreu em novembro de 2010, em Lisboa, o laboratório aumentou o nível de prevenção e, enquanto decorreu a pandemia de gripe, em 2009, parte do trabalho foi também executado nos laboratórios BSL-3.

"Sempre que são encontrados pacotes suspeitos de contaminação com agentes biológicos, em sítios como os aeroportos, a amostra é entregue no INSA para ser processada", acrescentou.

Além da resposta à emergência, os laboratórios BSL-3 também são utilizados para o diagnóstico laboratorial de rotina de doenças causadas por microrganismos como Mycobacterium tuberculosis e o vírus Dengue, afirmou Sofia Núncio.


* Nada de alarmes é só uma "bombinha" de saúde...

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