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Há 4 mil professores destacados
e a maioria vai voltar às escolas
Três em cada dez docentes estão a trabalhar
nos serviços tutelados pela Educação
O ministro da Educação e Ciência (MEC) já avisou que a partir de Setembro quer que a maioria dos professores que foram destacados em 2007 para desempenhar outras funções regresse às suas escolas. Os docentes requisitados são, segundo os números da tutela, cerca de 4 mil. Os professores em mobilidade estão em todo o lado - nas escolas privadas e públicas, nas associações culturais e desportivas, nas autarquias, nas instituições privadas e até nas fundações. A maioria, porém, ocupa cargos nos serviços e nas entidades sob a alçada do MEC, onde três em cada dez docentes (600) estão nas direcções regionais ou centrais do ministério.
Quantos destes vão voltar a dar aulas é ainda uma incógnita, já que Nuno Crato prometeu avaliar caso a caso para não comprometer o funcionamento dos serviços. Para já, os únicos a escapar a esta regra são os docentes a trabalhar em instituições de ensino vocacionadas para alunos com necessidades especiais (cerca de 300 docentes) ou em hospitais e centros de saúde (50 docentes). Nas cinco direcções regionais de educação, contudo, as contas do ministro já estão feitas - dos cerca de 400 professores, 320 vão voltar ao ensino.
Os dados, recolhidos da lista da Direcção-Geral dos Recursos Humanos da Educação para o ano escolar 2010/2011, mostram que as entidades tuteladas por outros ministérios ocupam o segundo lugar do ranking: é para lares e centros de apoio geridos, por exemplo, pelo Ministério da Solidariedade e da Segurança Social, que trabalham 16% dos professores destacados.
Os agrupamentos escolares, os centros de Novas Oportunidades e ainda as escolas profissionais são o domicílio profissional "emprestado" para 11,6% dos professores em mobilidade. Há também cerca de 8% (163) a desempenhar funções em associações, cooperativas e fundações. Mas da lista constam exemplos curiosos: 31 foram destacados para associações de professores e outros 31 estão nas federações desportivas.
Resta saber que impacto terá o regresso destes professores na diminuição das vagas para os contratados que concorreram a uma vaga nas escolas no próximo ano lectivo. Há sempre um efeito dominó, defende Manuel Pereira, da Associação Nacional de Dirigentes Escolares, que, contudo, não acredita que os professores em mobilidade provoquem grandes alterações no número de docentes a serem dispensados.
"No universo das escolas, os que estão destacados representam uma minoria, por isso, estou convencido que o seu regresso implicará apenas alguns reajustamentos", diz, acreditando ser esta uma "boa oportunidade" para redefinir as regras da mobilidade que "nunca foram muito claras". Por outro lado, o dirigente da Federação Nacional do Ensino e Investigação, Carlos Chagas, acredita que o ministério vai reforçar as disciplinas de Português e Matemática com os docentes que voltarem ao ensino: "É preciso que estes docentes sejam um trunfo para combater o insucesso escolar e apoiar os alunos com maiores dificuldades."
* Professor é para ensinar
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