HOJE NA
"VISÃO"
"VISÃO"
Estado assume 72,5% da TAP.
Neeleman sai, Pedrosa fica
O acionista Estado vai tornar-se ainda mais maioritário no capital da
TAP e passar a controlar 72,5% da companhia aérea. A solução, que põe
fim a dias de impasse nas negociações com os privados, afasta o cenário
de nacionalização e deixa o consórcio Atlantic Gateway apenas nas mãos
do empresário Humberto Pedrosa.
“O acordo foi atingido, ainda não está concretizado – falta
assinar os documentos – mas podemos falar com uma confiança de quem
conseguiu um acordo importante para a TAP”, anunciou esta quinta-feira à
noite o ministro das Infraestruturas e da Habitação em conferência de
imprensa conjunta com o ministro das Finanças.
.
O negócio feito com a Atlantic Gateway, no valor de €55 milhões,
inclui a renúncia por parte da empresa ao exercício das opções de saída
que constavam do acordo parassocial, os 22,5% da TAP SGPS que estavam
nas mãos do empresário brasileiro e norte-americano David Neeleman, os
respetivos direitos económicos, além dos direitos económicos que
permitem complementar o diferencial entre os 50% de votos que o Estado
tinha e os 5% de direitos económicos, explicou o secretário de Estado do
Tesouro, Miguel Cruz.
“Evitamos outra solução que nunca foi uma opção do Governo e que
nunca pôde ficar de fora da mesa,” acrescentou Pedro Nuno Santos,
referindo-se à nacionalização. “É uma boa solução para a TAP.
Iniciaremos uma fase mais desafiante para a TAP”, acrescentou, numa
referência à reestruturação a que a companhia terá de se submeter, no
âmbito do apoio público de até €1.200 milhões.
O ministro justificou que o objetivo inicial subjacente a esta
injeção era que os parceiros privados participassem no esforço de
capitalização da empresa, convertendo prestações acessórias e obrigações
em capital para que, explicou, “não nos acompanhando no processo de
empréstimo, pudessem acompanhar no esforço.” Uma proposta que foi
recusada pelos administradores indicados pelos privados. Em
alternativa, a oferta passou a ser que o parceiro privado abdicasse do
direito de saída e do direito de conversão dos €90 milhões em obrigações
da TAP que a companhia aérea brasileira Azul, participada por Neeleman,
comprou em 2016 .
Esta foi uma das últimas barreiras que teve de cair para viabilizar o
acordo. Se e quando convertidas, essas obrigações com maturidade de dez
anos viriam a representar 6% do capital da TAP. A opção de conversão
poderia ser exercida a partir de julho daquele ano e a companhia
portuguesa poderia amortizar as obrigações no caso de existir um IPO
(entrada em bolsa, que não chegou a ocorrer) ou passados quatro anos da
emissão desde que a TAP “cumpra com determinados acordos financeiros,”
lê-se nos resultados financeiros da Azul. Aceitando deixar de exercer a
opção de conversão em capital, a transportadora de Neeleman deverá ficar
com as obrigações até ao final da sua maturidade, 2026.
Outro travão foi também removido hoje, quando o conselho de ministros
aprovou uma resolução “que reconhece o excecional interesse público
subjacente à operação de auxílio” à TAP, ao auxílio de Estado de €1.200
milhões. A operação estava suspensa por uma providência cautelar
apresentada pela Associação Comercial do Porto. Mas a invocação dos
prejuízos graves que o impedimento dessa injeção podia acarretar para o
interesse público – como já tinha sido admitido pela própria TAP em comunicado – deve agora retirar-lhe eficácia.
“Não assumirei inevitabilidades”
Depois do acordo fechado, o processo entrará na fase de concretização
formal “que faz a ponte para a possibilidade da disponibilização dos
auxílios de Estado à TAP,” explicou o secretário de Estado do Tesouro.
Um valor dos auxílios de Estado acertado com Bruxelas que vai chegar em
várias tranches e estará associado a um plano de liquidez trabalhado com
a TAP. Mas implica uma reestruturação cujos detalhes o Governo prefere,
para já, empurrar para a frente.
“Há uma negociação a ser feita com a Comissão Europeia, uma ideia do
que queremos da TAP. É um caminho longo que temos de percorrer, um
processo que será difícil e exigente,” reconheceu Pedro Nuno Santos,
escusando responder se e em que dimensão isso afetará a atual frota, o
número de trabalhadores e de rotas da empresa. “Não assumirei já
qualquer tipo de inevitabilidade, as opções são várias. Temos de começar
a desenhar rapidamente o plano de reestruturação da empresa para
percebermos como vamos executar,” disse.
O ministro anunciou ainda que vai contratar uma empresa especializada
para escolher a nova equipa executiva da TAP, que é hoje liderada pelo
executivo brasileiro Antonoaldo Neves – uma escolha feita em 2018 pelos
privados que tinham entrado três anos antes no capital da companhia,
numa privatização assinada na reta final do Governo PSD/CDS. Mais tarde,
já no Governo do PS apoiado à esquerda, David Neeleman e Humberto
Pedrosa, sócios da Atlantic Gateway, aceitaram reverter os termos da
privatização, colocando 50% da companhia nas mãos do Estado. No final do
ano passado surgiram as primeiras notícias do interesse de Neeleman em
sair da empresa. Em fevereiro, pouco antes do agravamento da pandemia na
Europa, o empresário esteve em negociações para a venda da sua
participação à Lufthansa e à United, negócio que não veio a acontecer.
Sai agora.
* Nós que temos bons e amigos brasileiros estamos contentes por estes brasileiros irem de "frosque" terminando a sucção de dinheiro iniciada com Fernando Pinto.
A TAP está convertida para Portugal no Covid2020 e três ou quatro anos farão parecer o sorvedouro do Novo Banco um jogo caseiro de monopólio.
Referimos positivamente neste blogue tomadas de posição do ministro Pedro Nuno Santos mas foi sol de pouca dura, com rapidez atingiu o inevitável "Princípio de Peter".
A TAP é a Pandora dos jogos políticos sempre muito interessante para benesses e alvíssaras porque ciclicamente a responsabilidade dos irresponsáveis passa para outras mãos.
Zé Povinho e trabalhadores da empresa estão 'fecundidos'.
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