11/02/2019

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HOJE NO 
"DIÁRIO DE NOTÍCIAS/ 
/DA MADEIRA"
Maria Flor Pedroso considera que 
falta de memória contribui 
para falsas informações

O jornalismo de hoje é feito sob “pressão do tempo”, com recurso a “trabalhadores precários” e em “redações em que se erradicou a memória, o que também evita muitas ‘fake news’”, considera a diretora de Informação da RTP.


“Terem deixado sair a memória das redações e terem fragilizado também a relação entre o trabalhador e a empresa, em que há trabalhadores precários, e a pressão do tempo... tudo isso leva a que não se faça aquilo que tem de se fazer em jornalismo. Se nós cumprirmos as regras da profissão, em princípio não somos alvo de ‘fake news’”, frisa Maria Flor Pedroso, em entrevista à Lusa.

Assinalando “a debilidade cada vez maior das redações” -- “problema que se tem vindo a agravar nos últimos anos” -, a diretora de Informação do serviço público de televisão nota também a “pouca formação técnica do que é uma notícia” e qual o processo adotado para a sua verificação.

“As nossas redações, hoje, são pouco robustas e (...), para fazer essa verificação de factos, precisamos de jornalistas com muitas credenciais e que estejam habituados também a trabalhar fontes, quer fontes documentais, quer fontes pessoais”, observa a jornalista.

Hoje, o tempo é o “maior mentor” do jornalismo -- e não pode ser, diz Flor Pedroso, embora reconhecendo que a rapidez é também um fator essencial. “Dar uma notícia primeiro mas bem, porque primeiro mas mal não vale a pena”, contrapõe.

Neste cenário, a RTP tem de “ser mais exigente” e “voltar ao princípio”.

Reconhecendo que “é preciso tempo para verificar fontes” e que o constante recurso ao direto nem sempre o permite, Flor Pedroso não tem dúvidas: “Se não temos a notícia completamente confirmada, não a podemos pôr no ar”.

A diretora de Informação considera que os conteúdos falsificados representam “um grau de ameaça maior”, que é o de poderem “afetar a credibilidade do jornalismo”.

Ora, “a credibilidade é uma das coisas mais importantes de um jornalista”, sublinha. “Um jornalismo em que não se acredita, que não é credível... não há maior ameaça para o jornalismo, porque as pessoas não ficam com os instrumentos para poderem decidir das suas vidas”, reflete.

“Uma notícia não verdadeira é uma notícia que põe em causa toda uma vida de um jornalista”, acrescenta, sublinhando que as pessoas precisam de acreditar naquilo que leem, veem ou ouvem.

A diretora do serviço público de televisão acredita que os jornalistas “têm tentado” proteger-se deste fenómeno. “Também não vamos ser injustos. Os jornalistas têm, obviamente, o pavor de dar uma ‘fake news’, uma ‘notícia’ que não é verdadeira (...). Não percebo que haja uma empresa de jornalismo que tenha prazer ou que queira dar uma notícia falsa por vontade”, assevera.

“A cautela é o nome do meio de um jornalista”, argumenta. “Penso que não há jornalistas que não sejam cautelosos, um jornalista não pode ser leviano ao ponto de dar uma notícia sem a sua confirmação”, acredita, ressalvando que “no melhor pano cai a nódoa e ninguém será imune à possibilidade de dar uma notícia que não é a verdadeira”.

Flor Pedroso insiste que a garantia do jornalismo está no rigor -- “dizer exatamente o que as coisas são e não como parece que são”. E distingue: “Uma coisa pode não ser exatamente mentira, mas não ser exatamente assim e isso é um trabalho que o jornalista tem de fazer constantemente, perceber exatamente o que é, não é dizer mais ou menos como é, dizer realmente como é”.

* A opinião duma grande senhora.

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