.
ESTA SEMANA NO
"folha 8"
Uau!
43 anos depois o MPLA
aceita exemplos coloniais
O ministro do Desenvolvimento de Angola, Manuel Nunes Júnior, considera que o modelo de distribuição e comercialização de produtos no tempo colonial tinha elementos positivos que devem ser usados como exemplo para os dias de hoje. Demorou 43 anos e, embora de forma tímida e ainda complexada, o MPLA chegou lá.
Num
debate com deputados para apresentar o Plano de Desenvolvimento
Nacional (PDN) 2018-2022, o ministro Manuel Nunes Júnior reconheceu a
necessidade de uma rede de distribuição capaz de assegurar as
necessidades do país.
.
“Para
todos nós que estudamos história económica de Angola, sabemos que nos
tempos mais áureos da economia angolana, em que a produção nacional era
realmente algo bastante forte – estamos a referir ao que o professor
Dilolua chamava o último ano normal do colonialismo português, em 1973 –
tínhamos níveis de produção já com algum significado e havia um sistema
de comércio também bastante bem estabelecido, lubrificado e que
funcionava”, disse Manuel Nunes Júnior repescando, aliás, o que há muito
tempo o Folha 8 tem dito.
Para o ministro, o país deve “buscar os aspectos positivos dessa experiência, do sistema que havia de comercialização”.
Depois,
“nos dias de hoje, com a tecnologia mais avançada que há, com os
conhecimentos mais avançados que temos, ver como é que podemos
estabelecer, para termos realmente um programa de estabilização feito
pelo mercado, pelos agentes económicos privados e consigam fazer esta
interligação entre os que produzem no campo e trazê-los aqui para os
grandes centros de consumo, temos de ser capazes de fazer isso”, frisou.
Manuel
Nunes Júnior referiu que especialistas do Ministério do Comércio estão a
analisar essa situação, tendo em conta um prazo estabelecido pelo
Executivo “para cumprirem com esta missão”.
“Para
nós é importante que haja uma ligação muito forte entre a produção e o
sistema de distribuição. Já foram montados vários cenários, modelos, que
não deram muito certo alguns deles, mas creio que se formos beber na
boa experiência e fazer as devidas adaptações ao tempo, porque de 1973
(o MPLA chegou ao Poder, e lé ficou, dois anos depois) para 2018 são
muitos anos, mas fazendo as devidas adaptações à tecnologia, ao avanço
do conhecimento, penso que podemos encontrar um bom modelo”, reiterou.
Mais vale tarde do que nunca
O
inquérito para apurar causas do desabamento, em 2008, do edifício da
investigação criminal, em Luanda, concluiu que que a responsabilidade
foi da administração colonial portuguesa, por ter permitido a construção
sobre um lençol de água.
Os
portugueses temeram que a sua administração colonial (mesmo que em
abstracto) fosse parar ao Tribunal Penal Internacional. Desde logo por
ser responsável pelos dirigentes do MPLA que nasceram no tempo colonial.
Talvez
até o massacre do 27 de Maio de 1977, tenha sido responsabilidade da
administração colonial que não cuidou de evitar a existência de
fraccionistas…
A
informação foi sobre o desabamento foi prestada no dia 24 de Novembro de
2015 pelo então secretário de Estado dos Serviços de Protecção Civil e
Bombeiros do Ministério do Interior de Angola, que respondia no
Parlamento, no âmbito das discussões na especialidade do Orçamento Geral
do Estado (OGE) para 2016.
Em
2008, o edifício da antiga Direcção Nacional de Investigação Criminal
(DNIC) desabou tendo causado 24 mortos entre as 180 pessoas que se
encontravam no edifício.
À
questão, colocada pela deputada da UNITA, Mihaela Weba, sobre os
resultados do inquérito, Eugénio Laborinho disse que o mesmo “está em
curso”.
“Já
são muitos anos que se passaram. O prédio da DNIC estava numa área de
erosão hídrica, porque ali várias fontes de água passavam, por aí e
porque também é uma área complicada em termos de vulnerabilidade de
risco, uma vez que já houve algumas réplicas naquela direcção”, explicou
o governante do MPLA, hoje governador de Cabinda.
“Agora
vamos julgar quem? O Ministério da Construção, o ministro do Interior
na altura? O director da DNIC, na altura? Quem?”, devolveu as perguntas à
deputada.
“Aquilo
aconteceu, aquilo o construtor é o colono, que nós temos que ir buscar
lá. É verdade, foi o que aconteceu. É o colono que construiu mal,
construiu por cima de um lençol de água. Isto é perigoso e nós temos
estado a alertar do ponto de vista preventivo que isso não é assim”,
sublinhou brilhantemente o político escolhido por João Lourenço para gerir Cabinda.
“Contributo” do Folha 8
No
sentido de ajudar os dirigentes do MPLA, todos eles sábios donos da
verdade e mestres nestes chorrilhos de asneiras, o Folha 8 deixa aqui,
mais uma vez e de forma filantrópica, o seu modesto contributo.
Assim,
como introdução, tudo o que de mal se passou em Angola, sobretudo nos
últimos 43 anos, tem raízes nas centenas de anos anteriores.
Todos
sabemos que a administração colonial portuguesa (não confundir com a do
regime) foi responsável pelos mais de 40.000 angolanos torturados e
assassinados em todo o país depois dos acontecimentos de 27 de Maio de
1977, acusados de serem apoiantes de Nito Alves ou opositores ao regime.
Tal
como foi responsável pelo massacre de Luanda que visou o aniquilamento e
de cidadãos Ovimbundus e Bakongos, onde morreram 50 mil angolanos,
entre os quais o vice-presidente da UNITA, Jeremias Kalandula Chitunda, o
secretário-geral, Adolosi Paulo Mango Alicerces, o representante na
CCPM, Elias Salupeto Pena, e o chefe dos Serviços Administrativos em
Luanda, Eliseu Sapitango Chimbili.
Foi
igualmente responsável pelo massacre do Pica-Pau em que, no dia 4 de
Junho de 1975, perto de 300 crianças e jovens, na maioria órfãos, foram
assassinados e os seus corpos mutilados no Comité de Paz da UNITA em
Luanda, ou do massacre da Ponte do rio Kwanza, em que no dia 12 de Julho
de 1975, 700 militantes da UNITA foram barbaramente assassinados, perto
do Dondo.
A
administração colonial portuguesa (não confundir com a do regime) foi
também responsável pelo facto de entre 1978 e 1986, centenas de
angolanos serem fuzilados publicamente, nas praças e estádios das
cidades de Angola, uma prática iniciada no dia 3 de Dezembro de 1978 na
Praça da Revolução no Lobito, com o fuzilamento de 5 patriotas e que
teve o seu auge a 25 de Agosto de 1980, com o fuzilamento de 15
angolanos no Campo da Revolução em Luanda.
Ou
por, em Junho de 1994, a aviação (provavelmente da… UNITA) ter
bombardeado e destruído a Escola de Waku Kungo, tendo morto mais de 150
crianças e professores, e de entre Janeiro de 1993 e Novembro de 1994,
ter bombardeado indiscriminadamente a cidade do Huambo, a Missão
Evangélica do Kaluquembe e a Missão Católica do Kuvango, tendo morto
mais de 3.000 civis.
A administração colonial portuguesa (não confundir com a do regime), é igualmente responsável por:
–
Todos os dias, a todas as horas, a todos os minutos haver angolanos que
morrem de barriga vazia, sendo que 70% da população passa fome;
–
45% das crianças angolanas sofrem de má nutrição crónica, e que uma em
cada quatro (25%) morrer antes de atingir os cinco anos;
–
No “ranking” que analisa a corrupção em 180 países, Angola ainda não ter
atingido o pódio dos mais… corruptos (embora anda perto);
– A
dependência sócio-económica a favores, privilégios e bens, ou seja, o
cabritismo, se o método utilizado pelo MPLA para amordaçar os angolanos e
que o silêncio de muitos, ou omissão, deve-se à coacção e às ameaças do
partido que está no poder desde 1975.
– A
corrupção política e económica ser hoje, como ontem, utilizada contra
todos os que querem ser livres, que 76% da população vive em 27% do
território, que mais de 80% do Produto Interno Bruto é produzido por
estrangeiros; mais de 90% da riqueza nacional privada foi subtraída do
erário público e está concentrada em menos de 0,5% de uma população;
– O
acesso à boa educação, aos condomínios, ao capital accionista dos
bancos e das seguradoras, aos grandes negócios, às licitações dos blocos
petrolíferos, estar limitado a um grupo muito restrito de famílias
ligadas ao regime no poder.
No tempo colonial
Por
mera curiosidade registe-se que, enquanto província ultramarina de
Portugal, até 1973, Angola era auto-suficiente, face à diversificação da
economia.
Era
o segundo produtor mundial de café Arábico; primeiro produtor mundial
de bananas, através da província de Benguela, nos municípios da Ganda,
Cubal, Cavaco e Tchongoroy. Só nesta região produzia-se tanta banana que
alimentou, designadamente a Bélgica, Espanha e a Metrópole (Portugal)
para além das colónias da época Cabo-Verde, Moçambique, Guiné-Bissau e
Sã Tomé e Príncipe.
Era
igualmente o primeiro produtor africano de arroz através das regiões do
(Luso) Moxico, Cacolo Manaquimbundo na Lunda Sul, Kanzar no Nordeste
Lunda Norte e Bié.
Ainda
no Leste, nas localidades de Luaco, Malude e Kossa, a “Diamang”
(Companhia de Diamantes de Angola) tinha mais 80 mil cabeças de gado,
desde bovino, suíno, lanígero e caprino, com uma abundante produção de
ovos, leite, queijo e manteiga.
Na
região da Baixa de Kassangue, havia a maior zona de produção de
algodão, com a fábrica da Cotonang, que transformava o algodão, para
além de produzir, óleo de soja, sabão e bagaço.
Na
região de Moçâmedes, nas localidades do Tombwa, Lucira e Bentiaba,
havia grandes extensões de salga de peixe onde se produzia, também
enormes quantidades de “farinha de peixe”, exportada para a China e o
Japão.
* Convém não confundir, no tempo colonial os interesses económicos eram geridos por algumas famílias capitalistas da então Metrópole, por serem capitalistas e por querer ganhar dinheiro explorando os angolanos até à medula era necessário organização e método.
Não é a organização da exploração humana que desejamos para Angola. Quem copiou bem esta exploração foi o MPLA.
.
Sem comentários:
Enviar um comentário