HOJE NO
"DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
Marcelo:
veto de Cavaco a Saramago em 1992
foi "falta de senso e de gosto"
Governo de Cavaco vetou a candidatura da obra de José Saramago O Evangelho sobre Jesus Cristo ao Prémio Literário Europeu.
O Presidente da República classificou nesta segunda-feira de "falta
de senso e falta de gosto" o veto governamental, em 1992, da candidatura
da obra de José Saramago O Evangelho sobre Jesus Cristo ao Prémio Literário Europeu, recordando que selou as pazes com o escritor com um abraço numa praça de Madrid.
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Marcelo
Rebelo de Sousa falava em Coimbra, na abertura do congresso que celebra
os 20 anos da atribuição do Prémio Nobel de Literatura a José Saramago
(anunciado em 8 de outubro de 1998), e lembrou que se cruzou várias
vezes com o escritor e com a sua companheira, Pilar del Río.
"Cruzámo-nos
naquele dia de outubro de 1998, sendo eu líder de um partido [o PSD]
cujo governo tinha sido motivo invocado para que José Saramago zarpasse
de terras de Portugal para ilhas espanholas", disse o
Presidente da República, aludindo ao veto feito pelo subsecretário de
Estado da Cultura de então, do governo de Cavaco Silva, António Sousa
Lara, à obra de Saramago.
Marcelo revelou que as pazes do PSD, que então liderava, foram
seladas com o escritor, nesse dia, seis anos depois do episódio que
levou José Saramago a "exilar-se" em Espanha: "Nesse dia (...)
atravessei uma praça madrilena para ir dar um abraço a José Saramago,
pondo assim fim àquilo que era uma falta de senso e falta de gosto ao
mesmo tempo, em termos de vivência na sociedade portuguesa."
No
final de setembro, o Presidente sugeriu que tinha faltado sentido de
Estado a Cavaco Silva, quando o ex-Presidente da República criticou a
não recondução da procuradora-geral da República, Joana Marques Vidal,
cujo mandato terminará por isso no final desta semana.
"Entendo
que, desde que tenho estas funções, não devo comentar nem ex-presidentes
nem, amanhã quando deixar de o ser, futuros Presidentes. Por uma
questão de cortesia e de sentido de Estado", comentou Marcelo em 27 de
setembro. Agora criticou uma decisão de Cavaco Silva, mas quando este
era primeiro-ministro.
O Chefe do Estado revelou depois que se
cruzou noutras ocasiões com Saramago. "Também nos descruzámos várias
vezes, a vida é feita de cruzamentos e descruzamentos", argumentou
Marcelo.
* As palavras do sr Presidente para o sr. Aníbal não passam de cortesia. Aconteceu uma verdadeira segregação cultural a reboque da sotaina da "santa madre igreja".
O sr. Aníbal já era piroso.
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