As Pessoas...
Tudo Pelas Pessoas...
Parafraseando Orwell: “Todas as pessoas são iguais mas há umas que são mais iguais do que outras”
1.
Disco: “How To Solve Our Human Problems” dos Belle & Sebastian. Ao
contrário do que o título sugere, não vem resolver nenhum dos nossos
problemas mas que sabe muito bem ouvi-lo lá isso sabe.
2. Livro: Fiz anos há dias e mão amiga ofertou-me “A Morte de um Apicultor” de Lars Gustafsson. Ainda não acabei de o ler mas restam-me poucas dúvidas de que vai directo para o meu panteão de livros favoritos. É um livro que nos toca lá fundo. Nas profundidades da alma. Um deslumbramento.
3. Filme: “The Room” de Tommy Wiseau. Fui vê-lo porque tinha visto “Um Desastre de Artista”, de James Franco, que procura retractar o primeiro que é considerado o pior filme alguma vez produzido em Hollywood. E têm toda a razão. O filme é tão mau, mas tão mau, que merece ser visto.
4. Gosto da solução sem carros para a Fernão Ornelas. Só não percebo porque é que se fica pela metade indo só até à intersecção com a Rua do Ribeirinho. Tenham os comerciantes da rua a inteligência de criar mecânicas e podemos ter ali um brilhante polo comercial a céu aberto cheio de vida. Beneficia a cidade, beneficia o comércio.
5. Ultimamente as “pessoas” assumiram um papel central em certos discursos políticos. Ele é “as pessoas” para aqui, “as pessoas” para ali. Na política, e para alguns, deixou de fazer sentido falar do “povo”, essa entidade de que todos fazemos parte e que mereceu, nas palavras do cronista, o papel principal de um dos livros fundadores da nossa literatura.
Agora somos “as pessoas”. E tudo se faz e vai fazer para “as pessoas”. Mas ficam-me algumas porcas atrás da orelha. Apesar destas coisas serem ditas “em pessoa” e tendo como destinatário “as pessoas”, porque é que estes protagonistas só agora se lembraram delas? E, depois, as palavras destinam-se a “pessoas colectivas” ou a “pessoas individuais”? Tenho para mim, que tenho a presunção de ser “pessoa de qualidade”, que pelo conteúdo se deve dirigir a todas as “pessoas físicas”. Que não fiquem de fora as “pessoas jurídicas” e muito menos as “pessoas fiscais”. Nem as “pessoas morais”, as “pessoas naturais” ou as “pessoas singulares”. E, acima de tudo, que isto se não faça por “interposta pessoa” mas sempre na “primeira pessoa” porque as “segundas e terceiras pessoas” é que devem ser os destinatários. E já agora Madeirenses e Porto-santenses.
6. Parafraseando Orwell: “Todas as pessoas são iguais mas há umas que são mais iguais do que outras”.
7. Um país que abastarda a sua língua e renega a sua cultura, não merece ser país! Ou será que, sem cultura e sem língua, somos alguma coisa? O que é que nos distingue dos outros?
8. Acompanhei o debate, na Antena 1, dos candidatos à direcção do Bloco de Esquerda da Madeira, Roberto Almada e Paulino Ascenção. Não é que me diga muito mas, pelo menos, ali debate-se. E há quem os chame de estalinistas.
9. Ouvi uma conferência de imprensa do PS dada pelo “picareta falante” lá do sítio e ficou-me uma dúvida: é impressão minha ou este último diferendo do Governo Regional com o da República começou por causa de umas declarações infelizes da dupla de patuscos Costa/César? É que agora, os “jacobinos” do PS vêm dizer que a culpa é do GR... As coisas são o que são e têm sempre um início. E virar o bico ao prego, mesmo que presunçosamente, é muito feio na política.
10. O meio-líder do PS Madeira alega a paternidade, para o seu concelho, da invenção do “arroz de lapas”. Ficar-lhe-ia muito melhor reclamar que inventou a “caldeirada” para o seu partido. Vivemos tempos em que cada um pode e deve reivindicar aquilo que quiser e entender. Uma qualquer e rápida googlada revela facilmente que há arrozes de lapas por todo o mundo, com especial destaque para a bacia mediterrânica. Os açorianos fazem-no, nós fazemo-lo e por todo o arquipélago. Este jardinismo culinário do líder do PS é não só bacoco como ridículo. Daqui a dias ainda temos o António Costa a vir dizer que foi ele que inventou o Emanuel Câmara.
11. A entrevista de Cunha e Silva nestas páginas, não trazendo em si nada de novo, teve o mérito de deixar claro que o PSD é um partido onde, muito para além das questões políticas, é muito mais importante gerir e manter os grupinhos e capelinhas que permitem eleger para carguinhos partidários este e aquele.
12. O meu liberalismo assenta em vários pilares. Um deles são os “founding fathers” dos EUA que deram ao mundo uma das mais brilhantes constituições políticas de todos os tempos. Deixo-vos aqui uma das frases mais marcantes desse brilhante texto (na sua primeira versão escrita por Thomas Jefferson): “Estas verdades são sagradas e inegáveis: todo homem é criado igual e independente, que todo homem é dotado pelo Criador de certos direitos inerentes e inalienáveis, que entre estes direitos se encontra o direito à vida, à liberdade e à busca da felicidade.”
13. O Baltazar Dias deve ser o 2º sítio onde passei mais tempo na minha vida, depois do meu local de trabalho. Conheço-lhe os cantos todos. Os cheiros. Muitas histórias. Muitos amigos. Muitos sentires. Faz agora 130 anos e com uma programação rica e diversificada como o espaço merece. Muito bem.
14. O Joaquim José Sousa, e a equipa que encabeça, têm feito um inegável trabalho de grande qualidade na escola do Curral das Freiras. Por via disso, os resultados catapultaram-na para um estatuto demonstrativo do seu sucesso a nível nacional tendo sido inúmeros os convites que o Joaquim recebeu para partilhar a sua experiência de modo a que outros dela se possam aproveitar, adaptando-a. E é assim que deve ser.
Mas há sempre quem ache que ter sucesso em terra de quem mediocremente gere, é razão para desconfiar, é razão para que se o impeça. É sempre perigoso mostrar trabalho bem feito no seio de quem o faz mal, geralmente, por incompetência.
Isto quer-se tudo nivelado por baixo. Sem ondas. Sem sucesso. Tudo alinhado pela bitola da mediocridade.
Não sendo eu um adepto da classificação das escolas como um aferidor de sucesso, podem concluir-se dali algumas coisas que me chocam. E uma delas é a posição em que as nossas, geralmente, ficam. E isso sim, para mim, é que devia ser o motivo de todas as preocupações.
Que o Joaquim e a sua equipa cometeram erros? Tenho a certeza que sim. Muitas vezes o erro acompanha o arrojo, o experimentar, o tentar melhorar e resolver o que está mal.
Fala-se em nota de culpa e processo disciplinar quando se devia estar a falar de como melhorar, de como adaptar o experienciado a outras escolas e realidades da Madeira.
Enfim, a porcariazinha do costume.
2. Livro: Fiz anos há dias e mão amiga ofertou-me “A Morte de um Apicultor” de Lars Gustafsson. Ainda não acabei de o ler mas restam-me poucas dúvidas de que vai directo para o meu panteão de livros favoritos. É um livro que nos toca lá fundo. Nas profundidades da alma. Um deslumbramento.
3. Filme: “The Room” de Tommy Wiseau. Fui vê-lo porque tinha visto “Um Desastre de Artista”, de James Franco, que procura retractar o primeiro que é considerado o pior filme alguma vez produzido em Hollywood. E têm toda a razão. O filme é tão mau, mas tão mau, que merece ser visto.
4. Gosto da solução sem carros para a Fernão Ornelas. Só não percebo porque é que se fica pela metade indo só até à intersecção com a Rua do Ribeirinho. Tenham os comerciantes da rua a inteligência de criar mecânicas e podemos ter ali um brilhante polo comercial a céu aberto cheio de vida. Beneficia a cidade, beneficia o comércio.
5. Ultimamente as “pessoas” assumiram um papel central em certos discursos políticos. Ele é “as pessoas” para aqui, “as pessoas” para ali. Na política, e para alguns, deixou de fazer sentido falar do “povo”, essa entidade de que todos fazemos parte e que mereceu, nas palavras do cronista, o papel principal de um dos livros fundadores da nossa literatura.
Agora somos “as pessoas”. E tudo se faz e vai fazer para “as pessoas”. Mas ficam-me algumas porcas atrás da orelha. Apesar destas coisas serem ditas “em pessoa” e tendo como destinatário “as pessoas”, porque é que estes protagonistas só agora se lembraram delas? E, depois, as palavras destinam-se a “pessoas colectivas” ou a “pessoas individuais”? Tenho para mim, que tenho a presunção de ser “pessoa de qualidade”, que pelo conteúdo se deve dirigir a todas as “pessoas físicas”. Que não fiquem de fora as “pessoas jurídicas” e muito menos as “pessoas fiscais”. Nem as “pessoas morais”, as “pessoas naturais” ou as “pessoas singulares”. E, acima de tudo, que isto se não faça por “interposta pessoa” mas sempre na “primeira pessoa” porque as “segundas e terceiras pessoas” é que devem ser os destinatários. E já agora Madeirenses e Porto-santenses.
6. Parafraseando Orwell: “Todas as pessoas são iguais mas há umas que são mais iguais do que outras”.
7. Um país que abastarda a sua língua e renega a sua cultura, não merece ser país! Ou será que, sem cultura e sem língua, somos alguma coisa? O que é que nos distingue dos outros?
8. Acompanhei o debate, na Antena 1, dos candidatos à direcção do Bloco de Esquerda da Madeira, Roberto Almada e Paulino Ascenção. Não é que me diga muito mas, pelo menos, ali debate-se. E há quem os chame de estalinistas.
9. Ouvi uma conferência de imprensa do PS dada pelo “picareta falante” lá do sítio e ficou-me uma dúvida: é impressão minha ou este último diferendo do Governo Regional com o da República começou por causa de umas declarações infelizes da dupla de patuscos Costa/César? É que agora, os “jacobinos” do PS vêm dizer que a culpa é do GR... As coisas são o que são e têm sempre um início. E virar o bico ao prego, mesmo que presunçosamente, é muito feio na política.
10. O meio-líder do PS Madeira alega a paternidade, para o seu concelho, da invenção do “arroz de lapas”. Ficar-lhe-ia muito melhor reclamar que inventou a “caldeirada” para o seu partido. Vivemos tempos em que cada um pode e deve reivindicar aquilo que quiser e entender. Uma qualquer e rápida googlada revela facilmente que há arrozes de lapas por todo o mundo, com especial destaque para a bacia mediterrânica. Os açorianos fazem-no, nós fazemo-lo e por todo o arquipélago. Este jardinismo culinário do líder do PS é não só bacoco como ridículo. Daqui a dias ainda temos o António Costa a vir dizer que foi ele que inventou o Emanuel Câmara.
11. A entrevista de Cunha e Silva nestas páginas, não trazendo em si nada de novo, teve o mérito de deixar claro que o PSD é um partido onde, muito para além das questões políticas, é muito mais importante gerir e manter os grupinhos e capelinhas que permitem eleger para carguinhos partidários este e aquele.
12. O meu liberalismo assenta em vários pilares. Um deles são os “founding fathers” dos EUA que deram ao mundo uma das mais brilhantes constituições políticas de todos os tempos. Deixo-vos aqui uma das frases mais marcantes desse brilhante texto (na sua primeira versão escrita por Thomas Jefferson): “Estas verdades são sagradas e inegáveis: todo homem é criado igual e independente, que todo homem é dotado pelo Criador de certos direitos inerentes e inalienáveis, que entre estes direitos se encontra o direito à vida, à liberdade e à busca da felicidade.”
13. O Baltazar Dias deve ser o 2º sítio onde passei mais tempo na minha vida, depois do meu local de trabalho. Conheço-lhe os cantos todos. Os cheiros. Muitas histórias. Muitos amigos. Muitos sentires. Faz agora 130 anos e com uma programação rica e diversificada como o espaço merece. Muito bem.
14. O Joaquim José Sousa, e a equipa que encabeça, têm feito um inegável trabalho de grande qualidade na escola do Curral das Freiras. Por via disso, os resultados catapultaram-na para um estatuto demonstrativo do seu sucesso a nível nacional tendo sido inúmeros os convites que o Joaquim recebeu para partilhar a sua experiência de modo a que outros dela se possam aproveitar, adaptando-a. E é assim que deve ser.
Mas há sempre quem ache que ter sucesso em terra de quem mediocremente gere, é razão para desconfiar, é razão para que se o impeça. É sempre perigoso mostrar trabalho bem feito no seio de quem o faz mal, geralmente, por incompetência.
Isto quer-se tudo nivelado por baixo. Sem ondas. Sem sucesso. Tudo alinhado pela bitola da mediocridade.
Não sendo eu um adepto da classificação das escolas como um aferidor de sucesso, podem concluir-se dali algumas coisas que me chocam. E uma delas é a posição em que as nossas, geralmente, ficam. E isso sim, para mim, é que devia ser o motivo de todas as preocupações.
Que o Joaquim e a sua equipa cometeram erros? Tenho a certeza que sim. Muitas vezes o erro acompanha o arrojo, o experimentar, o tentar melhorar e resolver o que está mal.
Fala-se em nota de culpa e processo disciplinar quando se devia estar a falar de como melhorar, de como adaptar o experienciado a outras escolas e realidades da Madeira.
Enfim, a porcariazinha do costume.
IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS DA MADEIRA"
27/02/18
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