HOJE NO
"JORNAL DE NOTÍCIAS"
"JORNAL DE NOTÍCIAS"
Dono do Yeatman
quer fechar livraria histórica do Porto
O mais
antigo alfarrabista da cidade do Porto tem selo histórico, mas dona dos
hotéis Yeatman e Infante Sagres não desiste de ocupar o espaço.
A
Moreira da Costa, o mais antigo alfarrabista da cidade do Porto, já é
loja histórica, mas ainda corre o risco de fechar. O selo do programa
municipal "Porto Tradição" não demoveu os novos proprietários do Hotel
Infante de Sagres, senhorios da livraria, de incluir aquele espaço nas
obras de remodelação do edifício. O objetivo será colocar ali uma loja
com artigos ligados à marca e à cidade.
O
alfarrabista, fundado em 1902 na Rua de Aviz, pretende manter ali os
seus 50 mil títulos. A Sagrotel quer ocupar o espaço e alega que
denunciou o contrato de arrendamento antes da Moreira da Costa ser
considerada loja histórica. "A denúncia do contrato é anterior ao
requerimento e consequente processo de reconhecimento. Prevalece, por
isso, o mecanismo legal acionado pelo senhorio, a menos que se verifique
consenso entre as partes", confirmou a Câmara do Porto.
"Tenho
muito orgulho em estar a defender a sexta geração da Moreira da Costa.
Continuaremos a lutar para manter o património da cidade", contrapõe
Susana Fernandes, companheira do atual dono da livraria. A Moreira da
Costa passou de geração em geração, até chegar às mãos de Miguel
Carneiro. Ontem, foi Susana Fernandes quem falou ao JN. "Houve realmente
uma denúncia de contrato por parte da Sagrotel, no dia 23 de junho do
ano passado. Mas deixou de ter efeito a partir do momento em que fomos
oficialmente considerados loja histórica, no dia 21 de dezembro de 2017,
pela lei 42/2017, que nos protege". Um entendimento contrariado pela
resposta da Câmara ao JN.
Susana
garante que o contrato "anterior a 1948" está em vigor e que continuam
"a pagar a renda, todos os meses, por carta registada e com aviso de
receção". Apesar de não ter havido mais nenhum contacto oficial com o
senhorio, "a partir do momento em que a livraria entrou no programa de
proteção das lojas históricas ", o JN sabe que os proprietários
continuaram a ser pressionados para sair. Susana não comenta.
"Projeto obriga a desocupação"
A
Sagrotel, que também é proprietária do "The Yeatman", em Gaia, reclama o
espaço fundamentando que a execução "do projeto aprovado pela Câmara do
Porto, relativo a obras de remodelação e restauro da unidade hoteleira,
obriga à desocupação total da livraria".
Ao
JN, a empresa não respondeu se vai avançar com uma ação de despejo.
Contudo, indicou que procedeu à denúncia do contrato "após várias
tentativas de negociação" e "antes de a livraria ter sido considerada
loja histórica". Acrescenta que "tem tido, ao longo de todo o processo,
uma profunda preocupação e respeito pelo património e por todas as
entidades envolvidas". "Temos sido totalmente abertos e cooperantes com
todos os inquilinos, procurando sempre alcançar a melhor solução para
todos", conclui.
* O dinheiro manda, em tudo.
.
Sem comentários:
Enviar um comentário