HOJE NO
"OBSERVADOR"
Três pontos essenciais do acordo para
o BREXIT.
Residência, uma fronteira aberta
e fatura pesada
O acordo firmado entre a Comissão Europeia e o Reino Unido garante o direito de residência para quem já o tem, não fecha a fronteira entre Irlanda e Irlanda do Norte, mas implica fatura por pagar.
Cerca de um ano e meio depois de os britânicos terem decidido, em
referendo, que queriam sair da União Europeia (UE), e após um processo
marcado por avanços e recuos por parte de Londres e Bruxelas, as duas
partes chegaram a um acordo inicial para começar as negociações do
Brexit.
.
A Comissão Europeia diz que este é um “acordo equilibrado”
e a primeira-ministra britânica, Theresa May, assinalou que é “justo
para o contribuinte britânico” e que garante a “integridade
constitucional e económica do Reino Unido”. Mas o que diz ao certo este
acordo?
Ao todo, são 15 páginas,
divididas por três pontos pontos: direitos dos cidadãos; Irlanda e
Irlanda do Norte; acordo financeiro. Conheça o que cada uma delas
garante — e aquilo que ainda está em aberto.
Igualdade de tratamento para cidadãos da UE no Reino Unido e britânicos na Europa a 27
Um dos principais pontos deste acordo tem a ver com as pessoas que
“exercerem o seu direito de livre circulação” até à data de saída do
Reino Unido da comunidade europei, prevista para 29 de março de 2019.
Segundo
o documento, os cidadãos da UE a 27 (ou seja, todos os países menos o
Reino Unido) que tenham visto de residência permanente em solo britânico
não deverão perder esse direito.
De igual forma, os britânicos
que têm residência permanente num dos restantes 27 países da UE vão
continuar a poder viver nesses países. Porém, o acordo não esclarece se
essa permissão abrange todos os países comunitários em simultâneo — ou
seja, a título de exemplo, não é claro se um britânico que tenha
residência em Portugal possa ter, de forma automática, autorização para
viver em Espanha, França, ou qualquer outro país da UE a 27.
Além
do visto de residência, o acordo estipula também que os cidadãos
deslocados de cada lado continuem a ter acesso aos serviços da segurança
social, dos sistemas de saúde, direitos ao emprego e também acesso à
educação.
Está também previsto que os filhos e os cônjuges de
qualquer cidadão comunitário que tenha residência no Reino Unido ou
qualquer britânico que viva na UE a 27 possam obter um visto de
residência permanente depois do Brexit entrar em vigor.
Uma fronteira aberta entre as duas Irlandas
Depois de alguma especulação, as duas partes chegaram a acordo para
garantir que não haverá uma fronteira física entre a Irlanda (membro da
UE) e a Irlanda do Norte (parte do Reino Unido e, por isso, abrangida
pelo Brexit).
A Comissão Europeia e o Reino Unido concordaram em
não pôr em causa o Acordo de Belfast de 1998 e em continuar a cooperação
sul-norte que este consagrou. Dessa forma, o documento divulgado esta
sexta-feira prevê a continuação de um regime de livre circulação de bens
entre a Irlanda e a Irlanda do Norte, mesmo que o Reino Unido venha a
sair do mercado único europeu.
Além disso, as pessoas que nascerem
na Irlanda do Norte vão poder continuar a escolher se querem ter
nacionalidade britânica ou irlandesa. Além disso, os norte-irlandeses
que vivam na Irlanda vão continuar a ter direito de residência, e
vice-versa.
Reino Unido contribui para orçamento europeu até ao fim e paga mais para sair
Depois, há o dinheiro. Segundo o acordado entre as equipas de
negociação dos dois lados, o Reino Unido vai continuar contribuir para o
orçamento anual da UE — e a beneficiar dele, através da aplicação de
programas europeus — até ao final de 2020.
Assim sendo, mesmo que o
Brexit seja consumado, o Reino Unido vai contribuir para os cofres da
UE para lá da data prevista para a saída oficial (29 de março de 2019) e
até ao último dia da fase de transição (31 de dezembro de 2020).
Além
disso, o Reino Unido terá de pagar à UE um valor acordado entre as duas
partes que, segundo o The Guardian, pode ser fixado entre os 40 e os 45
mil milhões de euros. O valor, tal como a modalidade de pagamento, será
acordada apenas na segunda fase das negociações, que só poderá avançar
caso os 27 países da UE aprovem o acordo desta sexta-feira.
* Mas vai haver fronteira entre a república da Irlanda e o Reino Unido?
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