HOJE NO
"DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
Ministério teria de pagar 150 milhões
para rasgar contratos
Jurista Paulo Otero explica que, salvo incumprimento grave, Estado teria de pagar prejuízos e lucros perdidos
Tomar
a decisão política de rasgar os contratos com os principais
fornecedores privados e devolver a responsabilidade pelas refeições às
escolas - como foi ontem defendido sem sucesso por Bloco de Esquerda e
PCP no Parlamento - obrigaria o Ministério da Educação a assumir custos
proibitivos, sempre superiores aos 147,9 milhões de euros que totalizam
os acordos celebrado em Agosto para a concessão de 776 cantinas, do 2.º
ciclo ao secundário, em todo o território do continente.
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SENTADO À ESPERA
DA CRISE PASSAR |
Rescindir
os acordos para estes quatro lotes, explicou ao DN Paulo Otero,
professor da Universidade de Lisboa e especialista em Direito
Administrativo, implicaria não só o pagamento na íntegra dos valores
contratados - os tais 147,9 milhões - como a compensação pelas despesas
em que as empresas incorreram, nomeadamente em termos de infraestruturas
e recursos humanos, para se prepararem para fornecer aqueles serviços.
"Em termos gerais, o Estado, a entidade
pública, pode sempre fazer cessar o contrato: ou por causa de
incumprimentos imputáveis ao contraente privado ou por razões novas de
interesse público", explicou. "Imagine-se que existia uma política no
sentido de pôr fim às concessões e que considerava que era do interesse
publico ser a própria entidade pública a servir as refeições", ilustrou.
Mas nesta última possibilidade, a compensação seria sempre inevitável.
"Se
não há incumprimento, e a entidade pública decide rescindir o contrato,
ela deve indemnizar não só os prejuízos que decorrerem dessa decisão
como todos os lucros cessantes, todo o lucro esperado", acrescentou,
lembrando que "há investimentos muito intensos que são feitos nos
primeiros meses da concessão: aspetos logísticos, cozinhas,
trabalhadores contratados, maquinaria para fabricar os alimentos".
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LAGARTA NA PISCINA |
Ministério descarta rescisões
A
alternativa seria rescindir, invocando o incumprimento mas, também a
esse nível, o jurista encara como muito pouco provável um cenário em que
o Estado consiga justificar essa medida: "Primeiro, há que provar que
há incumprimento e, segundo, provar que esse incumprimento leva à
resolução, porque pode levar simplesmente à aplicação de multas".
O
caderno de encargos dos contratos celebrados pelo Ministério contempla
diversas sanções, para incumprimentos que vão desde a falta de pessoal a
questões de qualidade e quantidade dos alimentos, e a possibilidade de
rescisão dos contratos também é contemplada.
No
entanto, segundo o jurista, salvo uma situação calamitosa, como "um
caso que provoca uma morte", dificilmente falhas pontuais, perante um
volume elevado de refeições servidas, poderiam justificar essa medida.
Pegando
no exemplo das amplamente divulgadas imagens de um frango cru servido a
uma criança - o que constitui um risco em termos de saúde -, Paulo
Otero explicou que, primeiro, teria de se provar que aquelas imagens
correspondem efetivamente a uma "refeição fornecida pela entidade do
contrato". E mesmo nessas condições considerou que a consequência não
deveria ir além da multa, sob pena de ser "uma decisão violadora do
princípio da proporcionalidade".
Tendo
todos estes fatores presentes, a posição do Ministério tem sido para já
de cautela. "O importante neste momento é garantir que as empresas
cumprem com aquilo com que se comprometeram sobre os padrões de
qualidade e de quantidade inscritos no caderno de encargos", disse ao DN
o gabinete do Ministro Tiago Brandão Rodrigues. "Por tal razão a
fiscalização é reforçada nos termos do plano já anunciado e em breve
publicado em Diário da República, que implica reforço das equipas de
controlo a nível regional e reforço da articulação com encarregados de
educação e diretores".
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FRANGO CRÚ |
A
Federação Regional de Lisboa das Associações de Pais (Ferlap), que
trouxe a público os primeiros vídeos polémicos, aponta para o
progressivo regresso às escolas da responsabilidade pelas refeições mas
admite que as concessões se mantenham até ao fim, desde que acompanhadas
por uma supervisão que considera não estar a acontecer.
O
DN tentou ontem, sem sucesso, falar com os responsáveis da Uniself. No
Fórum TSF, Helena D"Ávila, diretora de qualidade da empresa, defendeu
que "não há diminuição da qualidade das refeições escolares" e que por
vezes as refeições não agradam às crianças "porque não são aquilo a que
eles estão habituados a comer e aquilo que querem comer mas sim aquilo
que devem comer pela sua saúde".
* O teor da notícia revela que quem elaborou da parte do Estado e também quem assinou da parte do Estado, os contratos de fornecimento de refeições a escolas públicas não acautelou os interesses das crianças nem do Estado. Ficam impunes?
Acabemos com a falácia das empresas, existem fotografias que revelam a qualidade e quantidade insuficientes das refeições chegando até a acontecer que em algumas o único valor nutritivo existente são as lagartas que navegam na sopa.
Já pedimos ao sr. ministro para se ir embora mas ele insiste em ser uma "avécula" no modo como toma conta da educação deste país.
Já pedimos ao sr. ministro para se ir embora mas ele insiste em ser uma "avécula" no modo como toma conta da educação deste país.
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