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HOJE NO
"JORNAL DE NOTÍCIAS"
Belmiro de Azevedo,
o imperador da Sonae
O empresário Belmiro de Azevedo morreu, esta quarta-feira, aos
79 anos, depois de décadas ligado à Sonae, onde chegou há mais de 50
anos e que transformou num império com negócios em várias áreas e
extensa atividade internacional.
Sem tolerância para a incompetência ("não
aceito, nem por um nonagésimo de segundo, que alguém menos competente
mande em mim - só na tropa, por obrigação, e na vida civil por decisão
de órgãos de soberania", disse citado numa biografia) e com afamada
dedicação ao trabalho e a um estilo de vida "frugal", Belmiro de Azevedo
deixa três filhos, Nuno, Paulo e Cláudia, também relacionados com a
Sonae, grupo de cuja presidência saiu formalmente em 30 de abril de
2015.
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A entrada de Belmiro de Azevedo
na Sonae dá-se em 1965, tendo antes passado pela Empresa Fabril do Norte
(Efanor), ainda durante o decurso da licenciatura em Engenharia Química
Industrial na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. As
especializações em gestão ficaram para mais tarde, em universidades
norte-americanas como Harvard e Stanford.
A
Sonae - Sociedade Nacional de Estratificados foi fundada em 1959 por
Afonso Pinto de Magalhães, uma empresa virada para a produção de
revestimentos em madeira que, aquando do 25 de Abril, foi nacionalizada
no âmbito de um processo que abrangeu praticamente todo o grupo Pinto de
Magalhães (do qual se excluiu a Novopan).
Belmiro de Azevedo entra na Sonae em 1965
enquanto quadro técnico, numa empresa que veio a rotular como "falida"
naquele momento da década.
"Quando lá
entrei percebi que era preciso mais bom senso que investigação. Eu
insisto nessa regra de que é preciso ter educação, formação, informação e
muito bom senso. Adotei algumas medidas de bom senso que corrigiram
coisas evidentes e daí criei uma aura de tipo capaz de dar a volta às
situações", disse ao Diário Económico.
De
acordo com o livro "O Homem Sonae" do jornalista Filipe Fernandes, o
capital social da Sonae começou por ser de mil contos (cinco mil euros),
subindo para 25 mil contos quatro anos depois e triplicando no final do
ano da revolução.
Depois da morte de
Pinto de Magalhães em 1984, Belmiro de Azevedo, já diretor-geral,
torna-se administrador-delegado da Sonae, agora com uma posição
acionista maioritária, enquanto Carolina Pinto de Magalhães, viúva de
Afonso, se torna presidente, cargo que deteve até 1991 (substituída por
Álvaro Barreto), numa dinâmica de relações tensa entre o empresário do
Marco de Canavezes e a família do fundador da Sonae que só terminou em
1994 com um acordo entre as duas partes e a saída da família do capital
da empresa.
"A Sonae era uma tribo e eu
era o chefe da tribo", disse, anos depois, para se referir às disputas
pelo controlo da empresa que se seguiram ao 25 de Abril, em particular
com envolvimento do Partido Comunista Português.
Em
1983, a Sonae passa a incluir "Indústria e Investimentos" no nome da
empresa, quatro anos depois de se tornar numa Sociedade Gestora de
Participações Sociais (SGPS), que já englobava 75 empresas em seis áreas
(distribuição, agroindústria, comunicação e tecnologias de informação,
imobiliário e turismo).
O destaque iria
para a distribuição alimentar, com relevo para a Modelo Continente
(Sonae MC, atualmente, depois de várias encarnações): "a distribuição
alimentar em Portugal, que era então um desastre, com pobres mercearias
em cada esquina, sem tratamento higiénico dos produtos, sem cadeia de
frio", disse ao Diário Económico, lembrando a inauguração do primeiro
hipermercado em Matosinhos, no ano de 1985.
Em
21 de janeiro de 1991, o Diário de Notícias escrevia que "Sonae deixa
de ser um grupo industrial e concentra-se no setor da distribuição",
citando um estudo da Universidade Católica, que também lembrava a
entrada da empresa na comunicação social com o surgir do jornal Público e
com a Rádio Nova.
No ano seguinte,
dá-se a entrada no Banco Português do Atlântico, instituição financeira
na qual a Sonae vai aumentando a sua participação até 1995, quando é
dada 'luz verde' pelo Ministério das Finanças de Eduardo Catroga à
Oferta Pública de Aquisição (OPA) do BCP.
Em
1996, o Financial Times considerava a Sonae como a empresa portuguesa
de maior prestígio na Europa, num 'ranking' de 20 companhias do
continente liderado pela British Airways.
De
acordo com dados de dezembro de 2012, a Sonae tinha presença em 66
países, desde as tecnologias de informação nos Estados Unidos ao Médio
Oriente no retalho especializado.
Belmiro
de Azevedo, do grupo Sonae, surgiu na edição da Forbes, este ano, na
posição 1376 dos mais ricos do mundo, com uma fortuna avaliada em 1,5
mil milhões de dólares (1,39 mil milhões de euros).
* Era um dos maiores empresários portugueses não necessariamente dos melhores.
* Era um dos maiores empresários portugueses não necessariamente dos melhores.
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