HOJE NO
"OBSERVADOR"
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Como o presidente da China
discursou quatro horas e
reforçou o poder comunista
O presidente chinês (e secretário-geral do Partido Comunista), Xi Jinping, discursou esta quarta-feira durante quase quatro horas. Houve bocejos e olhares para o relógio, mas o PCC saiu reforçado.
Em dia de Congresso Geral do Partido Comunista chinês, o evento mais
importante da política chinesa, o atual presidente e líder do partido, Xi Jinping,
conseguiu discursar durante 3h41, ininterruptamente. Era quase o
suficiente para roçar os hábitos discursivos de Fidel Castro, mas quem
saiu reforçado foi o poder central – e os próximos cinco anos de mandato
de Jinping.
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DITADURA CHINESA - NA PRISÃO |
Se dúvidas restavam do leninismo enraizado no sistema
político chinês, basta pensar que mais de 2.000 militantes assistiram,
sentados e em silêncio, a um discurso que contou com a presença de
antigos líderes chineses, como Jiang Zemin e Hu Jintao.
Jintao olhou por várias vezes para o relógio ou não tivesse demorado
apenas hora e meia a discursar no seu último congresso enquanto
presidente.
Jiang Zemin (à semelhança de outro ex-líderes) mantém-se como uma
figura com algum poder no partido, apesar dos incessantes rumores da sua
morte. Uma publicação sobre Zemin foi mesmo apagada pelos moderadores
da rede social Weibo. Por agora, a China não pode impedir que os seus
cidadãos falem de Zemin e ninguém pode impedir Jinping de discursar por
três horas e meia, ou 205 minutos, como um jornalista da BBC fez questão
de referir.
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DITADURA CHINESA - NO DESPORTO |
Xi Jinping foi aplaudido em momentos inusitados, como quando referiu o controlo levado a cabo para acabar com a especulação imobiliária ou uma das suas promessas de mandato, a redução da pobreza.
Numa linguagem menos formal (e menos política), Xi atingiu as massas e
captou a atenção dos quase 2.500 presentes no congresso, que não
demoravam segundos para aplaudir as palavras do líder.
O seu
primeiro mandato foi um sucesso sem precedentes — tanto que é criticado e
acusado de construir um culto de personalidade. Mas enquanto Xi Jinping
se prepara para mais cinco anos no poder, importa relembrar que o
programa com que foi eleito não dá asas a uma governação despreocupada.
Até agora só os mais iludidos acreditam que uma China que cresce
economicamente anda de mão dada com uma China mais livre.
Xi quer mudar a economia e para isso vai conter
o risco financeiro e encorajar o consumo privado — mas nada de
liberalizar o mercado ou de implementar reformas estrondosas como aquelas que Deng Xiaoping pôs em prática nos anos 80 e 90.
O
“relatório de trabalho”, como o PCC se refere ao discurso, tocou no
ponto das alterações climáticas e Xi garantiu que a China está na
primeira fila “da cooperação internacional para responder às alterações
climáticas” e que esse esforço vai ser reforçado no novo mandato.
“Qualquer estrago que infligimos à natureza vai eventualmente regressar para nos assombrar.
Esta é a realidade que enfrentamos”, explicou Jinping, acrescentado que
a China tem de desenvolver “um novo modelo de modernização onde os
humanos se desenvolvem em harmonia com a natureza”.
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DITADURA CHINESA - NA RUA |
Segundo o New York Times,
Jinping referiu o “grande poder militar” 26 vezes no decorrer do seu
discurso e afasta-se da posição pública de humildade que caracterizou os
seus antecessores: “A China vai continuar a desempenhar o seu papel
enquanto um grande e responsável país”, disse.
Apesar de Pequim já
contar com o maior exército a nível mundial, ficou feita a promessa de
construir um “exército de primeira classe” capaz de ganhar guerras “em
qualquer palco”.
Este congresso que marca o fim de um mandato e o
início de um novo não contou com referências à crise no Mar do Sul da
China, a Donald Trump, nem a Kim Jong-un e o seu programa nuclear, como a
comunidade internacional esperava. O papel que o governo chinês
desempenha nesta trama de retórica de guerra tornou-se este ano — mais
do que nunca — relevante. Em vez disso, Xi Jinping acredita que a China
está no auge internacional mas só não esconde preocupações sobre a
segurança interna e “a ameaça ideológica”.
* Há muita conivência negociada entre muitas empresas de comunicação social e o verdadeiro e perigoso poder das ditaduras.
O balofo norte-coreano é um fantoche rastejante perante Pequim, o que diferencia Xi Jinping de Hitler é a ausência de bigode.
4 horas de discurso não constitui recorde, o mais longo discurso dum dirigente, também ditador, pertence a Fidel de Castro, no primeiro Congresso Nacional da Frelimo em território moçambicano Samora Machel discursou mais de 7 horas.
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