HOJE NO
"DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
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A advogada que escapou aos nazis e
.agora derrotou os ultraortodoxos
.agora derrotou os ultraortodoxos
Tribunal de
Jerusalém deu razão a Renée Rabinowitz e obrigou a companhia aérea El Al
a rejeitar pedidos de ultrarreligiosos para trocar de lugar quando
sentados ao lado de mulheres.
Renée
Rabinowitz tem 81 anos. Viúva de um rabino, a antiga advogada, cuja
família fugiu da Europa para os EUA nos anos 40 para escapar à ocupação
nazi, não dispensa a ida à sinagoga e a comida kosher. Mas isso não
impediu esta avó, cujos joelhos obrigam a usar uma bengala, de desafiar
os judeus ultraortodoxos, ao apresentar uma queixa contra a El Al,
contra a política da companhia aérea israelita de pedir às mulheres que
mudem de lugar quando sentadas ao lado de um judeu ultraortodoxo. Agora,
o tribunal deu-lhe razão e obrigou a companhia a emitir uma ordem que
considere estes pedidos ilegais. Renée vai receber uma indemnização de
6500 shekels (1640 euros).
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Renée, que
em 2000 trocou Nova Iorque por Israel, estava tranquilamente sentada, no
inverno de 2015, no seu lugar na coxia na classe executiva do voo 028
da El Al entre Newark e Telavive quando surgiu um homem de uns 50 anos,
de chapéu negro, da mesma cor do fato, e barba comprida. O lugar dele
era o da janela, na mesma fila de Renée. E como acontece muitas vezes
com os praticantes do judaismo mais ortodoxo, recusou sentar-se ao lado
de uma mulher que não seja a sua. Tudo para evitar qualquer contacto que
possa provocar uma atração extramarital - um conceito conhecido na lei
judaica como negiah.
Rapidamente
surgiu uma assistente de bordo, que propôs a Renée um lugar melhor, à
frente, junto à primeira classe. A ex-advogada aceitou, de forma
relutante. Mas acabou por processar a El Al. "Apesar de todos os meus
feitos - e a minha idade é um feito - senti-me diminuída", disse na
altura ao New York Times. "Aquele homem não tinha outra razão
de queixa além do meu género - e isso é discriminação. Não é diferente
de uma pessoa de outra religião que não se queira sentar ao lado de um
judeu", explicou.
Renée estava decidida a não deixar passar
essa "humilhação" em branco. Por isso levou o caso aos tribunais, com o
apoio legal do Israel Religious Action Center - um grupo ligado ao
Movimento pelo Judaísmo Progressista. O tribunal de Jerusalém considerou
agora que ao aceitar os pedidos dos passageiros ultraortodoxos para que
as mulheres mudem de lugar, a companhia aérea está a violar as leis
antidiscriminação. "Sinto-me bem pelo facto de a El Al ter de dizer aos
haredim (os judeus ultraortodoxos) que queiram forçar as mulheres a
mudar de lugar que não o podem fazer e que os assistentes de bordo
também não", explicou Renée na rádio israelita citada pelo Times of Israel.
Profundamente
religiosos, os haredim representam perto de um milhão dos 8,5 milhões
israelita (que incluem 1,5 milhões de árabes). Mas a sua elevada taxa de
natalidade - quase sete filhos em media por mulher - faz com estudos a
estimarem que em 2059 representem um terço da população.
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Nos
últimos anos multiplicaram-se os casos de judeus ultraortodoxos que
recusaram sentar-se ao lado de uma passageira, alguns obrigando o avião a
ficar parado na pista e adiando a descolagem. Mas poucos incidentes
tiveram tanta atenção como o de Renée. Desde que veio a público, foram
enviados mais de 7500 emails para a El Al a exigir que ponha fim à sua
política de troca de lugares.
Passageira
frequente dos voos da El Al entre Israel e EUA, onde tem família, Renée
não gosta de ser ver como uma "cruzada", mesmo se admite ter sido
"perturbador". E saúda a decisão da juíza, que soube "perceber que não
era uma questão de dinheiro, era uma questão de levar a El AL a mudar de
política". Esta é uma mulher que já passou por muito. Nascida na
Bélgica dos anos 30, escapou ao Holocausto ainda criança. Primeiro a
família foi para Cuba, antes de seguir para os EUA. Licenciada em
Psicologia Educacional, mais tarde estudou Direito, tendo exercido até à
reforma, há 17 anos.
* GRANDE SENHORA! Grave é perceber que a El Al tem deferências com os ultra-xenófobos judeus, tão maus como os nazis.
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