Doenças raras afetam 600 mil
Assinala-se hoje , (28/02), o Dia Internacional das
Doenças Raras. Uma doença é considerada rara quando afeta, no máximo,
uma em cada 2000 pessoas. Apesar de cada doença rara afetar um pequeno
número de pessoas, sete a oito mil doenças raras já identificadas
afetam, no seu total, cerca de 8% da população.
Isto implica uma estimativa de mais de 600 mil pessoas com doenças raras em Portugal e entre 24 e 36 milhões de pessoas na Comunidade Europeia. Olhando para estes números, podemos dizer que as doenças raras são menos raras do que se imagina.
Isto implica uma estimativa de mais de 600 mil pessoas com doenças raras em Portugal e entre 24 e 36 milhões de pessoas na Comunidade Europeia. Olhando para estes números, podemos dizer que as doenças raras são menos raras do que se imagina.
"Com a investigação, as
possibilidades não têm limites", é este o mote escolhido para o Dia
Internacional das Doenças Raras de 2017. Porque a investigação leva ao
desenvolvimento de tratamentos inovadores para doenças já conhecidas,
potenciando uma melhor qualidade de vida a todos os que se deparam com
este tipo de patologias, sejam doentes, familiares ou cuidadores. Para
além disso, a investigação pode levar à identificação de doenças até
agora desconhecidas, assim como ao conhecimento das alterações genéticas
causais. Só com mais investigação é possível o diagnóstico correto e
atempado, bem como o aconselhamento genético para informação acerca dos
mecanismos subjacentes e riscos para descendentes e outros familiares
das pessoas afetadas.
É fundamental
intensificar esforços no domínio da investigação básica, translacional,
epidemiológica e clínica. E é urgente uma política pública concertada e
com fortes incentivos à investigação e desenvolvimento de meios de
diagnóstico, tratamento e acompanhamento dos doentes. Os custos da
investigação aliada à dimensão do público-alvo podem assumir-se como um
obstáculo à aposta das farmacêuticas no desenvolvimento de medicamentos
órfãos. Os medicamentos órfãos destinam-se à prevenção e/ou tratamento
de doenças raras, ou que, por razões económicas, não seriam suscetíveis
de ser desenvolvidos sem incentivos. É verdade que já existem incentivos
para a investigação e desenvolvimento deste tipo de medicamentos, mas
estamos ainda muito aquém das necessidades existentes.
Apesar
do número de medicamentos órfãos ter vindo a aumentar, continuam
disponíveis apenas para um número muito reduzido de doenças. Em Portugal
temos cerca de 600 mil doentes e apenas são comercializados 67
medicamentos órfãos (dados do Infarmed, de 2014). Mesmo que não
representem uma cura, estes remédios podem permitir que a doença não
progrida do mesmo modo, prologando a expectativa de vida, mantendo de
alguma forma a sua qualidade ou reduzindo as limitações associadas à
doença.
Muito há ainda por fazer para
dar impulso à investigação e melhorar a prevenção, diagnóstico e
tratamento dos doentes afetados por doenças raras. Nesta longa
caminhada, é importante reconhecer o papel cada vez mais importante das
associações, na sua contribuição para o fomento do conhecimento e
sensibilização para as doenças raras. É importante não esquecer também
que os doentes devem estar no centro da decisão, sendo sempre incluídos a
todos os níveis no desenvolvimento de políticas, programas de
investigação e protocolos para doenças raras específicas, o que nem
sempre acontece.
Muito caminho há ainda a percorrer, mas espera-se que, reunindo os esforços da comunidade científica e sensibilizando as autoridades públicas, seja possível trazer mais esperança aos doentes raros, que afinal não são assim tão raros.
* ACONSELHADORA GENÉTICA i3S DA UNIVERSIDADE DO PORTO
IN "JORNAL DE NOTÍCIAS"28/02/17
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