HOJE NO
"JORNAL DE NOTÍCIAS"
Países Menos Desenvolvidos
estão cada vez mais pobres
Os 48
Países Menos Desenvolvidos estão a ficar cada vez mais para trás,
concentrando agora quase 40% da pobreza extrema do mundo, mais do dobro
do que concentravam nos anos 90.
Publicado
pela Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento
(CNUCED), o Relatório sobre os Países Menos Desenvolvidos (PMD) conclui
que a pobreza do mundo está cada vez mais concentrada nesta lista de 48
países, criada pela ONU em 1971 para ajudar os países que enfrentam
obstáculos mais exigentes no seu desenvolvimento económico e social.
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NAS MINAS DE ANGOLA |
Segundo
o relatório, embora a população destes países tenha aumentado apenas de
9,7% da população mundial para 12,8% desde 1990, a proporção da pobreza
extrema concentrada nos PMD mais do que duplicou, de menos de 20% para
quase 40%.
No mesmo período, o peso dos
PMD no número de pessoas que vive sem acesso a eletricidade aumentou de
31,8% para 53,4% e aumentou de 20% para 43,5% a proporção de pessoas
sem acesso a água.
"Estes são os países
onde a batalha pela erradicação da pobreza será ganha ou perdida",
disse o secretário-geral da CNUCED, Mukhisa Kituyi, citado num
comunicado da organização.
Em seis PMD, a taxa de pobreza extrema está entre 70 e 80% e em 10 outros Estados a taxa fica entre os 50 e os 70%.
Em
todo o mundo, há apenas outros quatro países onde a taxa de pobreza
extrema é superior a 30% e em mais nenhum é superior a 50%.
Tudo
isto deixa muitos dos PMD presos na armadilha da pobreza, um círculo
vicioso em que a pobreza leva a baixos desempenhos na saúde e na
educação, prejudicando a produtividade e o investimento e impedindo o
desenvolvimento sustentável necessário para reduzir a pobreza, escrevem
os autores do relatório.
Os países só
saem destes círculos viciosos com ajuda internacional, a nível
financeiro, comercial e tecnológico e é para isso que existe a categoria
dos PMD.
O objetivo final é que os países consigam crescer e sair da categoria, cumprindo uma série de requisitos pré-definidos.
No
entanto, nos 45 anos de existência da categoria PMD, apenas quatro
países - o Botsuana em 1994, Cabo Verde em 2007, as Maldivas em 2011 e
Samoa em 2014 - conseguiram graduar-se, o que demonstra a enorme
divergência entre o ritmo de desenvolvimento dos países em vias de
desenvolvimento.
O fosso entre o
rendimento '"per capita" dos PMD e dos outros países em desenvolvimento,
por exemplo, tem aumentado consistentemente desde 1981, alerta Mukhisa
Kituyi no prefácio do relatório.
Em
2011, a comunidade internacional definiu como objetivo que metade de
todos os PMD cumprissem os critérios para a graduação até 2020, mas a
menos de metade do caminho esta meta parece inalcançável.
Desde
2011, apenas um país (Samoa) se graduou e só três outros países (Guiné
Equatorial, Vanuatu e Angola) estão em linha para alcançar a graduação
nos próximos anos.
O relatório estima
que só 13 outros países consigam cumprir os critérios até 2021, muito
menos do que os necessários para cumprir o objetivo.
O
documento alerta ainda que a graduação é só um primeiro passo no
sentido do desenvolvimento de longo prazo e sublinham que, mais
importante do que cumprir os critérios, é preciso que os países façam
mudanças estruturais para resistirem quando deixarem de receber as
ajudas a que têm direito enquanto PMD, algo que os autores chamam
"graduação com impulso".
"A graduação
não é um posto de vencedor ou uma corrida para sair da categoria PMD. É
uma primeira etapa na maratona do desenvolvimento sustentável e de longo
prazo. Por isso, a forma como um país se gradua é tão importante como
quando se gradua", escreve Kituyi.
Segundo os autores do relatório, muitos dos países em linha para se graduarem não conseguirão uma "graduação com impulso".
* É sobre a brutal pobreza de muitos que assenta sempre a absurda riqueza de poucos.
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