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"OBSERVADOR"
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“Brexit”, “geringonça” e “racismo”
entre as dez candidatas à Palavra do Ano
A votação para escolher a Palavra do Ano começou
esta quinta-feira, anunciou a Porto Editora, que organiza a iniciativa
desde 2009. A lista final, que pode ser consultada aqui, inclui as palavras Brexit, campeão, empoderamento, gerigonça, humanista, microcefalia, parentalidade, presidente, turismo e racismo.
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A escolha pode ser feita até “ao último minuto do dia 31 de dezembro” e a palavra vencedora será conhecida “na primeira semana de janeiro” de 2017, numa cerimónia pública.
A seleção das dez palavras finais começou em maio deste ano e
foi feita a partir de sugestões avançadas pelos votantes, num processo
que passa sobretudo pelo estudo da frequência e distribuição do uso das
palavras, da monitorização da comunicação social e das redes sociais e,
ainda, dos acessos e consultas aos dicionários digitais da Porto
Editora.
A Palavra do Ano, que vai na oitava edição, “já faz parte
do calendário dos portugueses, tal a curiosidade que desperta e a
participação crescente nas votações, na ordem das dezenas de milhares,
apesar de se fazer exclusivamente online“, disse à Lusa fonte da editora.
No ano passado, registou-se uma participação superior a 20 mil pessoas. As palavras eleitas nas edições anteriores foram esmiuçar (2009), vuvuzela (2010), austeridade (2011), entroikado (2012), bombeiro (2013), corrupção (2014) e refugiado (2015).
Brexit, geringonça ou campeão. As dez palavras de 2016
Brexit, palavra que define a saída do Reino Unido da União Europeia, surgiu associada ao referendo do passado mês de junho. Já campeão, foi escolhida depois de Portugal se ter tornado campeão europeu de futebol em julho.
O termo empoderamento
passou “a ser usado com maior frequência para designar formas de obter
mais controlo sobre a própria vida, através da conquista de direitos
civis, independência ou equidade de géneros”, explicou fonte da Porto
Editora. Geringonça, um termo usado por Paulo Portas para se
referir à formação do atual Governo, liderado por António Costa, e
passou a ser usado para designar a maioria de esquerda no parlamento,
que apoia o executivo.
Humanista foi,
segundo a Porto Editora, “um dos adjetivos mais utilizados para
qualificar António Guterres durante o processo de seleção que o levou ao
cargo de secretário-geral das Nações Unidas”. O termo microcefalia tornou-se conhecido devido à pandemia registada este ano, em alguns Estados sul-americanos, principalmente no Brasil.
“Tema frequente ao longo do ano” foi ainda a parentalidade, o “conjunto de atividades desenvolvidas pelos educadores com vista a um melhor desenvolvimento das crianças”. Já presidente “tornou-se muito frequente nas notícias”, desde que Marcelo Rebelo de Sousa tomou posse a 19 de março, adianta a Porto Editora.
“Os excelentes resultados da indústria do turismo têm um
impacto positivo na economia do país, mas esta realidade abriu o debate
em termos de sustentabilidade e qualidade de vida nas grandes cidades”, e
daí também a escolha do termo turismo para votação.
Por fim, surge a palavra racismo que,
segundo a Porto Editora, tem crescido de forma preocupante. “Têm-se
multiplicado atitudes e manifestações de racismo um pouco por todo o
mundo, com particular incidência na Europa, mas também nos Estados
Unidos da América”, referiu ainda a mesma fonte.
Votação da Palavra do Ano chega pela primeira vez a Angola e Moçambique
Pela primeira vez desde a sua criação, a iniciativa foi aberta a Angola e Moçambique através da Plural Editores. Nos dois países, a votação decorre também até ao dia 31 de dezembro, avançou a editor em comunicado. As palavras vencedoras serão conhecidas em meados de janeiro próximo, segundo fonte editorial.
Em Angola, foram a concurso dez palavras frequentemente usadas ao longo do ano, que incluem crise, candando, kandengue, kínguila, diversificação, kixiquila, esperança, liberdade, kamba e paz. A
lista final foi selecionada por um grupo de lexicólogos da Plural
Editores em Angola através de um “trabalho permanente de observação e
acompanhamento da realidade” linguística e da “análise de
frequência e distribuição de uso das palavras e do relevo que elas
alcançam, tanto nos meios de comunicação e redes sociais, como no
registo de consultas online e mobile dos dicionários da Porto Editora”, explicou à Lusa fonte editorial. Além disso, foi ainda tido em conta a opinião dos votantes.
Candando é termo com origem no quimbundo kandandu
e significa “abraço”. “Foi recentemente adotado como marca por uma nova
cadeia de hipermercados”, explicou à Lusa a mesma fonte. A palavra crise
foi escolhida por causa da “a crise económica e financeira que Angola
atravessa, agravada pela baixa do preço do petróleo no mercado
internacional”. “Foi um tema inevitável ao longo do ano, e daí a escolha
da palavra.”
Diversificação foi um
termo escolhido também por causa da economia. “A diversificação da
economia, muito dependente dos dividendos do petróleo, tem sido apontada
como a principal medida para superar a queda nas receitas e ultrapassar
a crise”, adiantou a fonte. “Num contexto de crise social e económica, a
esperança é o sentimento por trás da coragem e
otimismo com que os angolanos encaram o futuro”, acrescentou,
justificando a inclusão do termo na lista final.
Kamba,
um “termo [que] ganhou relevância num contexto social em que o espírito
de entreajuda faz a diferença”, é “usado para designar aquele que é
amigo, companheiro”. Kandengue, palavra da
língua quimbundo, significa “criança” e “por elas [as crianças] se
enfrentam as dificuldades e é nelas, nos mais novos, que se deposita a
esperança da nação”. Kínguila é um termo usado
para descrever “as mulheres que transacionam divisas estrangeiras ao
preço do momento, sem taxas ou perguntas, nas ruas das cidades, fruto da
acentuada desvalorização do kwanza”, a moeda angolana.
Kixiquila vem do termo quimbundo kixikila,
que significa “assentar”, numa alusão ao registo dos valores. Com “os
grandes desafios económicos com que se debatem as pessoas,
popularizou-se esta prática informal de poupança partilhada, em que o
acumulado de cada mês é rotativamente entregue a cada um dos
participantes”, explicou a mesma fonte.
Liberdade,
“em especial a de expressão, foi dos valores mais demandados em
diferentes manifestações e incidentes ao longo deste ano” em Angola,
sendo por isso que foi escolhida pela Plural Editores. A par da
liberdade, também a paz continua a ser um
desejo por parte dos angolanos. “Catorze anos depois da assinatura do
Memorando do Luena e dos acordos de paz e de reconciliação nacional, o
desejo de paz continua bem presente.”
Em Moçambique, as palavras finais são crise, mamparra, diálogo, paz, dívida, solidariedade, educação, tchilar, liberdade e txunar. Crise foi
escolhida por causa do “desequilíbrio das contas públicas na sequência
de um quadro internacional de crise económica veio aumentar a frequência
de uso desta palavra”, disse à Agência Lusa fonte do Grupo Porto
Editora.
A palavra diálogo está
relacionada com “o diálogo político, sobretudo entre os dois maiores
partidos, a Frelimo e a Renamo, é apontado como chave para um
entendimento que assegure um clima de paz”. Já dívida,
fruto do debate que se gerou este ano sobre “a dívida pública
moçambicana, com juros dos mais altos do mundo, que torna urgente um
plano de resgate que permita ao país ultrapassar a crise”.
Educação
foi a quarta palavra escolhida. “Apesar das várias reformas feitas
neste setor e dos enormes desafios que a gestão da rede escolar do país
apresenta, uma educação de qualidade continua a ser uma preocupação
premente da sociedade civil e uma prioridade para o futuro”.
Outro termo selecionado é liberdade.
“A participação cívica em debates e manifestações públicas demonstrou a
importância dada pelos moçambicanos à liberdade de expressão e de
imprensa, e daí a escolha do termo para votação”. Mamparra,
outro termo, tem ganhado destaque nas redes sociais, sendo usado para
“designar alguém inexperiente ou ignorante, e também empregado para
descrever o comportamento desregrado de alguns membros da classe
política e de gestores de empresas públicas, assim como a atitude
passiva com que o povo o encara”.
Paz
faz também parte do grupo de finalistas e está relacionada com “o fim
dos confrontos entre as Forças de Defesa e Segurança e o braço armado do
maior partido da oposição, a Renamo, foi uma reivindicação constante
com vista ao alcance da paz”. “A solidariedade é um valor fundamental numa altura em que o país enfrenta grandes desafios políticos, económicos e sociais”.
Outra palavra escolhida, tchilar, é oriunda do inglês chill out, sendo “usada para designar o ato de relaxar, descansar ou até divertir-se, sempre de uma forma descontraída”. “Txunar, é uma “expressão popularizada pelas redes sociais”. “Txunar é o que fazemos para aprimorar o aspeto de algo ou de alguém”.
* Palavras brilhantes
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