HOJE NO
"JORNAL DE NOTÍCIAS"
Abono de família teve corte de 370
. milhões no período de ajustamento
Numa
altura em que se levantam dúvidas sobre os esforços reais para a
contenção do défice, os números relativos aos apoios sociais, por
exemplo, demonstram que houve cortes sucessivos e severos nos últimos
anos.
O abono de família tem
menos 646 mil beneficiários do que em 2009, numa despesa que diminuiu de
mil milhões de euros para 628,8 milhões no final de 2015 (menos 37,2%).
Se juntarmos mais duas prestações não contributivas, o Complemento
Social para Idosos (CSI) e o Rendimento Social de Inserção (RSI), então,
entre as três, o Estado cortou 628,2 milhões face a 2009. "Parece
pouco, mas é um corte sobre despesas já pequenas e que não deveriam ser
reduzidas", defendeu o economista Carlos Farinha.
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Relativamente
ao CSI, por exemplo, o número de beneficiários passou de 222 mil em
dezembro de 2009, para 165 mil no final de 2015, contabilizando um corte
de 36,7 milhões, já que em 2009 a despesa era de 227,2 milhões e em
2015 era de 190 milhões (menos 16,16%).
Já
sobre o RSI, as contas mostram que, no mesmo período, os beneficiários
passaram de 388 mil para 208 mil e que a despesa baixou de 507,7 milhões
para 287,4, isto é, menos 220,3 milhões.
Resumindo, houve um corte de 43%. O GEP destaca que "o número de indivíduos abaixo do limiar da pobreza aumentou 7%".
Resumindo, houve um corte de 43%. O GEP destaca que "o número de indivíduos abaixo do limiar da pobreza aumentou 7%".
Economia de tempos paradoxais
Resumindo
- e relativamente a 2009 - temos um corte de 371,2 milhões no abono de
família, um de 36,7 milhões no CSI e um de 220,4 milhões no RSI. O
Estado gasta hoje menos 628,2 milhões do que em 2009 nestas prestações.
Para Carlos Farinha, "é paradoxal que num período de forte agravamento
da pobreza, tenhamos cortado precisamente nos instrumentos que ajudam a
reduzir essa pobreza".
O economista
acredita que "estas prestações jamais deveriam ter sido abaladas",
lembrando que nestes anos o desemprego também aumentou exponencialmente.
De
facto, se olharmos para este relatório do GEP - e agora fora do
contexto das prestações não contributivas - percebemos que os números
"são preocupantes". No final de 2009, tínhamos 517 mil desempregados e
no fim do ano passado tínhamos 647 mil. Porém, se a despesa com o
desemprego era de 1.953 milhões de euros, em 2015 baixou para 1.760
milhões de euros. Basicamente, há mais desempregados, mas a despesa com
esta realidade diminuiu. Como se não bastasse, dos 647 mil
desempregados, apenas 204 mil recebiam subsídio de desemprego. Outros 57
mil desempregados tiveram que regressar às prestações não
contributivas, ou seja, tiveram direito apenas ao subsídio social de
desemprego.
"De regresso ao regime não
contributivo, que é pago pelos impostos, devo dizer que Portugal tem uma
parcela muito pequena comparando com outros países da União Europeia.
Lamentavelmente, estas prestações foram muito penalizadas durante o
período da austeridade. Estas devem ser sempre as últimas medidas a
serem atacadas", sublinhou.
* Ainda quem menos tem é quem mais sofre.
* Ainda quem menos tem é quem mais sofre.
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