HOJE NO
"DIÁRIO ECONÓMICO"
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Livro sobre Segurança Social responsabiliza
troika pelo défice português
O défice em Portugal “seria zero” se tivessem sido evitadas as
medidas da 'troika' que provocaram o aumento do desemprego, disse hoje, à
Lusa, Francisco Louçã, um dos coordenadores do livro “Segurança Social –
Defender a Democracia”.
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“Nós damos um exemplo no livro: se um em cada cinco dos desempregados
e um em cada dois dos que saíram de Portugal durante a 'troika'
estivessem a trabalhar cá, o défice português seria zero, porque se
pagariam menos cinco mil milhões de euros de subsídio de desemprego e o
aumento da receita da segurança social – por causa das pessoas que
estariam a trabalhar – seria de 1.300 a 2.700 milhões de euros. Não
teríamos défice simplesmente”, explicou Francisco Louçã.
Sendo assim, Francisco Louçã afirmou que as sanções da Comissão
Europeia a Portugal, a confirmarem-se, vão ter um efeito simbolicamente
punitivo e recordou que antes das últimas eleições legislativas, "quando
não se sabia ainda quem seria o Governo", a Comissão Europeia fez um
comunicado referindo que a reforma da segurança social tinha de ser uma
prioridade.
“A eventual aplicação de sanções, além do drama para o povo português
que é a austeridade, é também a criação de uma economia de fronteira
entre uma parte que beneficia das aplicações financeiras e da
distribuição de rendas do Estado - uma economia extrativa - e uma parte
importante da população que trabalha por retribuições salariais e
pensões que são comprimidas até ao limite da vida decente e essa é a
grande partição social que esta doutrina neoliberal justifica”,
criticou.
O economista, ex-dirigente do Bloco de Esquerda, é um dos
coordenadores do livro “Segurança Social – Defender a Democracia”, que
conta com textos de José Luís Albuquerque, Vítor Junqueira, João Ramos
de Almeida, Manuel Pires, Maria Clara Murteira, Nuno Serra e Ricardo
Antunes.
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Para Francisco Louçã, a austeridade imposta pelo Fundo Monetário
Internacional, Comissão Europeia e Banco Central Europeu "é uma mecânica
social destrutiva" porque retira o horizonte de vida, a capacidade
social, destrói a economia, tendo, por isso, “enorme efeito" sobre a
Segurança Social.
Louçã frisou que o “problema chave” da economia portuguesa é a
criação de emprego, a redução da precariedade que destrói o emprego e a
sustentação da segurança social.
No livro, os autores - além de constatarem que há um problema de
envelhecimento na sociedade portuguesa – referem que os reformados foram
muito maltratados, no período da 'troika' e, sobretudo, os mais pobres,
foram muito atingidos.
O mesmo aconteceu, segundo o livro, na população em geral, pois o
rendimento médio dos 10% mais pobres baixou 24 por cento, levando a que
os pobres ficassem ainda mais pobres.
“Esta política atingiu os reformados de modo particularmente
agressivo: fizemos as contas ao que perderam os que recebiam entre 500 e
1.000 euros de pensão, comparado com o que teriam sem cortes e com a
subida da pensão pela inflação, verificamos que entre 2009 e 2015
perderam respetivamente 2.935 e 10.202 euros. A austeridade agravou as
dificuldades e a injustiça”, refere o livro.
Os textos agora publicados são resultado dos trabalhos das Oficinas
sobre Políticas Alternativas, desenvolvidas durante os anos da 'troika'
no âmbito do Observatório sobre Crises e Alternativas, do Centro de
Estudos Sociais da Universidade de Coimbra.
“Quisemos apresentar ao grande público informação rigorosa sobre como
ler os números, como perceber a pobreza, o desemprego, as prestações
sociais e como conhecer os detalhes para que qualquer pessoa possa
formar a sua opinião com um fundamento sólido”, explicou à Lusa
Francisco Louçã, acrescentando que em Portugal há ainda uma falta de
cultura estatística.
“Nós estamos no patamar abaixo do que era necessário na experiência
democrática, do ponto de vista da informação geral aos cidadãos e é
verdade também que estas dificuldades por falta de preparação,
informação, ou, por vezes, por algum enviesamento ideológico uma
utilização abusiva”, disse Louçã sobre o livro, que aborda também a
forma como o jornalismo tratou a questão da Segurança Social ao longo
dos últimos anos.
O livro “Segurança Social – Defender a Democracia” (Bertrand Editora,
247 páginas) chega às livrarias na sexta-feira e conta com um prefácio
assinado por Ferro Rodrigues, presidente da Assembleia da República.
* Francisco Louçã é inteligente e profissionalmente muito considerado, tem valores sociais elevados, está proíbido de escrever mal, iremos comprar o livro.
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