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"OBSERVADOR"
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Bastonário dos médicos diz que publicidade
ao cálcio é “um comércio criminoso”
ao cálcio é “um comércio criminoso”
O bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, disse em Coimbra que a publicidade ao consumo de cálcio é "um comércio criminoso", que põe em causa a saúde pública dos portugueses.
O bastonário da Ordem dos Médicos (OM), José Manuel Silva, disse esta
quinta-feira em Coimbra que a publicidade ao consumo de cálcio é “um
comércio criminoso”, que põe em causa a saúde pública dos portugueses.
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“A
publicidade que é feita ao [consumo] de cálcio é lamentável, é um
comércio criminoso que põe em causa a saúde pública dos portugueses,
pela toma excessiva” do produto, afirmou José Manuel Silva, que falava à
agência Lusa à margem do Fórum Ibero-americano de Entidades médicas,
que teve início esta quinta-feira, num hotel de Coimbra, e que termina
sábado.
“Com
promessas de resultados, que não são fundamentados”, mas que “põem as
pessoas a tomar cálcio quando não necessitam dele” e/ou em excesso, essa
propaganda “traz problemas de saúde”, provocando inclusivamente
doenças, advertiu.
A indústria farmacêutica, sem descontos — e é
natural que os tenha tido –, de acordo com os preços de tabela”,
investiu, em Portugal, “num ano, em publicidade de medicamentos de venda
livre”, cerca de 710 milhões de euros, salientou o bastonário.
“A
publicidade a medicamentos sujeitos a prescrição médica é proibida — e
bem –, mas a publicidade a medicamentos de venda livre tem de ser
limitada, tem de ser regrada, tem de ser honesta”, sustentou José Manuel
Silva.
“Neste momento, a publicidade [a esses produtos] é
desonesta”, é “enganosa” e “é contra isso que a Ordem do Médicos e a
Ordem dos Farmacêuticos têm alertado”.
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Durante a sua intervenção
na primeira sessão do fórum, sobre “Medicalização da vida e política de
medicamentos”, na qual também participou Juan José Rodríguez Sendín,
presidente do conselho geral da organização profissional dos médicos de
Espanha (entidade homóloga da OM portuguesa), o bastonário considerou a
publicidade ao cálcio tão “impressionante” de tal modo que “quase todos
os portugueses andam a tomar cálcio”.
“É preciso pôr alguns
limites a esta publicidade”, defendeu José Manuel Silva, reconhecendo,
no entanto, que isso não é fácil, designadamente pelo facto de ela
constituir “umas das principais receitas dos órgãos de comunicação
social”.
Falando em castelhano (língua comum à maior parte dos
participantes na reunião), o bastonário também alertou para a toma
excessiva de antibióticos em Portugal, e de calmantes e psicotrópicos,
designadamente por parte das crianças e jovens.
“Estamos a medicalizar excessivamente, há cada vez mais meninos a tomar psicotrópicos”, afirmou.
O
bastonário da OM considerou também que “é necessária uma política não
só nacional, mas internacional” para a medicalização, pelo menos ao
nível regional (Europa, América Latina, por exemplo).
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O Infarmed
(Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde) “usa todos os
meios artificiais para atrasar a aprovação de novos fármacos”, disse
ainda, por outro lado, José Manuel Silva, sublinhando que Portugal é um
dos países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Económico) com menor índice de acesso à inovação médica.
“Não estamos a fazer oposição aos governos, estamos a defender a medicina, os doentes e a saúde”, concluiu José Manuel Silva.
Também
em Espanha, “todas as políticas são no sentido de promover o uso
excessivo de medicamentos”, subscreveu Rodríguez Serín, apontando a
publicidade e a falta de tempo imposta aos clínicos para as consultas
médicas como duas das principais causas da situação.
* Há meses que nós denunciámos esta propaganda dizendo até que figuras públicas respeitáveis eram coniventes com este negócio.
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