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Pobreza e más habitações
determinantes no risco de pneumonias
determinantes no risco de pneumonias
Doenças respiratórias matam 47 pessoas por dia em Portugal. Cancro do pulmão e pneumonia são as situações mais graves.
As
doenças respiratórias são a terceira causa de morte e a quinta de
internamento em Portugal. As pneumonias são a situação mais grave.
Pobreza, envelhecimento, más condições das habitações e má distribuição
de médicos que dificulta o acesso aos cuidados podem explicar porque o
país tem dos piores resultados na Europa. Por dia as doenças
respiratórias matam, em média, 47 pessoas.
Segundo o relatório do Observatório Nacional das Doenças Respiratórias (ONDR), apresentado ontem, em 2014 as doenças respiratórias provocaram a morte de mais de 17 mil pessoas e cerca de 70 mil internamentos. O ONDR destaca o impacto das pneumonias: cerca de 150 mil por ano. No cancro do pulmão registam-se em média mais de 4 mil mortes por ano. "As pneumonias e o cancro agravaram-se nos últimos 12 anos", disse Artur Teles de Araújo, presidente da ONDR. "Temos condições ambientais e socio-económicas e uma população envelhecida é mais facilmente atingida por este tipo de doenças", disse.
O relatório afirmar que "as condições habitacionais são más em muitos lares", que cerca de dois milhões de portugueses estão em risco de pobreza e que com isso aumentam comportamentos de risco e défices alimentares com impacto negativo na saúde respiratória. Situação que se agravou entre 2008 e 2014, "provavelmente relacionável com a crise económico-financeira".
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Destaque para o envelhecimento da população, a falta de médicos de
família e o número reduzido de consultas por utilizador que "poderá
indicar dificuldades na acessibilidade". São condicionantes a falta de
enfermeiros, de camas de cuidados continuados e paliativos e de
pneumologistas. "A maioria estão concentrados na área metropolitana de
Lisboa, do Porto e região centro", disse Teles Araújo, salientando que
se o "acesso é pior, cresce o risco de doença respiratória". Embora
tenha salientado que considera razoável o rácio de um pneumologista por
25 mil portugueses.
Precisa-se de rede nacional de espirometria
A
Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC), a par da asma, é uma das
doenças que se suspeita existir um sub-diagnóstico e tratamento. Segundo
o relatório a incidência estimada é de 14% acima dos 40 anos, pelo que
se estima que existam cerca de 700 mil pessoas com a doença em Portugal.
Mas o número de doentes com diagnóstico registado nos centros de saúde é
muito inferior (cerca de 100 mil), tal como o relatório da
Direção-Geral da Saúde já tinha apontado. Teles Araújo referiu que em
2014 foram dispensados apenas 894 mil embalagens de broncodilatadores de
longa ação.
José Duarte Albino,
presidente da Respira, associação de doentes com DPOC, disse ao DN que
muitos doentes estão registados nos centros de saúde como tendo
bronquite crónica e efisema pulmonar o que faz com exista um
sob-diagnóstico. "A existência de uma rede nacional de espirometria é
determinante para o diagnóstico. Temos estado em contacto com a diretora
do programa das doenças respiratórias, que nos disse que este é um dos
objetivos do plano".
Quando ao acesso a
cuidados, o mesmo salientou as diferentes que estar num centro de saúde
tradicional e uma Unidade de Saúde Familiar (USF) pode ter fruto das
diferentes formas de organização dos serviços. "Na USF todas as pessoas
têm médico de família e se este faltar tem sempre acesso a consulta. No
centro de saúde pode não ter médico de família e não é viável um doente,
que tem dificuldades até deslocação, ir às seis da manhã para tentar
ter uma consulta. O controlo da doença acaba por ser completamente
diferente", afirmou, desconhecendo o número de doentes com DPOC que não
têm médico de família atribuído.
* Num país pequeno como Portugal 47 mortes por dia é pesado.
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