HOJE NO
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Caso BPI.
Portugal à espera de retaliações de Angola
Diploma de Costa promulgado por Marcelo retira
poder de bloqueio a Isabel dos Santos nas negociações com o CaixaBank no
BPI. Nos meios económicos e diplomáticos já se conta com as
consequências para as relações de Portugal com Angola
.
Os meios
diplomáticos e económicos estão à espera da retaliação de Angola, depois
de ontem o Presidente da República ter promulgado um diploma que, na
prática, fragiliza a posição de Isabel dos Santos no BPI. “Vai haver
retaliações, isso é certo”, é o comentário mais ouvido nos contactos
feitos pelo i junto de fontes conhecedoras das relações económicas entre
Portugal e Angola.
“Há várias maneiras possíveis de
reagir. Uma delas é adiando e causando problemas em negócios que ainda
não estão completamente fechados, como é o caso da fusão entre o
Millennium e o Atlântico em Angola, ou em investimentos que estão a ser
ponderados em Portugal”, antevê uma das fontes ouvidas pelo i, lembrando
que a quebra das exportações portuguesas para Angola pode vir a
acentuar-se.
“Portugal já foi o quarto maior exportador para Angola; agora, as
exportações caíram mil milhões de dólares. Mas ainda podem cair mais se
forem criados entraves”, alerta a mesma fonte.
“Há várias formas de reagir. Uma delas é restringir as divisas por
forma a dificultar os pagamentos às empresas e trabalhadores
portugueses, outra é dificultar novos contratos a empresas portuguesas”,
avisa outra fonte.
Numa coisa todos estão de acordo: as empresas de construção que ainda
têm pendentes contratos de adjudicação de obras públicas angolanas
podem vir a ter a vida dificultada.
A decisão do Banco de Portugal de não conceder o estatuto de
idoneidade a Isabel dos Santos para esta entrar para a administração do
Banco BIC foi a gota de água para a empresária angolana deixar cair as
negociações, até aí aparentemente bem encaminhadas com os espanhóis.
Mas fontes conhecedoras dos meios económicos angolanos asseguram que a
forma como António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa falaram publicamente
sobre o pré-acordo não ajudou. “É não conhecer como funciona África. Em
Angola não se pode dar como certo e falar publicamente de um acordo que
não está formalmente selado”, comenta uma fonte ouvida pelo i.
Quem acompanha a situação das relações entre Lisboa e Luanda espera
agora para, nos próximos dias, saber o que virá no “Jornal de Angola”, o
órgão oficial daquele país e cujo editorial pode dar o tom da reação ao
caso BPI.
Certo é que as fontes ouvidas pelo i, mesmo temendo as consequências
económicas desta situação, admitem que Costa teria pouca ou nenhuma
margem para agir de maneira diferente. “Costa fez bem. Não é por ser a
filha de José Eduardo dos Santos que devia fazer diferente”, comenta uma
fonte diplomática. “Não havia já outra solução”, concorda outra fonte.
Marcelo contradiz Costa
Ontem, logo após a
promulgação do diploma que tinha sido aprovado no Conselho de Ministros
da última quinta-feira, António Costa apressou-se a dizer que o diploma
para a desblindagem dos estatutos da banca não foi feito à medida do
caso BPI, mas isso não deverá ser suficiente para travar uma reação
angolana – sobretudo depois de o próprio Presidente ter admitido que a
lei esteve retida à espera do desfecho das negociações entre Isabel dos
Santos e o CaixaBank.
“Há cerca de oito instituições financeiras em Portugal que têm
estatutos com restrição dos direitos de voto e aprovámos efetivamente,
na quinta-feira passada, um diploma que prevê regularmente que os
acionistas tenham de rever a manutenção dessas restrições”, esclareceu o
primeiro-ministro em reação à promulgação do diploma, à margem de uma
visita a Paris.
Horas depois, em Lisboa, Marcelo haveria de reconhecer que há uma
ligação entre o decreto promulgado e o caso BPI. Mais: o Presidente
admitiu que concertou com Costa reter o diploma à espera do desfecho das
negociações entre Isabel dos Santos e os espanhóis. “Retivemos a lei à
espera que houvesse acordo”, confessou aos jornalistas, lamentando a
solução “possível”, que não considera ser a ideal.
* Desde que este blogue existe (2009), zurzimos fortemente em "zedu", famigerada família e restantes apaniguados, se Portugal "abriu as pernas" a estes crápulas é porque conveio a muita gente, agora são os portugueses residentes em Angola que vão pagar.
Para bem do país ficamos satisfeitos que o PR prefira conjugação de esforços com o governo, dizendo não à politiquice.
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