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Governo corta mais 150 milhões
nos apoios sociais até 2018
Governo vai poupar mais nas prestações sociais. Cerca de 100 milhões em 2017 e outros 50 milhões em 2018. E só prevê gastar 200 milhões de euros no subsídio aos trabalhadores pobres
O governo tem planos para poupar despesa com apoios sociais (prestações) em cerca de 100 milhões de euros em 2017 e outros 50 milhões em 2018. E prevê gastar mais 200 milhões de euros na atribuição do subsídio aos trabalhadores pobres nas contas de 2018 face ao cenário atual.
Segundo um novo quadro do Programa de Estabilidade que emergiu nesta
quinta-feira, esta medida do crédito fiscal aos trabalhadores pobres não
pode gerar mais despesa nos anos seguintes porque fica 200 milhões de
euros acima do nível atual de forma “permanente”, justifica o Ministério
de Mário Centeno. São as chamadas contas com base no pressuposto das
“políticas invariantes”.
O quadro plurianual com os valores das
poupanças e despesas líquidas (por ano, por medida) para um horizonte de
quatro a cinco anos é algo que tem acompanhado sempre os Programas de
Estabilidade (PE). E antes disso, os Documentos de Estratégia Orçamental
(DEO).
Mas, segundo apurou o Dinheiro Vivo, este ano o governo terá retirado o
quadro do PE, tendo enviado o documento a posteriori para a Comissão
Europeia, o Conselho das Finanças Públicas e a Unidade Técnica de Apoio
Orçamental.
Nesta quinta-feira, no Parlamento, no debate sobre o PE, António Costa,
foi acusado pela oposição de direita de ter escondido o esquema, tendo
respondido que “não há nenhum quadro secreto” e mostrou uma cópia do
dito às bancadas do PSD e do CDS.
A caminho de um défice de 0,1% no final da
legislatura
O documento a que o Dinheiro Vivo teve acesso traz várias novidades. São
as poupanças e os gastos que, todos juntos, ajudarão o governo a
reduzir o défice público até uns inéditos 1,4% do PIB em 2017, 0,9% em
2018, chegando a 0,1% no final da legislatura (2019), projeta o Programa
de Estabilidade entregue no Parlamento na semana passada. E depois um
excedente de 0,4% em 2020.
O executivo de António Costa conta com reduções adicionais de despesa
com apoios sociais no âmbito da reforma do sistema (combate à fraude,
maior controlo, por exemplo) já evocada por vários governantes. São
menos 100 milhões de euros em 2017 e outros 50 milhões em 2018.
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Crédito fiscal é “permanente” mas só aparece em 2018
Os valores das poupanças nesta rubrica pressupõem também que existe um
efeito de arrastamento anual (“carry-over”, lê-se no documento); isto é,
o efeito de corte na despesa das medidas tomadas em 2016 prolonga-se no
horizonte de projeção, o que é natural.
Além disso, o “crédito fiscal a famílias com baixos rendimentos” — o tal
subsídio para tirar os trabalhadores pobres desta situação com base nos
rendimentos de 2017 — só tem despesa inscrita em 2018. A medida tem
inscritos custos adicionais zero nos anos seguintes. Nesta medida
repete-se, como é óbvio, o efeito de arrastamento, que é total entre
2017 e 2018. O governo paga o subsídio neste último ano.
O Ministério das Finanças justifica assim as contas para o horizonte até
2020: “O impacto da introdução da medida só é sentido uma vez. Depois a
despesa estabiliza. A medida é permanente”.
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Previdência controla mais e aplica melhor condição de recursos
Às 20h50 de quinta-feira, o Ministério da Segurança Social, de José
Vieira da Silva, enviou um “esclarecimento” às redações onde refere que
“pretende simplificar a malha das prestações sociais existentes, de modo
a diminuir a complexidade associada ao sistema prestacional da
segurança social, aumentando assim a eficácia e o rigor na atribuição
inicial das prestações”.
E que “no que se refere em particular às prestações sociais não
contributivas, pretende-se retomar o caminho de uma uniformização dos
critérios de condição de recursos”.
O ministério confirma que “a presente medida, constante no quadro de
medidas de consolidação orçamental, cujo impacto estimado incide nos
anos de 2017 e 2018, com os montantes de -100 milhões de euros e – 50
milhões de euros, respetivamente” enquadra-se no âmbito do Plano de
Combate à Fraude e Evasão Contributiva e Prestacional.
Este plano global de “reforço dos mecanismos de controlo” das prestações
e da “manutenção do direito às mesmas” visa “reduzir, por um lado, o
volume de pagamentos indevidos, e, por outro, aumentar a eficácia na
cobrança dos pagamentos indevidos”, escreve a tutela da Segurança
Social.
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Mais impostos
Além de cortes novos na despesa, o Governo inscreve metas de receita
fiscal mais ambiciosas. Numa rubrica chamada “outros impostos”, que deve
estar relacionada com os vários impostos sobre o consumo e com as
regras de atualização do IMI, o Fisco conta arrecadar mais 210 milhões
de euros no ano que vem, mais 90 milhões em 2018 e outros 90 milhões em
2019.
Na resposta ao Dinheiro Vivo fonte oficial do Ministério das
Finanças diz que “estas medidas apenas serão definidas em sede de
Orçamentos do Estado. As medidas a adotar seguem a política fiscal do
programa de governo e delineadas no texto do Programa de Estabilidade”.
No entanto, nas contas que fez à descida do IVA na restauração, de 23%
para 13% este ano, as contas assumem um “cenário de políticas
invariantes”. Isto é: sabe-se do Orçamento do Estado que essa descida do
IVA só acontece a partir de 1 de julho em 2016, gerando uma ‘despesa’
fiscal de 175 milhões de euros.
Mas em 2017, as Finanças estimam um gasto adicional de 175 milhões de
euros na mesma, no ano todo. Razão: segundo essa lógica das “políticas
invariantes”, face a 2016, o governo só encaixa, de facto, mais 175
milhões de euros. Mas na realidade vai prescindir de 350 milhões de
euros em receita de imposto.
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Mas mais despesa com pessoal
Outra das novidades é a poupança com a chamada “política de emprego
público e outros incentivos à produtividade”.
Em 2017, o executivo prevê poupar 122 milhões de euros, mas nos anos
seguintes pode gastar mais: 122 milhões em 2018, 123 milhões em 2019 e
200 milhões de euros a mais em 2020.
Segundo as Finanças, as poupanças previstas “consolidam todas as medidas
de emprego público”. Isto é, a rubrica conta com o efeito de poupança da
rotação de funcionários públicos (mais saídas do que entradas até
2020), mas também os gastos a mais na sequência dos descongelamento das
progressões nas carreiras e da política de atribuição de bónus e prémios
prometidos por Mário Centeno.
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Mais cortes nas gorduras
Como de costume, as gorduras do Estado, os gastos supérfluos e
ineficientes em consumos intermédios, também vão também um contributo
muito importante para baixar a despesa. São menos 300 milhões de euros
já no ano que vem, menos 350 milhões em 2018, menos 330 milhões em 2019 e
uma poupança de 120 milhões em 2020.
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Mais 536 milhões em fundos europeus até 2019
Outro aspecto relevante do quadro que devia estar no PE é a receita
adicional com fundos estruturais europeus, que totaliza 536 milhões de
euros entre 2017 e 2019. Depois, em 2020, a receita sofre uma redução de
198 milhões nesta rubrica.
Mas refira-se que a medida pode ser quase neutra. É que do lado da
despesa, pretende reforçar rubricas de investimento público e despesa de
capital com base em fundos estruturais.
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Impacto global faz descer o défice
O impacto final das medidas do lado da despesa e da receita é sempre
positivo em termos de défice. Entre 2017 e 2020, o conjunto de medidas
para a receita fazem esta aumentar em termos acumulados 173 milhões de
euros contra uma descida de 1837 milhões do lado da despesa.
O saldo é positivo (abate ao défice) em cerca de 346 milhões de euros em
2017; 581 milhões em 2018; 706 milhões em 2019; e 377 milhões de euros a
menos no défice em 2020.
* O futuro não vai ser risonho.
* O futuro não vai ser risonho.
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