ESTA SEMANA NA
"VISÃO"
"VISÃO"
Ela inventou o tampão do futuro
De início, a ideia de Ridhi Tariyal era apenas substituir a velhinha agulha nas análises de sangue. Mas evoluiu para a hipótese de diagnosticar doenças sexualmente transmissíveis e prever o aparecimento de certo tipo de cancros
.
Não é preciso muita imaginação para estarmos mesmo a ver a cara dos
interlocutores – homens, quase sempre – quando Ridhi Tariyal apresentava
a sua ideia e pousava o protótipo em cima da mesa de reuniões. A
engenheira de Harvard bem podia usar água azulada e falar nas
potencialidades da sua invenção para a saúde das mulheres que não havia
volta a dar-lhe. Aquilo era um tampão e quando falamos de tampões
falamos de sangue
Ao longo de um ano, a cena repetia-se. Ridhi, uma jovem morena de origem
indiana, discorria sobre as vantagens do NextGen Jane (o nome surgiria
mais tarde), a primeira de todas o facto de as mulheres poderem testar a
sua saúde com toda a privacidade, em casa, e os potenciais investidores
só viam sangue.
Com ela ia o seu parceiro no negócio, Stephen Gire, um homem, mas nem
ele era levado a sério. “Quando dizes que vais construir uma empresa à
volta do sangue menstrual, as pessoas pensam que estás a gozar”, conta
ela ao New York Times. Nem a água azulada os safava de serem recebidos com narizes torcidos.
“Alguém
chegou a dizer-nos que o produto só iria ajudar mulheres, e que as
mulheres são apenas metade da população – por isso, qual era o
interesse?” E, continua Ridhi a contar ao jornal americano, também houve
quem sugerisse que inventassem uma máquina que um homem pudesse usar
para testar a saúde das suas parceiras sexuais. As “mulheres são
mentirosas”, justificou.
O caminho foi longo e só chegou ao fim
quando os dois parceiros tiveram uma epifania – e se o tampão fosse
usado para realizar testes genéticos? Reuniram, então com os executivos
da Illumina, uma empresa que fabrica equipamento de sequenciamento
genético. E do encontro de vontades nasceria, então, o NextGen Jane.
Dois
anos depois de terem começado a pensar no tampão do futuro, Ridhi e
Stephen estão a trabalhar num teste de diagnóstico precoce da
endometriose, uma doença ginecológica que provoca dor pélvica, muitas
vezes crónica.
* Este exemplo reforça a nossa ideia de que os enormes investidores em saúde têm como prioridade que as doenças atinjam um estadio de cronicidade prolongado, doença crónica rende dinheiro aos laboratórios, a cura dá prejuízo.
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