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HOJE NO
"DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
"DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
Salários milionários e
a nomeação "mistério"
da ex-assessora de Sérgio Monteiro
O Presidente da CRESAP, João Bilhim desafiou o governo a tomar medidas para resolver a situação
Não
teve conhecimento, estranha o procedimento e entende que o governo já
devia ter tomado medidas. É esta a síntese possível da resposta do
presidente da Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração
Pública (CRESAP) em relação à nomeação de Lígia Fonseca, que veio do
gabinete do ex-secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiro,
como vogal da Autoridade Nacional de Aviação Civil (ANAC). João Bilhim
falava na comissão parlamentar de Economia, numa audição, a pedido do
PS, sobre as nomeações para o Conselho de Administração (CA) daquela
entidade reguladora e o aumento, para o triplo, dos seus vencimentos,
decisões tomadas ainda pelo executivo PSD/CDS.
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João
Bilhim disse aos deputados que tem "muitas dúvidas" sobre o processo de
Lígia Fonseca, sublinhado que "não passou" pela CRESAP. A ex-assessora
de Sérgio Monteiro foi indicada por este ex-governante para o Instituto
Nacional de Aviação Civil (INAC), que se viria depois a transformar na
ANAC. A nomeação para o cargo de vogal foi feito em "regime de
substituição", um estatuto que, sublinhou o presidente da CRESAP, "não
está previsto nas entidades reguladoras", como a ANAC, onde se encontra
atualmente Lígia Fonseca.
"Tivemos
conhecimento da sua nomeação em regime de substituição para o INAC, mas
sobre a sua nomeação para a ANAC nada passou pela CRESAP. Uma coisa é
certa, quem está em regime de substituição está numa situação
periclitante. Interrogo-me porque tendo passado tanto tempo, mais de 100
dias deste governo, a situação ainda não foi resolvida", declarou
Bilhim. Esta vogal "em substituição" não tem experiência conhecida na
área da regulação da aviação civil, foi afirmado na comissão.
Os
salários milionários dos três membros da administração da ANAC, Luís
Ribeiro, Carlos Seruca Salgado e Lígia Fonseca, foram também alvo de
interrogações dos deputados. A remuneração mensal de Luís Ribeiro, o
presidente da ANAC, subiu de 6030,20 euros para 16075,77; o
vice-presidente, Carlos Salgado, deixou de receber mensalmente 5498,65
euros para passar a receber 14468,20 euros. Lígia Fonseca recebia
5141,70 e agora recebe 12860,62. A justificação dada pela ANAC é que
esses são os salários praticados em todas as entidades reguladoras.
Mas os deputados estranham que, tendo Luís
Ribeiro e Carlos Salgado sido avaliados pela CRESAP como "adequados,
com limitações" para o exercício do cargo, "tenham ainda visto os seus
salários triplicar". Bruno Pires do PCP quis saber "então afinal, quais
são as consequências de uma avaliação com limitações". Esta nota
negativa da CRESAP teve como principais fundamentos o facto de Luís
Ribeiro e Carlos Salgado serem quadros da ANA- Aeroportos de Portugal,
uma das entidades regulada pela ANAC. "Então como se vão eles pronunciar
sobre matérias essenciais daquela empresa, como as taxas dos aeroportos
ou os despedimentos coletivos que têm sido noticiados?
Afinal as
"limitações" servem para quê? Para ter ordenado aumentado sob o
argumento que temos de agarrar os "melhores"?" questionou o deputado
comunista.
João Bilhim, que assinalou a
falta de competência da CRESAP para se pronunciar sobre as opções
salariais dos gestores públicos, a não ser a pedido das tutelas,
explicou: "A indicação de limitações para determinado cargo tem um
caráter preventivo, serve de alerta para que se saiba que, em relação a
estas pessoas há uma ligação anterior a empresas reguladas que tem de
ser tida em conta". Mais uma vez, desafiou o governo a tomar medidas.
"Sendo uma questão delicada, chegamos à conclusão que é necessário tomar
medidas com urgência", afirmou.
O
deputado Bruno Dias ganhou o prémio da melhor expressão da sessão,
sintetizando o que considera estar em causa no processo da ANAC: "Isto é
tudo muito bonito, são todos boas pessoas, mas a verdade é que me
roubaram o guarda-chuva!".
* Ao sr. deputado roubaram o guarda-chuva, mas 25% dos portugueses nem chuva têm.
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