HOJE NO
"DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
"DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
A obra de arte, o Facebook e o professor.
O caso de nudez que chegou ao tribunal
Professor francês quer processar
o Facebook por tê-lo censurado ao partilhar um quadro de Courbet e pede
indemnização de 20 mil euros
.
.
A contenda começou em 2011,
quando Frederic Durand-Baissas, um professor francês de 57 anos, decidiu
partilhar no Facebook a controversa obra de Gustave Courbet, L'Origine du Monde
(A Origem do Mundo, em português). O quadro, do século XIX, é uma
pintura realista que mostra um nu feminino, retratado de forma crua e
tendo como foco a vagina. Uma imagem erótica que o Facebook não perdeu
tempo a censurar: não só ocultou a imagem como suspendeu a conta do
professor, ainda no mesmo dia.
Não foi a primeira vez que o
Facebook suspendeu uma conta devido a esta obra, em exposição no Museu
de Orsay, na capital francesa: também em 2011, um artista
norte-americano viu a sua conta bloqueada quando partilhou a imagem do
quadro de 1866, ainda que nessa ocasião o Facebook se tivesse retratado.
Esclarecendo, nas chamadas "regras da comunidade", que a nudez
explícita é proibida porque a audiência poderá ser sensível a esse tipo
de conteúdo, o Facebook voltou atrás no bloqueio e pediu desculpa ao
utilizador, uma vez que na imagem não estava patente uma "nudez real".
Com Durand-Baissas foi diferente, já que o francês decidiu ir para
tribunal e acusar a rede social de ter levado a cabo um ato de censura.
No processo, pede que a sua conta seja reativada e o pagamento de uma
indemnização de 20 mil euros. Porém, o Facebook contra-atacou dizendo
que todas as disputas legais terão de ser resolvidas na California,
Estados Unidos da América, onde fica a sede da empresa.
.
Na semana
passada, um tribunal francês decidiu que o argumento do Facebook era
"abusivo" e manteve a decisão que já tinha sido tomada em primeira
instância, dando ao professor francês o direito de agir judicialmente
contra a rede social no seu país. "Uma grande vitória" após cinco anos
de luta na justiça, considerou a advogada de Durand-Baissas, Stephane
Cottineau, citada pela AFP, acusando a empresa fundada por Zuckerberg de
"pudor extremo no que diz respeito ao corpo e à nudez".
No
entanto, a própria obra-prima de Courbet não está isenta de críticas e
tem uma longa história de censura - está exposta publicamente só desde
1995, data em que foi adquirida pelo Museu de Orsay. Inicialmente, e
devido à imagem explícita, fazia parte da coleção privada do próprio
artista, que nunca a expôs porque sabia, no século XIX, que arriscava
prisão. Os proprietários que se seguiram foram igualmente cuidadosos:
antes de ser comprada pelo célebre psicanalista Jacques Lacan, a obra
fora adquirida por um diplomata turco de origem egípcia, Khalil Bey,
ávido colecionador de arte erótica, que a escondia por trás de uma
cortina verde e mostrava apenas a convidados selecionados.
* A ditadura dos meios é assim.
.
Sem comentários:
Enviar um comentário