HOJE NO
"OBSERVADOR"
"OBSERVADOR"
Juíza “censurou” Bárbara Guimarães
Associação de Mulheres Juristas preocupada
A Associação Portuguesa de Mulheres Juristas emitiu um comunicado a propósito das "expressões utilizadas" pela juíza que está a julgar Manuel Maria Carrilho.
A forma como a juíza que está a julgar o ex-ministro da Cultura,
Manuel Maria Carrilho, falou com Bárbara Guimarães está a causar
polémica. Joana Ferrer Antunes terá censurado a apresentadora por nunca
ter apresentado queixa por violência doméstica, tratando-a sempre pelo
primeiro nome – enquanto ao arguido o tratamento era de “senhor
professor”.
.
As palavras da juíza, na sessão de sexta-feira, foram
reproduzidas pela comunicação social durante o fim-de-semana e, esta
segunda-feira, motivaram um comunicado da Associação Portuguesa de
Mulheres Juristas (APMJ).
“Dando por assente que as descrições do ocorrido nessa sessão
de audiência de julgamento” correspondem “ao teor das expressões
utilizadas”, a APMJ “não quer deixar de expressar publicamente a sua
preocupação pelo que estas revelam sobre a persistência de pré-juízos
desconformes com o legalmente estipulado sobre o modo de agir com
vítimas de violência doméstica”, lê-se no comunicado da associação.
Ainda assim, a APMJ diz estar “crente” de que os trabalhos prosseguirão respeitando “todos os intervenientes processuais”.
Na
primeira audiência do julgamento, na sexta-feira no Campus de Justiça,
Joana Ferrer Antunes disse que lhe “causava alguma impressão a atitude
de algumas mulheres”, nomeadamente as vítimas de violência doméstica que
não apresentam queixa. E disse claramente a Bárbara Guimarães que a
censurava por não ter apresentado queixa. O diálogo foi resumido pela Visão.
Confesso que estive a ver fotografias do vosso casamento”, disse Joana Ferrer. “Parece que o professor Carrilho foi um homem, até ao nascimento da Carlota [a segunda filha do , casal], e depois passou a ser um monstro.” Ora “o ser humano não muda assim”, disse a juíza.
O Observador tentou falar com Joana Ferrer, que recusou prestar
declarações sobre o caso porque o julgamento está a decorrer. Esta foi,
também, a resposta da presidente da Associação Sindical de Juízes
Portugueses, Maria José Costeira.
Juíza assume frontalidade
Na sua página da rede social Linked in, Joana Ferrer Antunes assume que a sua “frontalidade (…) chocará alguns”.
“Sou
como me mostro, de uma frontalidade que, admito, chocará alguns. Mas
sem “zonas de sombra”. É assim que sou: como Pessoa e como Juiz. Quem me
conhece, sabe-o. Também eu, à minha pequena e humilde escala, não vim
trazer Paz, mas a Espada. Acima de tudo, contra a soberba, o abuso, a
ignorância e o preconceito que existem até onde seria suposto não
existirem. Eu sirvo o Cidadão”, diz a juíza, que em tribunal lembrou ter
já experiência em casos de violência doméstica.
Joana Ferrer chegou a ser notícia quando absolveu o subdiretor
do SOL e os jornalistas Ana Paula Azevedo, Felícia Cabrita, Graça
Rosendo e Luís Rosa por violação do segredo de Justiça no caso Face
Oculta. O processo tinha sido instaurado pelo próprio Procurador-Geral
da República, Pinto Monteiro, por causa da publicação de escutas do
processo Face Oculta.
Este Tribunal não encontra, no comportamento dos arguidos, qualquer fundamento para uma censura de natureza penal”, sentenciou. Mais. “O trabalho de profissionais que, corajosa e empenhadamente, praticam um jornalismo sério, responsável e isento, não é passível de censura. E que nos não reste qualquer dúvida: no dia em que a voz deles se extinguir, nós pereceremos”.
A magistrada foi também a autora de uma sentença inédita que condenou
o autor de um blogue, um médico, por difamação de um jornalista da
revista Sábado. O arguido foi obrigado a pagar 40 mil euros de
indemnização, além de 133 dias de prisão.
João Adélio Trocado
publicou no blogue “Médico Explica Medicina a Intelectuais” um
comentário a uma peça de Fernando Esteves baseada em relatórios da
Inspecção-Geral de Saúde – dando conta de casos de agressões de
profissionais de saúde a doentes.
“Será que o nojo em figura de
gente, a que Lutero chamaria por certo burro-papa, teve acesso
privilegiado aos processos da IGAS e assim soube que desses tais
ilícitos todos foram praticados por médicos e todos foram considerados
agressões?”, escreveu.
"Joana Ferrer Antunes considerou que “o arguido, pela sua capacidade, pelo discernimento que tem e em face das circunstâncias concretas da situação, podia e devia ter agido de outro modo, não podendo o tribunal esquecer-se que se trata de um médico. Por isso, não se ter mantido no exercício correto dos seus direitos merece reprovação e censura da ordem jurídica”.
Juiz castigado pela forma como falou em tribunal
Um juiz das varas criminais de Lisboa foi punido em 2013 com uma pena
de advertência pelo Conselho Superior de Magistratura pela forma como
se dirigiu a um advogado. O julgamento era por roubo, mas a dada altura o
juiz perdeu a calma com o advogado e disse-lhe que se fosse “queixar ao
Totta”.
O Conselho Superior de Magistratura soube do caso pelos jornais e concluiu que o juiz faltou aos deveres de urbanidade.
* Achando precipitado comentar este diferendo, anexamos um vídeo de Nuno Graciano dirigindo-se a Manuel Maria Carrilho.
FONTE: CMTV
.
Sem comentários:
Enviar um comentário