28/01/2016

SÍLVIA DE OLIVEIRA

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Onde pára 
a sã consciência de Bava?

Agora sim, é visível o que Luís Palha da Silva, um dos melhores gestores portugueses, foi fazer para a Pharol, a descaracterizada holding, que, depois do fracasso da fusão entre a PT e a Oi, ficou com uma participação de 27,5% operadora brasileira, uma opção para adquirir mais 10%, e com a dívida, dificilmente recuperável, de 897 milhões de euros da Rioforte.
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O chairman da Pharol, que já passou pela Cimpor, liderou a Jerónimo Martins entre 2004 e 2010, foi vice-presidente da Galp e chegou a ser apontado com sucessor de Ferreira de Oliveira na liderança da petrolífera, foi escolhido para uma missão considerada tão impossível, que chegou a parecer ridícula: recuperar o prejuízo resultante dos ruinosos investimentos que Zeinal Bava e companhia fizeram, em nome do grupo PT, no Grupo Espírito Santo.
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Palha da Silva está longe de atingir o objetivo, mas deu, nesta semana, um passo importante. A Pharol entregou no tribunal um processo contra Zeinal Bava, acusando-o "de utilizar a PT SGPS como entidade financiadora do GES", de forma ilícita e como desconhecimento da comissão executiva. Numa cadência, a Pharol começou, em outubro, contra Henrique Granadeiro, Pacheco de Melo e Amílcar Morais Pires (ex-administrador do BES), prosseguiu, em janeiro, com um processo que visa a antiga auditora da PT, a Deloitte, e segue agora com uma ação dedicada especialmente a Zeinal Bava.
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As acusações são duras, a decisão será do tribunal, mas com estes processos a Pharol e os seus advogados, da sociedade Cuatrecasas, dão um sinal de que, neste caso, se tentará que a culpa não morra solteira. E, não menos importante, que se tentará fazer que Zeinal Bava se explique, com seriedade, sobre os seus péssimos atos de gestão na PT. Não está esquecido o fim de um dos maiores grupos de telecomunicações da Europa, nem a desfaçatez com que aquele que chegou a ser considerado o melhor gestor de todos os tempos se justificou perante os deputados da comissão de inquérito parlamentar ao caso PT. A Pharol, os seus acionistas, mas também todos os portugueses, terão mais uma oportunidade para ouvir o que a "sã consciência" de Bava tem a dizer.
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É por isso que desejo a melhor das sortes à Pharol e aos seus acionistas, a Luís Palha da Silva e ao tribunal que julgará estes casos. E que desafio toda a gente a resistir à amnésia, essa maleita que atingiu Bava, e a seguir o desenvolvimento destes processos até ao fim. É difícil esquecer o que aconteceu ao ex-grupo PT, o eterno campeão nacional. Não interessa apenas o apuramento de eventuais responsabilidades criminais, mas também a reposição do respeito.


IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
27/01/16

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