HOJE NO
"JORNAL DE NEGÓCIOS"
Pharol acusa Bava de saber que
. investimentos no GES eram “ilícitos”
As investigações da ex-PT SGPS concluem que o
gestor terá alegadamente decidido investimentos no GES e “sabia serem
ilícitos”. A Pharol vai avançar com processo judicial contra Bava.
Ao longo das mais de 150 páginas da acção contra a Deloitte, que o Negócios teve acesso, são várias as acusações da Pharol
contra alguns dos ex-gestores da PT entre 2010 e 2014. E Zeinal Bava
não escapa às palavras duras que constam no processo que deu entrada no
Tribunal na quinta-feira, elaborado pelos advogados da Cuatrecasas.
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"O Eng. Zeinal Bava foi CEO da autora [ex-PT SGPS] responsável pela
decisão de realizar investimentos em instrumentos de dívida GES em
Setembro de 2010, tendo consistentemente decidido e aumentado tais
investimentos até à sua saída de CEO em Maio de 2013", começa por contar
a Pharol.
Os investimentos no Grupo Espírito Santo, que estava representado no capital da PT através do BES, começaram em 2010.
E culminaram em 2014 com o investimento em papel comercial da Rioforte
que levaria ao incumprimento de quase 900 milhões de euros.
O antigo CEO da PT e da Oi, cuja fusão com a PT sofreu uma
reviravolta devido a este ‘buraco’, saiu da comissão executiva da PT
antes da aplicação da Rioforte. Zeinal Bava garantiu aos deputados, durante a comissão de inquérito ao caso BES, "em sã consciência não sabia das aplicações" na Rioforte. "Saindo
da PT SGPS, eu não tinha de saber o que acontecia na PT SGPS. Não
guardo qualquer memória que me tivesse sido transmitida qualquer
informação de qualquer aplicação após a data da minha saída".
No entanto, segundo as investigações da Pharol, que está a avançar
com processos contra ex-gestores e contra a antiga auditora de contas
para tentar recuperar parte do montante em dívida, o gestor alegadamente
tinha conhecimento sobre estes investimentos serem "ilícitos".
"Mesmo antes de sair [da PT SGPS], recorrendo a dívida, decidiu
aumentar o investimento no muito material montante de 500 milhões de
euros", lê-se no mesmo documento, que relembra ainda que enquanto CEO da
PT, Zeinal Bava era o responsável pela auditoria interna.
"Nessa qualidade nunca deu instruções para que fossem implantados
sistemas de controlo interno que impedissem a realização dos
investimentos em violação dos estatutos, dos normativos e políticas da
empresa". E vai mais longe: "E bem se compreende que não o fizesse pois
não pretendia revelar nos documentos de reporte financeiro esses
investimentos por si decididos que bem sabia serem ilícitos".
Por estes motivos, a Pharol "vai processar quem desempenhou funções
de CEO da PT entre, respectivamente, Setembro de 2010 e Maio de 2013",
ou seja, Zeinal Bava.
O nome do gestor seguir-se-á assim aos processos contra Henrique Granadeiro,
que desempenhou funções de CEO entre Junho de 2013 e Agosto de 2014, a
Pacheco de Melo (ex-CFO) e a Amílcar Morais Pires (ex-administrador da
PT em representação do BES).No entanto, segundo o mesmo documento, vai
avançar com novas acusações contra Granadeiro e Pacheco de Melo a par
com as de Zeinal Bava.
O mistério dos "tabelaux de bord"
No processo elaborado pela Cuatrecasas, que recorre diversas vezes a
uma linguagem coloquial, a Pharol relembra ainda o impacto negativo que o
caso Rioforte causou na combinação de negócios com a Oi, onde a empresa
tem uma participação de 27,18%, o único activo. E mais uma vez aponta o
dedo a Zeinal Bava.
Quando o incumprimento da Rioforte se tornou público, a Oi quis
renegociar os termos da fusão, levando a PT a ficar com uma menor
participação no negócio e a transferir a dívida de 897 milhões para a PT
SGPS, agora Pharol.
A Pharol recorda que no primeiro memorando de entendimento assinado
pelas duas empresas, constavam "exigências financeiras que implicavam
que os fundos disponíveis fossem canalizados para a fusão das duas
empresas, pelo que não poderia a autora (ex-PT SGPS) continuar a
investir em circunstância alguma em instrumentos de dívida".
Além disso, de acordo com o memorando acordado entre as duas partes,
Zeinal Bava era o responsável pela "coordenação integral da
implementação da operação, sob o acompanhamento de um "'steering
commitee' formado por representantes das partes. Granadeiro, Morais
Pires, Nuno Vasconcellos, José Mauro da Cunha, Otávio de Azevedo e Pedro
Jereissati eram os nomes que faziam parte da lista.
Na acção de responsabilidade contra a Deloitte, a Pharol relembra
ainda que a partir de 2003, por iniciativa do director de finanças à
época, Carlos Cruz, foi criado um documento intitulado "tableaux de
bord", que tinha como objectivo divulgar regularmente detalhes sobre a
situação financeira da empresa bem como das suas empresas participadas,
incluindo a PTIF, a empresa detida a 100% pela PT que subscreveu ao
papel comercial da Rioforte.
O "tableau de bord" tinha uma periodicidade mensal e era distribuído
através do departamento financeiro para uma "mailing list" específica,
"que pelo menos desde 1 de Janeiro de 2012 até 24 de Maio de 2014"
incluía Zeinal Bava, Luís Pacheco de Melo, entre outros. O nome de
Henrique Granadeiro não é mencionado.
Esses documentos, porém, não detalhavam os investimentos no universo
GES, "sempre contiveram na parte de 'cash' e na coluna de 'bancos' a
descrição sintética de BES, escondendo-se dentro desta rubrica de forma
enganosa os instrumentos de dívida" emitidos pela Rioforte.
A Pharol avançou na quinta-feira com um processo contra a Deloitte
no âmbito do caso Rioforte. Em Outubro, a entidade liderada por Luís
Palha da Silva já tinha avançado contra três ex-administradores da PT.
Henrique Granadeiro (ex-CEO da PT SGPS), Luís Pacheco de Melo
(ex-administrador financeiro da PT) e Amílcar Morais Pires.
* Bava que anos atrás foi considerado um CEO "estrelado", de repente no âmbito das suas competências não sabe nada e perdeu a memória, fantástico "melga".
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