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"DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
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Descoberta causa da esclerose
lateral amiotrófica
Cientistas traçaram o rasto aos aglomerados tóxicos de proteínas que matam os neurónios motores
Investigadores
dos Estados Unidos conseguiram pela primeira vez traçar o rasto aos
aglomerados tóxicos de uma proteína que causam uma parte dos casos de
esclerose lateral amiotrófica (ELA), doença neurodegenerativa sem cura
que afeta progressivamente os músculos, e acaba por conduzir à morte
quando o doente deixa de conseguir respirar.
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Revelando a forma
como estas proteínas se amontoam nas células - nos neurónios motores -,
causando a sua morte, a descoberta abre caminho a novas terapêuticas,
para tentar impedir a aglomeração de proteínas nas células, ou para
neutralizar o seu efeito nocivo, segundo os autores do estudo.
"É
um grande passo", diz a principal autora do trabalho, Elizabeth Proctor,
da Universidade da Carolina do Norte, "porque até agora ninguém sabia
quais eram as interações tóxicas na origem da morte dos neurónios
motores nestes pacientes".
O estudo, cujos resultados foram
publicados na revista Proceedings of the National Academy of Sciences no
final de 2015, revela assim um potencial alvo terapêutico - o
aglomerado proteico que conduz à morte dos neurónios motores -, mas
constitui também um modelo para estudos noutras doenças
neurodegenerativas, como a de Parkinson, ou a de Alzheimer.
É
essa, de resto, a visão do coordenador da investigação, Nikolay
Dokholyan, da mesma universidade. Segundo ele, "um dos maiores puzzles
na medicina atualmente tem que ver com a forma como podemos abordar as
doenças neurodegenerativas", porque,"ao contrário do que sucede em
muitas outras doenças, incluindo o cancro, para estas não temos nenhuma
alavanca para a combater".
O coordenador do estudo não tem
dúvidas: "Os nossos resultados constituem uma grande descoberta porque
lançam uma nova luz sobre a causa de morte dos neurónios motores e
podem, por isso, ser muito importantes para o desenvolvimento de novas
drogas."
O trabalho desenvolvido pela equipa de Nikolay Dokholyan
incidiu sobre um subgrupo da doença, que está relacionado com uma
mutação no gene que codifica uma proteína, a SOD1, e que se pensa estar
na origem de um a dois por cento de todos os casos da doença.
Recorrendo
a um modelo computacional e a estudos experimentais com células em
laboratório, a equipa seguiu o rasto às proteínas e verificou que elas
se aglomeram temporariamente em grupos de três e que nesse formato
conseguem causar a morte em células neurónios motores.
"Pensa-se
que o que torna estes aglomerados de três proteínas tóxicos, pelo menos
em parte, é o facto de serem muito instáveis", explica a principal
autora do estudo, notando que "essa instabilidade as torna mais reativas
em relação a algumas zonas da célula que elas não deviam estar a
afetar". A esclerose lateral amiotrófica é uma doença que afeta entre
três e cinco pessoas em cada cem mil, na população em geral, e pensa-se
que cerca de 10% dos casos terá origem genética.
Para todos os
outros casos de ELA, a sua causa ainda é um mistério. José Afonso (na
foto), foi vítima da doença e o físico britânico Shepen Hawking é talvez
o mais famoso doente de ELA. Foi esta doença que levou muitos famosos a
despejar baldes de água gelada pela cabeça abaixo em agosto e setembro
de 2014, para angariar verbas destinadas à investigação nesta área.
Valeu a pena porque, só nos Estados Unidos, foram angariados 115 milhões
de dólares (cerca de 106 milhões de euros).
* Esta doença faz muitas novas vítimas todos os anos.
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