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"DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
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E o patologista mais influente do mundo é: o português Sobrinho Simões
O médico e cientista do Porto foi escolhido pelos seus pares em todo o mundo
A
pergunta era esta: "Quem são os profissionais de medicina em
laboratório, ou seja, os patologistas, mais influentes?" A revista
internacional The Pathologist colocou-se a questão e depois decidiu
lançá-la, há cerca de dois meses, aos patologistas do mundo inteiro: o
seu universo de leitores especializados. Recebidas as respostas e feitas
as contas, o resultado é este: o patologista mais influente do mundo é o
português Manuel Sobrinho Simões, professor e investigador da Faculdade
de Medicina da Universidade do Porto, que ali fundou há 26 anos o
instituto de investigação Ipatimup, que ainda dirige, e que abriu
caminhos novos no estudo do cancro.
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Entre
os motivos invocados para a escolha do médico e cientista português, os
inquiridos afirmam que Sobrinho Simões "contribuiu mais do que ninguém
para a visibilidade da patologia na Europa", que "tem apoiado jovens
patologistas oriundos de todo o continente europeu", ou ainda que ele
"representa a combinação perfeita entre a inteligência científica e a
nobreza", enumera a revista.
Mas não
ficam por aqui as razões da escolha. Sobrinho Simões, dizem igualmente
os que nele votaram "é, não apenas um grande cientista, mas também uma
pessoa carismática, generosa, simpática e atenta aos outros", e "as suas
contribuições para o diagnóstico clínico do cancro da tiroide são
excecionais". Hoje, referem os inquiridos, "os patologistas de todo o
mundo seguem, na sua rotina de trabalho, as regras que ele estabeleceu".
Sobrinho Simões, como confessou ao DN,
ficou "felicíssimo". "É uma enorme satisfação, mas fui um pouco apanhado
de surpresa", diz. E sublinha: "Penso que a escolha tem sobretudo a ver
com o facto de nestas últimas décadas termos treinado aqui, no
Ipatimup, muitos jovens patologistas de todo o mundo, e também com o
trabalho que desenvolvi quando fui presidente da Sociedade Europeia de
Patologia entre 1999 e 2001".
Esse
trabalho passou, nomeadamente, pela criação na altura de unidades da
Escola Europeia de Patologia em cidades onde, até aí, elas não existiam,
como Ancara, na Turquia, Moscovo, Craiova, na Roménia, Cracóvia, na
Polónia e ainda numa outra cidade da República Checa. Foi igualmente
durante a sua presidência daquela sociedade europeia que se realizaram
os primeiros congressos intercontinentais da especialidade, o contribuiu
para aproximar os profissionais desta área médica "que em geral tem
muito pouca visibilidade", como admite o cientista português.
Herdeiro
de "uma escola tradicionalmente muito boa de patologia em Portugal",
que ficou marcada por médicos patologistas como Jorge Horta e Cortês
Pimentel em Lisboa, Amândio Tavares e Daniel Serrão no Porto, e Renato
Trincão em Coimbra, o Ipatimup é também um das instituições mundiais
onde os jovens patologistas em fase de aprendizagem podem fazer treino
especializado - é isso que tem acontecido, aliás, nas últimas décadas.
Não é por acaso que muitos dos que votaram no cientista português como o
patologista mais influente do mundo se referem a ele como "um professor
entusiasta, que está sempre pronto a partilhar o seu conhecimento".
Essa
é, afinal, a sua forma de estar. A mesma que o leva também a fazer 300
consultas gratuitas por ano, para casos de cancros difíceis, oriundos de
todo o mundo.
Premiado em Portugal e a
nível internacional - Prémio Pessoa em 2002, Grã-Cruz da Ordem do
Infante D. Henrique, em 2004, comendador da Ordem de Mérito Real da
Noruega, em 2009, entre muitos outros -, Manuel Sobrinho Simões é
natural do Porto, onde se formou em Medicina e se especializou em
patologia, na qual ajudou a desbravar caminhos, nomeadamente no cancro
da tiroide. Hoje, passadas quatro décadas, é a pessoa mais influente do
mundo na sua área de atividade.
* Para a maior parte dos portugueses esta escolha é "tremoços" dada a ignorância e apatia do conhecimento em que vivem, fruto das políticas de educação em vigor no país. Sobrinho Simões foi escolhido por colegas do mesmo ofício, não por qualquer autoridade medalheira que por aí circula.
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