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Senso d'hoje
CLARA FERREIRA ALVES
JORNALISTA E ESCRTORA
SOBRE O ROMANCE "PAI NOSSO"
Não receia perder leitores quando se afirma "Anticomunista obrigado"?
Não
receio nada e tento viver fora da dependência da opinião pública. Era
um texto sobre o mundo literário, humorístico e não tinha uma descrição
simpática da direita. Até tratei o PCP com respeito.
Pai Nosso tem um registo diferente do habitual. Encontrou-o logo?
Não.
Trabalhei muito o dispositivo. Nunca é à primeira. Nada é a primeira,
nem à segunda ou à terceira. Há coisas que saíram à décima. Tinha dias
em que tudo o que saía da pena parecia um enorme lugar comum, noutros
era quase luminoso e resolviam-se todos os problemas. Só se o consegue
com trabalho, essa história de que não há inspiração mas só transpiração
é verdade. O que implica uma grande solidão.
A partir de agora não para?
Antes de mais é preciso ganhar a vida, porque o mercado português não é o
anglo-saxónico, onde há adiantamentos de um milhão de dólares para
primeiros livros de autores. Não poderei fazer tanto jornalismo como até
agora porque há três livros que quero escrever. Este foi o primeiro,
sei os temas e o que quero fazer nos outros dois. Este é o primeiro dos
três livros que sempre soube que queria escrever.
* Excertos de entrevista que pode ler na íntegra na edição impressa ou no e-paper do "DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
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