HOJE NO
"DIÁRIO ECONÓMICO"
Eleições deixam Espanha à deriva
sem maioria para governar
O presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy, tem hoje à sua frente a
tarefa quase impossível de formar um executivo estável, depois dos
resultados eleitorais de ontem não terem dado a maioria a nenhuma
formação política.
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“Após uma legislatura muito difícil, é claro
que o PP continua a ser a força política preferida dos espanhóis. Fomos o
partido mais votado”, afirmou à imprensa o vice-secretário para a
comunicação do PP, Pablo Casado.
Segundo as sondagens à boca das
urnas disponíveis à hora de fecho desta edição, o Partido Popular (PP)
de Rajoy foi o vencedor das eleições com 26,8% dos votos, um resultado
muito inferior aos 44,6% que havia obtido nas eleições de 2011.
Mas os 36,5 milhões de eleitores espanhóis confirmaram as expectativas
de que o bipartidarismo PP-PSOE já não domina o país, já que quatro
partidos ficaram acima da fasquia dos 15%, a maior divisão desde a
restauração da democracia espanhola, em 1978.
A irromper em força
no parlamento encontra-se o partido de esquerda radical Podemos de
Pablo Iglesias, que acabou por ficar em situação de empate técnico acima
dos 20% com os socialistas do PSOE de Pedro Sánchez, os quais
registaram o pior resultado de sempre. Já o partido centrista
Ciudadanos, liderado por Albert Rivera, acabou por não estar à altura
das expectativas, tendo ficado em quarto lugar com 15,2%, quando as
sondagens o colocavam sempre entre o segundo e terceiro lugares.
A afluência às urnas atingiu os 72,4%, contra os 70% de 2011.
Este
resultado significa não só que nenhum partido conseguiu uma maioria
clara para governar, mas também que as combinações mais prováveis para
governar, como o PP com o Ciudadanos ou o PSOE com o Podemos, também não
conseguiram obter os 176 deputados necessários para obter uma maioria
parlamentar.
Como líder do partido mais votado, Rajoy irá obter o
mandato para formar governo, mas é pouco provável que consiga apoios
junto das outras formações. O Ciudadanos já havia anunciado que só se
coligaria com o PP se Rajoy deixasse a liderança do PP, por considerar
que ele está demasiado comprometido com o escândalo de ‘contabilidade B’
que abalou esta formação, ao passo que a defesa intransigente da nação
espanhola pelo PP face aos movimentos separatistas alienam todos os
partidos nacionalistas, que poderão ter até 20 deputados no parlamento.
Neste
cenário, que era esperado pelas sondagens, Rajoy havia dado a entender
que não excluía a possibilidade de uma ‘Grande Coligação’ com os
socialistas, à semelhança do que acontece na Alemanha entre os
Conservadores e os Sociais-democratas, mas o PSOE disse várias vezes que
esta solução não é aceitável.
“A questão é saber se Rajoy tem
condições para voltar a ser presidente do governo, ou se a ascensão do
Podemos abre a porta a um governo alternativo de Esquerda”, afirmou
Antonio Barroso, analista político da Teneo Intelligence, citado pela
Bloomberg. A Espanha pode assim estar a caminho de um cenário semelhante
ao português, onde os partidos que não foram os mais votados podem
acabar por formar governo. Esta solução poderá ocorrer se o executivo
for formado entre o Podemos e o PSOE, com o apoio tácito do Ciudadanos e
dos partidos nacionalistas catalães e bascos, que se convertem assim
nas forças que decidem o poder em Espanha.
“Vai ser preciso que
cheguemos a acordo em muitíssimas coisas, embora discordemos”, afirmou o
líder do Ciudadanos, Albert Rivera, indicando que está disposto a
trabalhar com qualquer um dos grandes partidos. Já os nacionalistas vêem
com olhos favoráveis a formação de um governo de esquerda, uma vez que
tanto o Podemos como o PSOE defendem reformas constitucionais para
permitir mais expressão aos movimentos separatistas. O partido de Pablo
Iglesias vai mesmo mais além e afirma que deve ser permitido aos
catalães realizarem um referendo sobre a sua permanência na Espanha.
* Onde é que nós já vimos modelo semelhante?
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