Cavaco Silva
terá entrado para o MRPP?
O Presidente da República pediu ao líder
do PS que lhe responda se, no horizonte de uma legislatura, o governo
que pretende liderar, com o acordo do Bloco e do PCP, consegue a
aprovação na Assembleia da República de moções de confiança.
Portanto,
ao que parece, Cavaco Silva está à espera de que António Costa garanta
que em 2015, em 2016, em 2017 e em 2018, sempre que for apresentado ao
Parlamento um Orçamento do Estado, tal documento, cujo eventual chumbo
equivale, na prática, à queda do governo, vá acompanhado de um outro
papelinho com um pedido formal de votação de uma moção de confiança...
Isto não é burocracia política?
O Presidente da República perguntou ao líder do PS se tem garantidas a aprovação dos Orçamentos do Estado, a começar no de 2016.
Cavaco
Silva está convencido de que PS, Bloco de Esquerda e PCP têm tendências
suicidas e não conseguem, sequer, viabilizar um Orçamento daqui a dois
meses?... Isto não é paternalismo?
Porém,
e ao mesmo tempo, Cavaco também acha que esses partidos devem, neste
volátil planeta meio enlouquecido, desenhar o futuro financeiro e
económico da nação, passo a passo, até 2019... Isto não é economia
planificada?
O euro, a liberdade de
circulação, a definição de fronteiras, as metas do défice, o papel do
BCE, a permanência na União Europeia, as secessões, a possibilidade do
federalismo, os nacionalismos, as migrações, a segurança interna, as
liberdades individuais, a guerra e sei lá que outras matérias europeias
estão a ser discutidas em todos os países por todos os governos e todas
as oposições. Pois é nesta altura que o Presidente da República exige ao
líder do PS uma garantia por escrito de que Portugal se manterá durante
cinco anos numa posição paralisada em relação ao PEC, ao Tratado
Orçamental, ao Mecanismo Europeu de Estabilidade, à União Económica e
Monetária, à União Bancária e à NATO. Nos próximos cinco anos, a ordem
para São Bento é esta: nada se pode discutir, nada se pode mudar, nada
se pode alvitrar até ordem em contrário... Isto não é totalitarismo?
O
Presidente da República ordenou ainda a António Costa que dê garantias
de estabilidade do sistema financeiro. Então o Estado, afinal, deve
dominar o sistema financeiro?... É a nacionalização da banca que Cavaco
quer?!
Se o documento entregue ontem
pelo Presidente da República ao líder do PS não fosse um desafio
impertinente, mas provavelmente inconsequente, à vontade da Assembleia
da República seria, apenas, ridículo. Tão ridículo que até parece que
Cavaco Silva, na sua luta contra o PCP e o Bloco, entrou, de repente,
para o PCTP-MRPP.
IN "DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
24/11/15
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