23/11/2015

CATARINA FURTADO

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Parem! Olhem! 
Escutemos as suas vozes!

Nunca a humanidade teve tantos jovens: 1,8 mil milhões de pessoas com menos de 25 anos! Um facto a ter mais do que em conta!

O mundo tem hoje uma oportunidade única para avançar no caminho da construção de uma sociedade mais justa, baseada em direitos, onde a sustentabilidade seja assegurada nos seus três pilares: económico, ambiental e social. Mas são as pessoas, de todas as partes do mundo, que deverão estar no centro de qualquer decisão e ação.

É urgente garantir que estes e estas jovens não fazem parte apenas da noticia da efeméride.
Chegou o momento de agir, de apresentar contas das promessas esquecidas.

Rapazes e raparigas têm sido deixados para trás nos compromissos de Desenvolvimento e Direitos Humanos que marcam as maiores agendas políticas.

Falhámos, em algumas áreas, nos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, e não o podemos fazer agora com os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável, que são de aplicação e monitorização universal, ou seja, de todos para todos.

Também Portugal tem de apresentar resultados. Pelas pessoas, por todas as pessoas, sobretudo as que mais são discriminadas. Nós somos parte da solução, queremos e exigimos resolver os problemas.
Chegou o momento de garantir que são criadas as condições para que sejam rapazes e raparigas a fazer e a ser a Notícia, pela utilização do seu potencial!

Mas para isso teremos de enfrentar os desafios da educação, da saúde, da protecção e justiça social, do trabalho digno, da representação.

Na associação a que presido, Corações com Coroa ( CCC), o potencial que promovemos é o dos jovens enquanto agentes da mudança, de cultura de responsabilidade individual, local, regional e global. Rapazes e raparigas defensores e promotores de igualdade e Direitos Humanos precisam de ver também garantidos os seus direitos de educação e saúde sexual e reprodutiva, de igualdade de género, de não experienciar sociedades violentas e discriminatórias, de ver asseguradas a sua participação e cidadania.

Desta forma acreditamos na CCC que o desafio será ganho.
As jovens e os jovens são a Solução para o Desenvolvimento Glocal. Quero eu dizer que, se todos, enquanto humanidade, países, estados e comunidades, exercermos o nosso papel político e socialmente responsável, os efeitos globais terão um impacto positivo ao nível local e vice-versa.

Todos os países deverão garantir que os seus próprios indicadores são bem sucedidos numa perspectiva holística, “holos” do grego Todo, seguindo a lógica de que tudo está ligado e tem um efeito aquém e além fronteiras. No fundo, temos de deixar de encarar as desigualdades sociais como circunscritas a um território exclusivo de “coitadinhos e de vítimas” que são o público da acção caritativa.

A humanidade não pode continuar a construir muros e fronteiras, até simbólicas, que nos separam e desresponsabilizam. O mundo não é Do nós e Dos outros. O mundo, o planeta, é o nosso mundo e é esse onde todos e todas queremos viver e deixar herança para as actuais e futuras gerações.

O ano de 2015 debate, com o Ano Europeu para o Desenvolvimento, a Europa que somos e queremos ser em matéria de Desenvolvimento. Mas 2015 também trouxe o acordo formal com os 17 Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (os ODS) e as suas 169 metas - que esperamos possam orientar politicas e posicionamentos nacionais e mundiais. Para além das actividades de cooperação para o Desenvolvimento internacional – que não podem nem devem esquecer ninguém. Esta é a mensagem comum das Nações Unidas. Temos um compromisso de uma agenda para os próximos 15 anos que pretende ser efectivamente transformadora.

Na CCC olhamos o mundo como um todo, com os “P” que nos movem: Pessoas, Prevenção e Parcerias. O que fazemos Aqui tem influência Ali e vice versa!

No que diz respeito aos e às jovens, há então que garantir que ouvimos a voz de rapazes e raparigas ( e mais uma vez é necessário ter consciência de que as raparigas adolescentes são sempre as mais discriminadas), mas que ouvimos também as vozes dos jovens de todo o mundo desenvolvido e em desenvolvimento. Temos de promover um território de manobra que permita serem o que sempre sonharam, ou simplesmente, começarem a sonhar.

Temos de desenvolver ações a nível nacional e internacional, para que os jovens e as jovens participem activamente na construção de um Mundo onde as agendas políticas, económicas e sociais, se desejam “amigas dos jovens” porque têm esse direito. Valorizar a capacidade e o potencial dos jovens para que possam ter acesso a uma educação de qualidade (que não se inscreve apenas no sistema de ensino formal e obrigatório), à saúde, (incluindo programas que diminuam as gravidezes precoces), ao fim dos casamentos forçados e infantis, à não violência (também no namoro e no espaço familiar), entre outros direitos. A lembrar, que precisamente no dia 25 deste mês, se assinala o Dia Internacional da eliminação da Violência contra as mulheres.

Esta força imensa dos jovens tem de ser aproveitada para um progresso comum. Não podemos perder nem esquecer ninguém. O seu potencial de mudança e de mobilização é também construtor da Paz, que tanto desejamos.

IN "VISÃO"
20/11/15

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