28/11/2015

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HOJE NO
"DIÁRIO  DE NOTÍCIAS"

Kalashnikovs dos ataques de Paris
. compradas a alemão pela net

Duas semanas após os atentados, Salah Abdeslam continua em fuga. Sexto suspeito detido pelas autoridades belgas

A polícia deteve um homem de 24 anos em Magstadt, no sudoeste da Alemanha, que convertia armas não letais (pistolas de partida) em armas de fogo e depois as vendia na Internet. Mas na investigação descobriu que afinal pode também ter detido o traficante que vendeu quatro kalashnikovs usadas nos ataques de Paris. Duas semanas após os atentados no Bataclan, Stade de France e nos cafés da capital francesa, que fizeram 130 mortos, a polícia continua à procura de um dos suspeitos, Abdeslam Salah, e de um cúmplice, Mohamed Abrini.
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Segundo o tabloide alemão Bild, que cita os documentos do Ministério Público de Estugarda, o suspeito terá vendido duas kalashnikov de fabrico chinês e duas metralhadoras Zastava M70 a um "árabe em França" a 7 de novembro. As compras eram feitas através da Darknet, rede de acesso restrito onde é possível comprar e vender armas, drogas e serviços ilegais. O suspeito, identificado como Sascha W., foi detido na terça-feira e na sua casa foram apreendidas 16 armas ilegais. A polícia confirma a detenção de um alegado traficante de armas, mas recusa confirmar qualquer ligação com os ataques de Paris.

Suspeitos por identificar
Sete dos autores dos ataques de 13 de novembro, morreram nessa mesma noite. Brahim Abdeslam (irmão de Salah, que continua em fuga), Bilal Hadfi, Samy Amimour e Ismaël Omar Mostefaï (filho de mãe portuguesa e pai argelino) já foram identificados. As autoridades francesas divulgaram as fotos de dois dos bombistas suicidas do Stade de France, junto dos quais foram encontrados passaportes sírios de origem duvidosa, pedindo ajuda para os identificar. Um dos kamikazes do Bataclan continua por identificar.

O mesmo se passa com o suicida que acionou o cinto de explosivos na casa em Saint-Denis, durante uma operação policial na madrugada de 18 de novembro, e que seria o terceiro homem do comando que atacou os bares e restaurantes de Paris. No cerco policial morreu também o alegado cérebro dos ataques, o belga Abdelhamid Abaaoud, e a sua prima, Hasna Aït Boulahcen, que o ajudou a esconder-se. Segundo a polícia, Abaaoud estaria a preparar um novo ataque em La Défense, o bairro financeiro de Paris.

Jawad Bendaoud, que alugou o apartamento, também está detido por ligação aos terroristas, posse de armas e explosivos. No total, desde a instauração do estado de emergência em França, a polícia já realizou mais de 1600 buscas, tendo detido mais de uma centena de suspeitos. Entre eles o "emir branco", Olivier Corel, imã salafita de origem síria que foi o mentor de vários jihadistas de Toulouse e de Fabien Clain, cuja voz foi identificada no vídeo de reivindicação dos ataques por parte do Estado Islâmico.

Mas o principal suspeito, Salah Abdeslam, que alugou os quartos de hotéis e dois dos carros usados pelos terroristas, continua em fuga. Suspeita-se que terá transportado os bombistas suicidas para o Stade de France antes de se dirigir ao XVIII bairro de Paris. Foi encontrado um cinto de explosivos abandonado, pensando-se que desistiu de se fazer explodir, por alguma razão ainda desconhecida. É alvo de um mandado de captura internacional junto com Mohamed Abrini, que viajou com ele de carro de Bruxelas para Paris, dois dias antes dos ataques, mas não estaria na capital francesa na noite da tragédia.

Conexão belga
Apesar de os suspeitos já identificados serem franceses, muitos tinham vivido no bairro de Molenbeek, em Bruxelas, e eram conhecidos das autoridades belgas. O Ministério Público da Bélgica acusou ontem um sexto indivíduo de "atentados terroristas" e de "participação em atividade de um grupo terrorista". O último suspeito, cuja identidade não foi divulgada, foi detido na quinta-feira em Bruxelas, ao mesmo tempo que o pai e irmão em Verviers (leste da Bélgica). Estes foram contudo libertados.

Dos cinco acusados cujo nome já foi divulgado, três ajudaram Salah Abdeslam na viagem de carro entre Paris e Bruxelas, após os ataques. Hamza Attou e Mohammed Amri, detidos no dia 16, foram buscá-lo à capital francesa na noite da tragédia, deixando-o em Laeken, nos arredores norte da capital belga.

No princípio da tarde de sábado, um amigo telefonou a Ali Oulkadi a pedir ajuda para levar Abdeslam para o centro de Bruxelas. Durante a hora que estiveram juntos, e que incluiu a paragem num café, Salah terá contado que o irmão Brahim se tinha feito explodir em Paris. Ontem, o tribunal decidiu manter Oulkadi detido durante mais um mês, assim como outro suspeito, Abdelilah Chouaa, cujo papel é ainda desconhecido. Um quinto suspeito, Lazez Abraïmi, também terá ajudado Abdeslam a cruzar a Bélgica, tendo sido descoberto sangue no seu carro, junto com armas.

* Os países ocidentais vivem numa íntima promiscuidade com o terrorismo árabe, não têm a mínima eficácia no que respeita à fiscalização da venda de armamento, as fábricas não comunicam  a identidade de muitos clientes.

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