HOJE NO
"OBSERVADOR"
David Cameron.
“Menos Europa é uma melhor Europa”
Uma das medidas propostas pelo primeiro-ministro britânico que deverá merecer mais oposição dos outros Estados-membros diz respeito às ajudas a imigrantes.
O primeiro-ministro britânico detalhou esta terça-feira quais as
alterações que pretende ver implementadas na União Europeia para que o
Reino Unido não bata com a porta em 2017. Num extenso discurso proferido
esta manhã, David Cameron afirmou que “a União Europeia precisa de
mudar” e que isso não é “uma missão impossível”.
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Acima de tudo, o
governante britânico quer mudanças em quatro áreas, que detalhou numa
carta enviada ao presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk — carta
essa que ainda não chegou a Bruxelas. Cameron vai bater-se pela proteção
de um mercado único de países fora da zona euro, mas pertencentes à UE;
vai defender o aumento da competitividade da economia europeia; vai
propor o fortalecimento do papel dos parlamentos nacionais; vai propor
alterações às ajudas dadas pelos diferentes países aos imigrantes.
Foi isto que David Cameron disse, foi isto que a Europa ouviu. O
que não quer dizer necessariamente que ponha em prática. Por exemplo, a
medida de proteção do mercado único exige mudança de tratados, mas
conta com o apoio de certos países, como a Alemanha e a França. Já a
proposta de alterações aos benefícios para imigrantes deverá ser
recebida com grandes reservas
por países como a República Checa, a Polónia e a Lituânia, enquanto a
ideia de reforçar os poderes dos parlamentos nacionais parece não
convencer espanhóis e belgas.
Nunca se esqueçam que a União Europeia engloba 28 nações da Europa. Essa diversidade é a maior força da Europa. O Reino Unido diz: vamos celebrar isso, vamos reconhecer que a resposta aos problemas nem sempre é mais Europa. Às vezes, é menos Europa”, afirmou.
A União Europeia “precisa de trabalhar com a flexibilidade de uma rede e não com a rigidez de um bloco”, disse
Cameron, que classificou o prometido referendo à permanência na
comunidade como “a mais importante decisão que o povo britânico vai ter
de tomar nas urnas na sua vida”. O primeiro-ministro afirmou que quer
ficar na União, mas sublinhou que só fica caso as exigências que enviou a
Tusk sejam cumpridas. Na segunda-feira, um porta-voz do governo
britânico declarou que o que estava em causa era a “segurança nacional”.
Durante
o próximo mês, Cameron vai procurar convencer os congéneres europeus e,
em dezembro, há uma cimeira onde todos estes assuntos vão estar em cima
da mesa. Apesar das dificuldades que o líder britânico vai encontrar só
com estas medidas, no Reino Unido são muitos os deputados eurocéticos
que queriam mais de Cameron, que acabou por não avançar com algumas
medidas.
* Muita parra uva nenhuma, David Cameron não consegue livrar-se da "boçal ilhéuzisse".
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