HOJE NO
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Sociedades secretas.
Uma rede profissional de recrutamento
Uma rede profissional de recrutamento
No livro “O Fim dos Segredos”, a jornalista
Catarina Guerreiro divulga informações sobre a vida interna da maçonaria
e da Opus Dei.
Na hora de reforçar as suas fileiras, as
sociedades secretas não deixam essa tarefa nas mãos de terceiros. E
começam cedo, muito cedo, a procurar novos membros. A partir dos seis
anos, há crianças sujeitas a avaliações detalhadas de perfil, feitas
pelos responsáveis da Opus Dei. Na maçonaria, o recrutamento acontece
mais tarde, sobretudo no terreno fértil das faculdades e das juventudes
partidárias. Num e noutro caso, o importante é assegurar que a rede de
influência em sectores-chave da sociedade nunca perde vitalidade.
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A jornalista Catarina Guerreiro passou três anos a investigar estas
duas sociedades secretas (ver entrevista ao lado). O resultado, quase
300 páginas com “O Fim dos Segredos – Tudo o que nunca lhe contaram
sobre o mundo da Opus Dei e da Maçonaria em Portugal”, já foi publicado e
é oficialmente apresentado no dia 18 de Novembro.
No livro foram reunidas informações sobre os rituais das cerimónias, a
iniciação, as regras para a entrada, o dia-a-dia, a organização, os
nomes de quem detém o poder, as relações com a política, a economia, as
finanças, o património. E o recrutamento.
Em termos simples, há uma espécie de faixa etária até à qual a Opus Dei
recruta novos membros e a partir da qual a maçonaria começa a procurar
reforços: os 25 anos. É essa a prática comum, apesar de, nos últimos
anos, terem sido lançadas pelos maçons as bases da Ordem DeMolay, que
organiza encontros em templos maçónicos para recrutar novos elementos a
partir dos 12 anos.
O uso regular do cilício é a mais física forma de mortificação dos
opussianos, mas nem isso trava as entradas de novos membros. Mas, além
dessa penalização do corpo, há um colete de forças quase simbólico a que
a maioria dos elementos da Opus Dei fica obrigado quando passa a
pertencer à sociedade secreta. O movimento de Escrivá – o sacerdote
espanhol que fundou esta sociedade – obriga os numerários e os agregados
(duas classes dentro daquela sociedade) a praticar o celibato. A
dedicação à causa é total e exclusiva. Mas aos supranumerários, outro
nível na hierarquia da Opus Dei, é permitido que constituam família.
Recrutar o perfil certo Cada uma das sociedades tem os seus próprios
métodos de recrutamento. Quando procura sangue novo, a Opus Dei define
claramente que necessidades é preciso suprir na estrutura da
instituição. É isso que explica que os agregados, por exemplo, sejam
escolhidos em meios socialmente mais fragilizados – a estes elementos
estão reservadas as funções domésticas dentro da organização.
“Os espaços com actividades para jovens são hoje um dos principais e
mais importantes locais de recrutamento”, refere o livro de Catarina
Guerreiro. Existem vários centros de formação da sociedade espalhados
pelo país, onde impera o segregacionismo sexual. Não há nenhuma regra
que obrigue os seus alunos a integrar a Opus Dei, mas cada um destes
centros faz uma avaliação cuidada dos potenciais aderentes. E quando é
dado o passo definitivo, a autodeterminação acaba. Cabe sempre aos
superiores hierárquicos encaminhar os elementos mais novos no seu
percurso académico e profissional. A escolha do curso superior é
determinada pelos responsáveis da instituição, em função das
necessidades internas.
A maçonaria revela muito mais interesse pelas universidades do país,
porque convém a esta organização atrair novos elementos que tenham já
dado provas de que o sucesso profissional está garantido. “Muitas vezes,
nas universidades há uma luta de poder entre os maçons e os seguidores
de Escrivá”, escreve a jornalista. A Universidade Lusófona é, de resto, a
instituição em que o peso da maçonaria mais se faz sentir – ao ponto de
ser conhecida como a “universidade maçónica”, com elementos maçons
desde o corpo docente até ao presidente do conselho de administração,
Manuel Damásio.
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Mas “é nas juventudes dos vários partidos que a maçonaria mais recruta”,
refere Catarina Guerreiro. “Por um lado, são jovens com carreiras
políticas promissoras, o que interessa à maçonaria. Por outro, esta
dá-lhes uma garantia de protecção entre os outros políticos, parte deles
já membros da irmandade.”
E, neste campo, PSD e PS estão em clara maioria, em comparação com os
restantes partidos. E, apesar de a regra ditar um recrutamento
antecipado, a verdade é que até nos corredores do parlamento se tenta
angariar mais nomes.
Mais recentemente, os templos começaram a abrir as suas portas aos
jovens. As sessões para adolescentes – que rompem com a tradição de
recrutar perfis já formados –, encontros organizados pela Ordem DeMolay,
reúnem rapazes dos 12 aos 21 anos. Os Lions Clubes e os Clubes Rotários
são outros pontos de entrada para a maçonaria, uma espécie de
antecâmara da sociedade secreta.
* Maçonaria e Opus Dei são as mais antigas das perigosíssimas sociedades secretas existentes, Iluminatti e Bildeberg são descendentes daquelas. Nesta organizações está concentrado o brutal poder do dinheiro.
O homem que tem em Portugal a reforma de 175 mil euros mensais é da Opus Dei.
O homem que tem em Portugal a reforma de 175 mil euros mensais é da Opus Dei.
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