17/11/2015

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HOJE NO
  "DIÁRIO ECONÓMICO"

Petróleo que ninguém compra continua
 a financiar o terrorismo

A venda de petróleo dos campos e refinarias caídas nas mãos do autoproclamado Estado Islâmico (EI) é a mais importante fonte de financiamento dos terroristas sunitas – capaz, só por si, de fazer entrar no território por eles ocupado entre um e três milhões de dólares por dia. Sendo isso claro para todos os países, menos claro é quem são os destinatários desse petróleo – por muito que seja difícil de acreditar que as tecnologias ocidentais não consigam monitorizar a viagem de um camião que mede, no mínimo, 14 metros de comprimento. As pistas do ‘road map’ desse tráfico ‘morrem’ sempre num muro de negações.
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No dia 2 de Setembro de 2014, a representante da União Europeia (UE) no Iraque, Jana Hybášková, disse no Parlamento Europeu que alguns países da UE estavam a comprar petróleo ao EI através da Turquia. Bruxelas negou qualquer ligação directa ou indirecta ao tráfico de petróleo por parte dos 28 Estados-membros, mas avançou ter provas de que esse comércio estaria nas mãos de rotas clandestinas controladas por turcos, iranianos e curdos iraquianos.

Os Estados Unidos, por seu lado, alegam que o petróleo segue, grosso modo, as mesmas rotas de tráfico que foram criadas quando o mundo ocidental decidiu, nos anos 80 do século passado, um embargo ao petróleo iraniano (que passava pelo Iraque) e que, neste momento, o petróleo do EI segue para a Turquia, Jordânia e Arábia Saudita – país árabe também acusado de financiar directamente os sunitas radicais (nomeadamente os do EI) contra os xiitas. Todos os nomeados negaram o seu envolvimento.

Segundo a imprensa internacional, o ‘desconto’ praticado pelo EI pode chegar aos 60%: no início do ano passado, a imprensa internacional adiantava que o barril de petróleo ‘made in’ EI estava a cotar nos 30 dólares – numa altura em que nos mercados tradicionais o seu preço rondava os 100 euros. A evolução muito negativa dos preços do barril terá retirado margem ao EI, mas certo é que o seu produto continua a ser escoado. A imprensa internacional diz também que o peso do petróleo no orçamento do EI é da ordem dos 40%.

Outras fontes de receita
Para além de petróleo, o EI inunda os mercados internacionais com ópio, arte (que rouba dos campos arqueológicos que também controla e que vai destruindo), fosfatos, gás natural, cimento, trigo e cevada – este agregado pesa um pouco mais que o petróleo no orçamento do EI.

De fora estão ainda as vendas de mulheres xiitas para redes de prostituição, os raptos, os roubos, as extorsões e os donativos. O negócio dos raptos não é linear e, aparentemente, vale cada vez menos, dado que o resto do mundo evita aproximar-se do território controlado pelos radicais islâmicos.

Quanto aos roubos, eles também são limitados. De qualquer modo, segundo a imprensa internacional, quando o EI tomou a cidade de Mossul, os radicais ‘levantaram’ das várias agências bancárias qualquer coisa como 450 milhões de dólares.
As extorsões parecem ser de dois níveis. Por um lado, aquelas que têm por alvo os próprios habitantes do território, obrigados a pagar uma renda aos ocupantes, com isso assegurando a própria existência; por outro, as que têm a ver com uma espécie de portagem sobre quem passa no território. Segundo as mesmas fontes, só as caravanas de veículos petrolíferos que têm de passar pelos territórios do EI para atingirem o Ocidente deixam nos cofres meio milhão de dólares por ano.

Parece ser no capítulo dos donativos que o EI tem maiores dificuldades. Segundo os analistas não há – excepto talvez o caso da Arábia Saudita – muitos países islâmicos interessados em acudir ao sustento do EI. O comparativo com a Al Qaeda dá algumas pistas sobre a matéria: enquanto o grupo de Bin Laden era fortemente financiado de forma directa por vários regimes estabelecidos e por diversos ‘bem-feitores’ particulares, o EI não consegue grandes proventos nessa área – este item do orçamento não vale mais de 2% do total.

* Claro que somos todos patetas e acreditamos que a tecnologia disponível no ocidente é incapaz de detectar o percurso do petróleo assassino e os seus compradores.

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