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HOJE NO
"DIÁRIO ECONÓMICO"
"DIÁRIO ECONÓMICO"
Petróleo que ninguém compra continua
a financiar o terrorismo
A venda de petróleo dos campos e refinarias caídas nas mãos do
autoproclamado Estado Islâmico (EI) é a mais importante fonte de
financiamento dos terroristas sunitas – capaz, só por si, de fazer
entrar no território por eles ocupado entre um e três milhões de dólares
por dia. Sendo isso claro para todos os países, menos claro é quem são
os destinatários desse petróleo – por muito que seja difícil de
acreditar que as tecnologias ocidentais não consigam monitorizar a
viagem de um camião que mede, no mínimo, 14 metros de comprimento. As
pistas do ‘road map’ desse tráfico ‘morrem’ sempre num muro de negações.
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No
dia 2 de Setembro de 2014, a representante da União Europeia (UE) no
Iraque, Jana Hybášková, disse no Parlamento Europeu que alguns países da
UE estavam a comprar petróleo ao EI através da Turquia. Bruxelas negou
qualquer ligação directa ou indirecta ao tráfico de petróleo por parte
dos 28 Estados-membros, mas avançou ter provas de que esse comércio
estaria nas mãos de rotas clandestinas controladas por turcos, iranianos
e curdos iraquianos.
Os Estados Unidos, por seu lado, alegam que
o petróleo segue, grosso modo, as mesmas rotas de tráfico que foram
criadas quando o mundo ocidental decidiu, nos anos 80 do século passado,
um embargo ao petróleo iraniano (que passava pelo Iraque) e que, neste
momento, o petróleo do EI segue para a Turquia, Jordânia e Arábia
Saudita – país árabe também acusado de financiar directamente os sunitas
radicais (nomeadamente os do EI) contra os xiitas. Todos os nomeados
negaram o seu envolvimento.
Segundo a imprensa internacional, o
‘desconto’ praticado pelo EI pode chegar aos 60%: no início do ano
passado, a imprensa internacional adiantava que o barril de petróleo
‘made in’ EI estava a cotar nos 30 dólares – numa altura em que nos
mercados tradicionais o seu preço rondava os 100 euros. A evolução muito
negativa dos preços do barril terá retirado margem ao EI, mas certo é
que o seu produto continua a ser escoado. A imprensa internacional diz
também que o peso do petróleo no orçamento do EI é da ordem dos 40%.
Outras fontes de receita
Para além de petróleo, o
EI inunda os mercados internacionais com ópio, arte (que rouba dos
campos arqueológicos que também controla e que vai destruindo),
fosfatos, gás natural, cimento, trigo e cevada – este agregado pesa um
pouco mais que o petróleo no orçamento do EI.
De fora estão
ainda as vendas de mulheres xiitas para redes de prostituição, os
raptos, os roubos, as extorsões e os donativos. O negócio dos raptos não
é linear e, aparentemente, vale cada vez menos, dado que o resto do
mundo evita aproximar-se do território controlado pelos radicais
islâmicos.
Quanto aos roubos, eles também são limitados. De
qualquer modo, segundo a imprensa internacional, quando o EI tomou a
cidade de Mossul, os radicais ‘levantaram’ das várias agências bancárias
qualquer coisa como 450 milhões de dólares.
As extorsões parecem ser
de dois níveis. Por um lado, aquelas que têm por alvo os próprios
habitantes do território, obrigados a pagar uma renda aos ocupantes, com
isso assegurando a própria existência; por outro, as que têm a ver com
uma espécie de portagem sobre quem passa no território. Segundo as
mesmas fontes, só as caravanas de veículos petrolíferos que têm de
passar pelos territórios do EI para atingirem o Ocidente deixam nos
cofres meio milhão de dólares por ano.
Parece ser no capítulo dos
donativos que o EI tem maiores dificuldades. Segundo os analistas não
há – excepto talvez o caso da Arábia Saudita – muitos países islâmicos
interessados em acudir ao sustento do EI. O comparativo com a Al Qaeda
dá algumas pistas sobre a matéria: enquanto o grupo de Bin Laden era
fortemente financiado de forma directa por vários regimes estabelecidos e
por diversos ‘bem-feitores’ particulares, o EI não consegue grandes
proventos nessa área – este item do orçamento não vale mais de 2% do
total.
* Claro que somos todos patetas e acreditamos que a tecnologia disponível no ocidente é incapaz de detectar o percurso do petróleo assassino e os seus compradores.
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