HOJE NO
"JORNAL DE NEGÓCIOS"
Ofertas no mercado de trabalho
português não estão ajustadas à procura
Um estudo desenvolvido por uma empresa de
recrutamento especializado aponta fragilidades ao mercado laboral
português. Entre elas, destaque para o desajuste das qualificações de
quem procura trabalho face às ofertas do mercado.
Portugal está na lista dos cinco países com maior desequilíbrio entre oferta e procura de profissionais. Os dados são revelados no relatório Global Skills Index 2015
produzido pela Hays e Oxford Economics, esta segunda-feira, 26 de
Outubro. Numa análise ao mercado de trabalho, o relatório produzido
mostra que o mercado global tem dificuldade em encontrar profissionais
com as qualificações que pretende, registando-se um elevado desajuste
entre a oferta e procura laboral.
O estudo baseia-se numa classificação de 0 a 10, sendo a
classificação máxima - de 10 valores - sinónimo de maior nível de
dificuldade e restrições no mercado de mão-de-obra qualificada de cada
país. Para Portugal, a pontuação global de 2015 estabeleceu-se nos 5,9
valores, a mesma pontuação de 2014, o que "sugere que o mercado de
trabalho em Portugal permanece frágil, apesar de algumas notícias
positivas sobre a economia", pode ler-se no relatório. Neste ranking
global, Portugal situa-se assim na 11ª posição.
Entre os
indicadores que permitem estabelecer o balanço global, analisam-se a
flexibilidade do sistema de ensino, a participação e flexibilidade no
mercado de trabalho, o desajuste de talento, a pressão salarial global, a
pressão salarial em sectores altamente qualificados e em funções
actualmente qualificadas.
O desempenho de Portugal destaca-se pela positiva na
flexibilidade do sistema educativo e na pressão salarial global, ambas
com 4,7 valores na sua pontuação.
Já os alertas vão para a
pressão salarial em sectores altamente qualificados e para o desajuste
de talento, que são considerados os dois mais graves problemas do
mercado laboral português, ambos com uma classificação de 10 valores.
Esta classificação coloca Portugal entre os cinco países com maior desequilíbrio
entre oferta e procura de profissionais. A acompanhar Portugal nesta
lista dos países com pior desempenho neste segmento estão também o
Japão, Estados Unidos da América, Irlanda e Espanha.
As alterações registadas no mercado laboral derivam,
principalmente, da crise financeira global, com o aumento do desemprego
de longo prazo e os altos níveis de desemprego jovem a afectarem os
países com economias mais frágeis. Apesar das elevadas taxas de
desemprego, as empresas ainda consideram que é difícil preencher as
vagas de trabalho, o que, segundo o estudo da Hays, empresa de
recrutamento especializado de profissionais qualificados, permite
concluir que existe falta de comunicação entre as qualificações
procuradas pelas empresas e aquelas possuídas por quem procura emprego.
Paula Baptista, directora da Hays em Portugal, destaca que "há ainda
muito por fazer", mas acrescenta acreditar que o debate sobre o
desajuste de competências "começa a ter lugar na sociedade portuguesa".
"Trata-se de uma oportunidade única para universidades, empregadores e
autoridades nacionais chegarem a acordo sobre a melhor forma de criar e
desenvolver a base para um mercado de trabalho mais forte e mais
resiliente, que crie competências para o futuro", sublinha a directora.
* Pior que este desajuste forjado é o ambiente medieval do empresariado português público e privado. Ainda hoje tivemos a notícia não desmentida que existem administradores hospitalares a exigir trabalho a um médico após estar 24 horas de serviço ao banco de urgências.
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