16/10/2015

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Senso d'hoje
HELENA ROSETA
DEPUTADA PELO PS
SOBRE A CONJUNTURA POLÍTICA

“Acabou o tabu de que os partidos à esquerda não se podem entender”

Há muitos anos que não havia no PS um secretário-geral com as características do António Costa, capaz de fazer pontes, nomeadamente à esquerda. À direita, muitos fizeram. 
É um hábil negociador e um homem bastante desprendido. E, portanto, estas características são, neste momento histórico, a coisa mais importante. Por isso é que me bato para que confiem no António Costa, na sua capacidade. Foram muito importantes as diligências que já fez. Rápidas. Foi falar com o Partido Comunista, irá falar com o Bloco de Esquerda, vamos ver o que consegue. Mesmo que daí não resulte de imediato um governo de esquerda, porque admito que seja muito difícil construir uma solução de governo assim do pé para a mão, resultarão convergências que vão condicionar qualquer governo nos próximos anos. Vão obrigar a corrigir as políticas e virá-las um bocadinho mais para as aspirações da esquerda e um bocadinho menos naquela ortodoxia, sempre, de que a Europa manda e nós temos de cumprir. Isso vai ser o resultado de a sabedoria popular ter votado assim. Vamos ter de corrigir as políticas. Queira a Europa ou não.

RUPTURAS NA VIDA POLÍTICA
Há duas rupturas importantes na minha vida política. Uma nos finais de 1985 e princípios de 1986, com o PPD, era então presidente da Câmara de Cascais, por causa da campanha presidencial de Mário Soares. Entendi que não devia apoiar Freitas do Amaral e fui apoiar Mário Soares. Mas saí do partido, entreguei o cartão. Já estava muito incomodada com o caminho que as coisas estavam a levar, nomeadamente com a liderança de Cavaco Silva, que tinha inicialmente apoiado. Foi o maior erro da minha vida, em 1985, depois da morte de Sá Carneiro, ter apoiado Cavaco Silva. Mas em 1985, quando ele ganhou o congresso da Figueira da Foz, entendi que não era por ali que queria ir. Essa é uma ruptura frontal. Cavaco Silva vem depois a ter maiorias absolutas e não me dou bem com pessoas que entendem maiorias absolutas como única forma de trabalhar.

CATARINA MARTINS
A Catarina, para além das suas qualidades e defeitos, como todos, representou uma coisa fresca na democracia portuguesa. Precisamos de mais! A frescura não é só a idade e a cara, a frescura são as ideias. É preciso refrescar a democracia. Há partes da democracia e dos políticos que estão cansados, com demasiadas rugas na cabeça. Precisamos de arejar isto. Tem de passar por aqui uma grande corrente de ar e acho que vai passar.

 * Excertos de clarificadora entrevista ao "i" com a seriedade que se lhe reconhece.


** É nossa intenção, quando editamos pequenos excertos de entrevistas, suscitar a curiosidade de quem os leu de modo a procurar o site do orgão de comunicação social, onde poderá ler ou ver a entrevista por inteiro.   


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