13/09/2015

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ESTA SEMANA NO
"DINHEIRO VIVO"

Portugal vendeu mais 14 milhões de euros
. de vinhos no primeiro semestre

As exportações portuguesas de vinho atingiram, no primeiro semestre, 328 milhões de euros, um acrescimo de 14 milhões face a igual período do ano passado correspondente a mais 4,6%. O crescimento em valor foi mais do dobro do aumento em quantidade. As empresas portuguesas exportaram 134 milhões de litros de vinho entre janeiro e junho, um aumento homólogo de 2,1%. Números que permitem antecipar um novo recorde de vendas de vinhos portugueses no exterior.

"Esta trajetória de crescimento coloca o setor em vias de atingir o sexto ano consecutivo de crescimento nas exportações de vinho. Dados muito positivos e que mostram bem o resultado do trabalho das empresas do setor, da ViniPortugal e do apoio que é disponibilizado para promover os vinhos portugueses", destaca o presidente do Instituto da Vinha e do Vinho (IVV), Frederico Falcão.


A excelente performance das exportações de vinhos devem-se, destaca o IVV, em especial aos crescimentos obtidos em mercados como os EUA (+25%), o reino Unido (+11%), a China (+58%) e o Candá (+15%). Isto em termos de valor, porque no que à quantidade diz respeito, o mercado norte-americano cresceu 19%, o chinês quase duplicou e o canadiano aumentou 13,4%. Em sentido contrário esteve o mercado angolano, que caiu quase 9%, em resultado da retração económica que o país atravessa.

Mas o Governo quer mais. José Diogo Albuquerque, secretário de Estado da Agricultura, afirmou ontem, no simpósio "O papel do Vinho na Economia", integrado nas comemorações do Port Wine Day, organizadas pelo Instituto dos Vinhos do Douro e Porto, que o objetivo "é chegar a 2020 com as exportações a valerem 900 milhões de euros". O governante reconhece que o setor já atravessou "uma fase difícil", mas lembra que agora se assiste a um crescimento sustentado das exportações, que ultrapassam já os 700 milhões de euros, 314 milhões dos quais referentes ao vinho do Porto.
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Sobre a performance este ano, o presidente do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto lembra que a análise dos vinhos por semestre, sobretudo na sua região, é muito perigosa, atendendo à grande concentração de vendas no último trimestre do ano. Prefere, por isso, analisar os dados do total anual móvel (últimos 12 meses), pelos quais Manuel Cabral estima que as vendas de vinho do Porto cresçam, este ano, para 367 milhões de euros e que os vinhos do Douro possam, eventualmente, "atingir o patamar histórico de 1/3 do valor do vinho do Porto". Isto apesar "do comportamento difícil" do mercado angolano, que o ano passado subiu de nono a segundo maior mercado de exportação dos vinhos do Douro, mas que este ano, pela conjuntura económica conhecida, cai para sexta posição. No vinho do Porto, é a França, o principal destino, que se mostra difícil, com uma quebra, no primeiro semestre, de 4,2% em quantidade e 2,8% em valor.

Já nos 'Verdes', o primeiro semestre correu muito bem. "Aumentamos as vendas totais em 3% mas o que se portou melhor foram os segmentos de maior valor, o alvarinho com aumento de 10% e o loureiro com 24%. No mercado nacional estamos a melhorar um pouco em volume e em valor, o que é importante, mas é claramente a exportação que está a puxar pela região", diz o presidente da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV).

As exportações da região cresceram 10%, até junho, atingindo os 36 milhões de euros. "São resultados que nos satisfazem muito pois estamos a suportar e ate a aumentar preços médios e portanto a trazer mais valor para a região", sublinha Manuel Pinheiro. EUA, com um aumento de quase 20%, e o Japão, que cresce 45%, foram "as estrelas".
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O sucesso comercial do vinho Verde traz novos desafios a uma região que "já não chega para as encomendas" e que, por isso, precisa de plantar mais para poder crescer. Basta ter em conta que, num negócio anual de mais de 70 milhões, o stock de vinhos da região no arranque da vindima era de cerca de dois milhões de litros. "Estamos a apoiar os produtores para que se candidatem ao plantio de novas vinhas e já pedimos ao Governo que abra para o vinho verde as licenças de plantações que outras regiões parecem não pretender usar. Paralelamente, estamos a fazer apresentações do negócio da produção de uva aos produtores de leite, uma vez que muitos dos seus terrenos, hoje dedicados ao milho podem facilmente ser convertidos para uva. Hoje, a produção intensiva de uva para vinho Verde com rendimentos na casa dos 9/10 toneladas por hectare é claramente rentável e nós precisamos muito de mais e melhores vinhas", frisa o presidente da CVRVV.

Também as comissões vitivinícolas Dão e de Lisboa se mostram satisfeitas com a performance dos seus produtores, medida pelo aumento na certificação de vinhos. No Dão, a atribuição de selos de certificação cresceu 9,5% até junho e em Lisboa disparou 26%. "A contribuir sobremaneira para a excelente performance estão as exportações, que representam já 65% da produção da região. No topo da lista dos principais destinos dos vinhos de Lisboa estão os Países Nórdicos, Brasil, EUA, Benelux, Angola, Rússia, entre outros", destaca Vasco D"Avillez. Já Arlindo Cunha, do Dão, estima que as exportações da região tenham crescido na ordem dos 16% em 2014 e acredita que esta tendência se mantenha este ano.
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E quanto à vindima que agora começou? Mais do que os 8% de crescimento esperado, a nível nacional, da produção, para um volume na ordem dos 6,7 milhões de hectolitros, segundo as previsões do Instituto da Vinha e do Vinho, saiba que os produtores esperam uma vindima de extraordinária qualidade. Arlindo Cunha fala mesmo "numa das melhores campanhas desta década", enquanto Manuel Cabral diz que não falta quem antecipe que 2015 "seja um ano histórico", comparável ao de 2011, em que praticamente todas as casas de vinho do Porto declararam ano vintage.

* Portugal tem grandes vinhos produzidos por excelentes enólogos e restantes trabalhadores.

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