HOJE NO
"RECORD"
"RECORD"
Surf adaptado:
Voluntários a fabricar sorrisos
Tem 7 anos e para ele a aventura do surf começou há
dois. É nas ondas que se sente completamente realizado. E é lá que
mostra que é uma criança igual a tantas outras. Simão sofre de nistagmo,
uma doença rara que lhe traz várias complicações. "Afeta-lhe a visão,
só vê um décimo do que devia ver. Tem muitas alergias. Faz terapia da
fala pois não consegue pronunciar alguns sons… E tem tantas outras
complicações… No coração. Ainda tem asma, rinite alérgica", enumera o
pai, José Rodrigues, quando é imediatamente interrompido por Simão. "Não
posso comer ovo", atira, em jeito de conclusão.
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Simão
foi uma das crianças que participaram no passado sábado numa sessão de
surf adaptado na praia de Carcavelos. A iniciativa, uma parceria entre a
Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) e a SurfAddict (Associação
Portuguesa de Surf Adaptado), reuniu mais de 70 pessoas com necessidades
especiais e muitos voluntários.
Rute Soares,
mãe de Simão, explica como tudo começou: "Foi na Figueira da Foz, há
dois anos, através da ANIP [Associação Nacional de Intervenção Precoce]
de Penacova. A psicóloga contactou-nos para que o Simão fosse a este
evento experimentar surf. E foi logo um sucesso. Desde então, começámos a
vir de norte a sul do país a estas iniciativas com ele."
Desta
vez, a paragem foi em Carcavelos, e até teve companhia especial. "O
Simão insistiu para a avó vir. Queria tanto que ela viesse... Ela não
gosta muito de ver, porque se atemoriza de o ver na prancha. Mas ele tem
um à-vontade extraordinário e o surf para ele é qualquer coisa que
ultrapassa todas as marcas e limites estabelecidos. Ele no surf, com
todas as limitações que tem, mostra-nos que é capaz de fazer tudo o que
quem não tem limitações faz. É transcendental. Sente-se como peixe na
água, completamente realizado", conclui José Rodrigues.
Ao
longo do dia, os utentes da Santa Casa são acompanhados por voluntários
durante todo o processo, desde a areia até à água. E esta é uma
experiência que só traz vantagens. "O surf, o mar e a natureza são bons
para toda a gente. E claro, melhor ainda para quem tem limitações e um
leque reduzido de atividades que pode fazer. Por isso é ótimo haver uma
organização destas. Estou aqui a ler que nas t-shirts dos miúdos está
escrito ‘Olá, estou aqui a fazer sorrisos’. E é isso mesmo", completa
Pedro Monteiro, reconhecido surfista e treinador da Surf Academia, mas
que aqui era apenas mais um dos voluntários. Voluntários com um só
objetivo: roubar sorrisos.
* Os miúdos são fabulosos, os pais idem, mas aos monitores tiramos o chapéu.
* Os miúdos são fabulosos, os pais idem, mas aos monitores tiramos o chapéu.
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