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DA MADEIRA"
Dois portugueses partem hoje
para ir buscar famílias refugiadas
Dois portugueses partem hoje com o objectivo de trazer duas famílias
refugiadas para Portugal, uma missão que aos olhos do Serviço de
Estrangeiros e Fronteiras (SEF) comporta alguns riscos, mas que outros
veem como um procedimento possível de acolhimento.
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A ideia é de dois amigos que se conhecem já há bastantes anos, ambos
pais de quatro filhos, que se sentiram "extremamente indignados" com
tudo o que está a passar com os refugiados na Europa, mas também
envergonhados por não estarem a fazer nada por aquelas pessoas.
Entre trocas de mensagens, um lançou o desafio ao outro: "Ele deixou
subliminar que nós podíamos ir lá de carro buscar uma família e eu
disse-lhe que tinha feito a revisão ao meu carro e que estava pronto
para ir", contou Nuno Félix.
Quanto ao objetivo, é claro e está bem definido para estes dois amigos, que só querem que esta missão seja bem-sucedida.
"Cada um de nós traga uma família como a nossa para Portugal, para
viver nas condições em que vivemos. Boas ou más, são bastante melhores
do que aquelas em que eles se encontram e para isso vamos contar com o
apoio e com a colaboração de ONG [Organizações não Governamentais] que
estão no terreno neste momento a ajudar os refugiados", adiantou Nuno
Félix.
Acrescentou que serão estas ONG, no caso a Cáritas Internacional, a
indicar para que país em concreto é que os dois se devem dirigir, em que
momento e a sinalizar que famílias estão dispostas a vir
voluntariamente para Portugal.
Contactado, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) alertou para "os riscos que a iniciativa individual comporta".
De acordo com o SEF, os riscos têm que ver com "a questão da
documentação dos refugiados, sendo que para deslocação até território
nacional os cidadãos estrangeiros estão sujeitos às regras Schengen e à
lei nacional sobre vistos".
"O SEF encoraja todos os que pretendem participar, a conjugar
esforços e a contactar para o efeito o Alto Comissariado para as
Migrações, entidade que ao nível do Grupo de Trabalho para a Agenda
Europeia para as Migrações articula com a sociedade civil nesta
matéria", referiu.
No entanto, o advogado Luís Filipe Carvalho é perentório em afirmar
que "as famílias portuguesas que venham eventualmente a auxiliar a
entrada destes refugiados em território nacional (...) não estarão a
cometer qualquer crime".
"Primeiro porque não estamos num âmbito da imigração ilegal, segundo
estão a realizar um procedimento de acolhimento que a lei do asilo prevê
como sendo procedimento que o próprio Estado deve desenvolver, mas que
não proíbe que isso seja realizado pela sociedade civil", explicou.
Por outro lado, em relação às famílias de refugiados que cheguem a
Portugal, Luís Filipe Carvalho adiantou que "basta apresentarem o
requerimento para afeitos de asilo e eventualmente a atribuição do
estatuto de refugiados".
"Automaticamente veem a sua situação regularizada, até que esse
processo de atribuição de asilo ou de estatuto de refugiado venha a ser
concluído", adiantou o advogado, acrescentando que esse pedido pode ser
feito junto de qualquer órgão de polícia, diretamente no SEF ou em
qualquer posto de fronteira.
Nuno Félix garante que tanto ele como o amigo, Pedro Policarpo,
pensaram bem e ponderaram todos os riscos, a partir do momento em que
decidiram por a ideia em prática.
"Cada um de nós é responsável pela família que transportar no seu
carro, e é responsável não só durante a viagem, mas após a sua chegada
aqui a Portugal e terá de ter as capacidades e a responsabilidade de
assumir todas as consequências que pode ser ter uma família destas a
cargo", afirmou.
Os dois amigos partem hoje, pelas 19:00, e a primeira meta está
estabelecida para Itália, onde esperam chegar dentro de dois dias e onde
irão definir para onde irão a seguir.
* A solidariedade destas duas pessoas é extraordinária mas como o SEF refere é melhor actuar organizadamente e não em regime de free lancer.
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