HOJE NO
"DIÁRIO DE NOTÍCIAS"
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Histórias do submundo de caciques
que elegem os líderes dos partidos
Investigação.
Chapeladas, pagamento de dentaduras e de milhares de quotas: também foi
assim que Passos e Costa chegaram ao poder.
Passos
Coelho começou a construir a sua história para a liderança no PSD no
dia em que perdeu com Manuela Ferreira Leite. Da segunda vez que foi a
jogo, o aparelho não roeu a corda e Luís Filipe Menezes e Marco António
Costa, que o tinham traído nas eleições de 2008, seriam determinantes na
sua chegada ao poder laranja.
Já António Costa fez o seu percurso no PS, desde a jota à liderança do partido, não rompendo nunca com as práticas do aparelho, em que uma estrutura piramidal sustenta "um movimento de cima para baixo de oferta de lugares", que rendem um "movimento ascendente de apoios políticos traduzidos de forma material em votos".
Com diferenças de nomes e lugares, a história do PSD e PS confunde-se, sujeita aos caciques e galopins que tomaram conta dos partidos. São "os predadores", como lhes chama Vítor Matos, jornalista da Sábado, no seu novo livro sobre "tudo o que os políticos fazem para conquistar o poder". E nesse tudo cabe a oferta da dentadura à namorada de um cacique de bairro, que já tinha prometido o seu voto e o dos seus a um candidato. Acabou por apoiar o rival que deu os dentes novos à namorada. "O que tem este livro é uma raspadela na pintura da superfície, porque o que está por baixo é que é grave e preocupante", explica Vítor Matos ao DN.
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Já António Costa fez o seu percurso no PS, desde a jota à liderança do partido, não rompendo nunca com as práticas do aparelho, em que uma estrutura piramidal sustenta "um movimento de cima para baixo de oferta de lugares", que rendem um "movimento ascendente de apoios políticos traduzidos de forma material em votos".
Com diferenças de nomes e lugares, a história do PSD e PS confunde-se, sujeita aos caciques e galopins que tomaram conta dos partidos. São "os predadores", como lhes chama Vítor Matos, jornalista da Sábado, no seu novo livro sobre "tudo o que os políticos fazem para conquistar o poder". E nesse tudo cabe a oferta da dentadura à namorada de um cacique de bairro, que já tinha prometido o seu voto e o dos seus a um candidato. Acabou por apoiar o rival que deu os dentes novos à namorada. "O que tem este livro é uma raspadela na pintura da superfície, porque o que está por baixo é que é grave e preocupante", explica Vítor Matos ao DN.
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Estas histórias
que emergem "deste submundo" escondem a necessidade que uns e outros têm
para chegar às lideranças. Para o autor do livro, é impossível imaginar
Passos e Costa a liderarem PSD e PS sem estas práticas. "Eles precisam
dos votos para lá chegar", defendendo que não se limitam a ser
"minimamente coniventes".
Eles, argumenta, "são mais do que
coniventes, são promotores, fazem parte deste statu quo, cresceram nele e
a cultura deles é esta, mesmo que digam e tentem fazer o contrário".
Afinal, como prova o livro de quase 400 páginas, "eles precisam disto,
negoceiam os votos e traduzem isso em recompensa para as pessoas que os
apoiaram. Isso é claríssimo no governo de Passos Coelho e na Câmara de
Lisboa" com António Costa. Basta "uma análise fina de quem deu o quê, em
termos de apoios e votos, e quem são as pessoas que vão para os sítios,
quem são os pivôs que dão o apoio político e garantem a eleição que
depois têm as recompensas", conclui.
Para chegar a líder, Passos
sustentou-se em Miguel Relvas, com uma marcação cerrada à presidente do
PSD de então, Ferreira Leite, que se iniciou logo a seguir à "derrota
cheia de futuro", como lhe chamou Relvas. A rede de influências e
recompensas incluiu académicos, economistas, empresários, gestores ou
jornalistas, numa teia criada para dar espessura a um candidato que era
visto como "vazio" de conteúdo. Mas sem faltar o aparelho. Relvas fez
mais de 60 mil quilómetros pelo país e na hora dos votos valeram as
"milhares de quotas" pagas "nas secções mais afetas a Passos". E Relvas
cobraria bem este papel na hora de se demitir do governo.
Costa
chegou a líder do PS através de um processo inédito num partido com a
dimensão do PS. Mas, para Matos, as eleições primárias foram "um
embuste", por não traduzirem a "abertura democrática do partido como foi
vendido": "A filosofia das primárias está inquinada pelas práticas do
partido."
O que aconteceu foi "arregimentar simpatizantes para
votar num determinado candidato".
Verificando-se "os concelhos onde
houve maior percentagem de arregimentação de pessoas", nota-se o
alinhamento "com o cacique local", com "70% a 80% para cada candidato".
É
Paulo Rangel quem se impressiona, em declarações ao autor: "O que mais
me espantou foi como as pessoas votam sem ser pela sua cabeça." E o
candidato derrotado por Passos, nas eleições internas do PSD em 2010,
adianta: "Independentemente da sua cultura e posição social, as pessoas
fidelizam o seu voto anulando o seu julgamento pessoal, o que não
acontece nas eleições gerais."
* E há quem ache que os políticos do "Covil da governação" é gente séria. É o jogo do vale tudo e este vale tudo pode incluir matarem-nos.
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