Ministério
do impressionante
Umas
míseras três horas após a demissão do egocêntrico ministro das finanças
grego, a sua editora instou a imprensa (e seguidores) a escrever sobre o
"ministro do impressionante": "Utilize ‘MinisterOfAwesome' para
partilhar as suas fotos, citações, momentos, entrevistas favoritas de
Yanis Varoufakis.
As nossas cinco favoritas irão ganhar..." imagine-se, o seu livro: "O Minotauro Global".
Este
singelo episódio não foi o culminar de uma aparente estratégia pessoal
em que os superiores interesses da Grécia andaram de mão dada com uma
agenda própria, quando não sobrepostos por esta. Antes mais uma etapa
misófoba de quem prescindiu das suas obrigações de deputado para se
ausentar para a sua casa de praia na ilha de Aegina mas não se coibiu de
"tuitar" sobre os trabalhos parlamentares e todo o processo negocial
posterior do governo grego no Eurogrupo e Cimeira do Euro.
O
objectivo do governo grego de coligação da esquerda e direita radicais
foi, até à aparente ruptura entre o primeiro-ministro grego Alexis
Tsipras e o então ministro das finanças Yanis Varoufakis, o mesmo de há
quase seis meses quando da sua eleição, e a de sempre dos partidos que o
compõem: o ‘Grexit'.
A saída ordeira da zona euro e o regresso a
um novo dracma seria um objectivo que extrapolaria dos seus próprios
imperativos ideológicos, salvo se lhes fosse concedido um perdão
significativo da dívida, para permitir o perpetuar do incumprimento das
regras a que se submeteram na adesão à moeda única e contribuir para o
desmantelamento a prazo da arquitectura do euro.
Existiam dois
pressupostos indispensáveis ao seu ‘Grexit': um de cariz político, no
sentido que lhes era indispensável a percepção do grego médio que a
saída do euro era antes imposta, forçada pelo Eurogrupo. O outro de
índole económica, em que a saída era ordeira e económico-
financeiramente assistida pelos demais co-cidadãos europeus.
Em suma, alegadamente seria empurrado para fora do euro mas com um cheque gordo nas mãos.
A
assinatura em última instância por Tsipras do acordo de principio - sob
ameaça de uma saída "temporária" de facto decapitada de qualquer
soberania financeira ou a previsibilidade de uma saída caótica e
desordenada por livre iniciativa - é o mal menor, imediato. Mas há que
saber se o cumprirão.
O ‘OXI' no referendo grego ficará para a
história da Grécia contemporânea como um acto em que a ficção mais uma
vez tentou ultrapassar a realidade. O agora ‘NAI' contra-natura de
Tsipras ao acordo de princípio é o preludio do ‘OXI' de Varoufakis entre
assobios na votação parlamentar na madrugada de quarta para
quinta-feira ou o momento quando a ficção encontra a realidade?
Aguardemos
as cenas dos próximos episódios ou ainda nas palavras da editora do
‘MinisterOfAwesome': "Celebre o espírito do "OXI - 50% de desconto....".
IN "DIÁRIO ECONÓMICO"
17/07/15
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