18/07/2015

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GUIA PARA PERCEBER
A OPERAÇÃO MARQUÊS
11 PERGUNTAS









4ª PERGUNTA: De onde é que a investigação acredita que vem o dinheiro de Sócrates?


O Ministério Público acredita que os 23 milhões de Carlos Santos Silva pertencem, na realidade, a José Sócrates. Através da análise de escutas, vigilâncias ou documentos apreendidos, as autoridades suspeitam que os dois amigos traçaram vários esquemas para as movimentações de dinheiro.

Ora, siga-nos:
Parte desse dinheiro terá vindo do Grupo Lena onde Santos Silva trabalhava, e há provas de valores que saíram das contas particulares dos administradores do Grupo para uma conta na Suíça em nome do amigo de Sócrates. 

Entre 2007 e 2011 a empresa terá recebido 200 milhões de euros em contratos públicos, como o TGV ou a Parque Escolar.

Não esqueçamos o apartamento de Paris, no valor de 2,8 milhões de euros. A casa está em nome de Carlos Santos Silva, mas foi Sócrates quem escolheu e comandou as obras da residência. E quem lá viveu um ano.

Santos Silva comprou ainda, à mãe de Sócrates, três apartamentos por 712 mil euros. A mãe do ex-primeiro-ministro transferiu-lhe 520 mil euros. As compras da família do ex-líder do PS não param por aqui: A ex-mulher de Sócrates comprou um monte no Alentejo. O crédito que fez vale 760 mil euros e era Santos Silvas quem pagava as prestações.

Há ainda provas de 67 mil e 200 euros distribuídos por várias pessoas em todo o país para que comprassem o livro de Sócrates “A Confiança no Mundo”. Mas o MP acredita que estas distribuições terão chegado aos 170 mil euros. Mais há mais: registos de 672 mil euros entregues por Santos Silva a José Sócrates. “Livros”, “fotocópias”, “folhas de dossier” ou “aquilo” eram os nomes de código utilizados para pedir o dinheiro.

Na conta de João Perna também entraram 85 mil e 500 euros, em três anos. O motorista terá pago várias despesas de Sócrates com este dinheiro.

Santos Silva também pagou 92 mil e 750 euros a Sandra Santos. A mulher vivia na Suíça e visitava Sócrates regularmente, na casa de Paris ou na de Lisboa.


Só em viagens, tanto de José Sócrates como da sua família, Santos Silva gastou 200 mil euros.
Sócrates e Santos Silva terão ainda participado em negócios de transmissão televisiva de eventos desportivos. O valor? 2,7 milhões de euros.


Em Março de 2014 o empresário Lalanda e Castro terá ajudado os dois amigos, Santos Silva e Sócrates. Lalanda e Castro faria dois contratos de prestação de serviços em troca de 250 mil euros. Desse valor pagaria mensalmente 12 mil e 500 euros a Sócrates. As empresas de Lalanda e Castro e de Santos Silva, Dynamicpharma e  XMI, respetivamente, foram utilizadas no negócio. O dinheiro foi pago através de uma offshore.  

Até aqui, são 8,15 milhões de euros em movimentações, que o MP acredita que terão chegado a Sócrates.

A Venezuela também entra no esquema do ex-governante. Em 2011, ainda Hugo Chávez era presidente, foi anunciado o projeto social “Gran Misión Vivienda Venezuela”. No plano, estava a construção de dois milhões de habitações até 2017. O Grupo Lena foi um dos parceiros e assinou contrato para a construção de 50 mil apartamentos. O negócio tinha sido desbloqueado em 2010 por José Sócrates, então primeiro-ministro. Na altura, ficou-se a saber da assinatura de 19 acordos no valor de 1655,9 milhões de euros. Entre as empresas envolvidas estão o Grupo Lena, Estaleiros Navais de Viana do Castelo, YouYsu, EDP, Janz, Efacec, Eip, Atral Cipan, Sovena, Vetagri, Montebravo, Sapropor, Primor, Conservas Ramirez, Cerealis e Cofaco.

Agora, com o resort de Vale do Lobo, há mais dinheiro a acrescentar a estas contas: 12 milhões de euros. As transferências terão sido realizadas por Hélder Bataglia, sócio e acionista do empreendimento turístico de luxo, a partir de contas offshore, para Joaquim Barroca, administrador do Grupo Lena. Daí, terão chegado à conta de Carlos Santos Silva na Suíça.


* Próxima pergunta amanhã à mesma hora.

** Um excelente trabalho dos jornalistas do "OBSERVADOR", a edição começou segunda 13/07/15.


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