05/07/2015

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ESTA SEMANA NO
"DINHEIRO VIVO"

O segredo do sucesso
Sony vende 100 mil PlayStation 4 
em Portugal

Entre os milhares de portugueses que criaram canais de YouTube, o mais popular é Miguel Campos, mais conhecido por Fer0m0nas, com 2,6 milhões de subscritores. Não faz comédia, não canta nem dança, não cozinha em frente às câmaras nem mostra como fazer abdominais: o que ele faz é jogar.

A influência de Fer0m0nas e as suas maratonas de Minecraft mostra que, ao contrário do que muita gente ainda pensa, os videojogos não são um nicho reservado a uma faixa específica da sociedade. De todo, e pelo contrário: representarão este ano um maior volume de receitas que a indústria do cinema, um marco histórico que demonstra a importância social desta forma de entretenimento. 
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Em Portugal, a venda de jogos e consolas sofreu bastante com a crise, atingindo quebras anuais na ordem dos 30%. É por isso que a Sony está orgulhosa dos seus números: vendeu 100 mil PlayStation 4 desde o lançamento, em novembro de 2013, e conta vender mais 80 mil até ao final deste ano. São números exclusivos fornecidos ao Dinheiro Vivo por James Armstrong, vice-presidente sénior da Sony Computer Entertainment para o sul da Europa e responsável máximo pelo mercado português.

"Estamos na liderança mundial, com um rácio de três para um e 22 milhões de unidades vendidas", indicou o responsável, em entrevista na feira de videojogos Electronic Entertainment Expo (E3), que decorreu em Los Angeles. "Em Portugal vamos à frente com um rácio de 12 para 1. Vendemos já mais de 100 mil unidades, o que é muito razoável para um país pequeno, e estamos muito satisfeitos com isso."

É um facto que a Sony manteve preponderância em Portugal mesmo quando a Nintendo arrasava as tabelas de vendas com a Wii original por todo o lado, mas a PlayStation 4 permitiu-lhes tomar uma dianteira enorme face à concorrência. Porque é que existe uma diferença tão grande? "A marca é muito importante. O facto de que os consumidores portugueses gostam de nós e confiam em nós mais que na concorrência", explica James Armstrong. Outro ponto importante é a idade dos jogadores. "Os portugueses gostam dos mesmos jogos que noutros países. A grande diferença entre o consumidor português e um do norte da Europa é que o português é mais novo", revela Armstrong. "Em Portugal, os consumidores mais novos de 10 anos compram uma PlayStation 4, enquanto isso acontece menos em Inglaterra ou no norte da Europa. Portugal é um mercado diferente." Isto quer dizer que, em mercados como o Reino Unido, os jogadores mais novos irão inclinar-se mais para a Wii U, que aposta nos jogos casuais, nos lendários Super Mario Bros e Zelda e em exercício físico. "Tem impacto no tipo de jogos que compram, temos vendido muito bem jogos para uma audiência mais jovem em Portugal e mais dificuldade em vender esses títulos noutros países. Temos uma população mais jovem porque a Nintendo teve menos sucesso em Portugal que noutros territórios."

Pelo lado da Nintendo, que se adiantou na nova geração com a Wii U em novembro de 2012, o responsável português Nélson Calvinho confirma. "A Wii U é segunda classificada. A PlayStation 4 vai muito, muito à frente, não há que omitir isso", diz ao Dinheiro Vivo, também na E3.

Já a Microsoft não levou a Los Angeles ninguém da equipa portuguesa responsável pela Xbox One, mas o novo diretor executivo de grande consumo da subsidiária, André Cardoso, disse que foi "uma E3 muito positiva para a Xbox", em especial pela apresentação de novos jogos exclusivos, como o Halo 5: Guardians e o Fallout 4. Mais positiva ainda foi para o estúdio português GS78, que viu o seu jogo "Hush - Into the Darkness" ser escolhido pela Microsoft como um dos indies a mostrar na conferência. O publisher do jogo de terror com desenhos animados é Eduardo Monteiro, fundador do também português TheGameWall Studios, que conseguiu financiar o seu primeiro jogo ApocalipZ através da rede social portuguesa WePinch. "O Hush tem todos os ingredientes para colocar o desenvolvimento de jogos made in Portugal no mapa internacional", elogia Eduardo Monteiro. O jogo terá seis episódios e só o primeiro irá custar 150 mil euros, com lançamento para PC, através da plataforma Steam, já no final deste mês.

* Não há dinheiro???


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