HOJE NO
"DIÁRIO ECONÓMICO"
"DIÁRIO ECONÓMICO"
Como convencer o “Zé da PME”
a contratar doutorados?
É a pergunta de um milhão de dólares. Qual a solução para incentivar a
contratação de doutorados pelas empresas? Apenas 4% dos doutorados em
Portugal estão no sector privado, o que é uma das mais baixas
percentagens da UE (Dinamarca 38%).
A maioria do tecido empresarial
português é constituído por PME lideradas pelo chamado" Zé PME, que não
vê a mais-valia em contratar um doutorado", diz Ana Barroca,
coordenadora do estudo "A empregabilidade dos doutorados nas empresas
portuguesas".
.
Representantes das empresas, do mundo académico e da Agência Nacional
de Inovação debateram soluções para promover a contratação de
doutorados no sector privado. Um debate organizado pelo Grupo de
Trabalho do Núcleo de Bolseiros do ITQB da Universidade Nova de Lisboa e
moderado pelo Económico. Aqui apresentamos algumas das perguntas e
respostas dos vários protagonistas envolvidos nesta questão.
1. Por que é que as empresas não contratam
doutorados?
A maioria das empresas portuguesas são PME. Muitas são
lideradas por pessoas que "construíram um negócio e o desenvolvem muito
bem, mas não têm formação académica e a quem é difícil explicar a
mais-valia de contratar um doutorado, a esse CEO chamamos Zé das PME",
diz Ana Barroca. Mas estes "empresários não hesitam em bater à porta das
universidades quando precisam de desenvolver alguma tecnologia. Porque
não contratar os doutorados para a desenvolver?" A maioria responde com a
ideia feita que os doutorados não sabem trabalhar, são dispendiosos, têm pouca visão comercial e capacidade de gestão", sublinha a ‘managing partner' da Advancis Business Services.
2. O que ganha uma empresa que contrate doutorados?
Os doutorados "têmumconjunto de competências que os diferencia, como a
capacidade de encontrar soluções novas para novos problemas, de
comunicação que resulta do treino de apresentações públicas e a
capacidade de gestão porque lideraram equipas, o que é como gerir uma
pequena empresa", sublinha Ferreira Machado, professor da NOVA SBE.
Daniel Bessa, director - geral da COTEC acrescenta que para "além de
serem muito qualificados, desenvolvem competências científicas,
resiliência e capacidade de gerir equipas". Depois "uma empresa que
quiser inovar tecnologicamente tem que ir procurar pessoas altamente
qualificadas", acrescenta João Jesus Caetano. Para o director de R&D
da INTELI isso passa por duplicar o investimento em ciência, sobretudo
do sector privado em mais 2,5 mil milhões de euros.
3. O que deve fazer um doutorado para convencer a
empresa a contratá-lo?
O doutorado tem que mudar de atitude "apostar no
marketing pessoal e saber como vender o seu enorme potencial ao
empregador", diz Ferreira Machado. O antigo director da NOVA SBE
sublinha que" há que mostrar como a sua formação encaixa na resposta às
necessidades das empresas". Para Daniel Bessa é essencial "seduzir quem
tem dinheiro no bolso econvencê-lo a pagar o que exige competências
muito próprias". As universidades por seu lado, devem apostar mais em
programas de "desenvolvimento das competências transversais, as chamadas
softs skills muito valorizadas pelas empresas", sublinha Ana Barrocada
Advancis.E depois, diz Hélder Cruz, há sempre as oportunidades
internacionais. O que não tem que ser visto só como fuga de talentos,
mas também como promoção de redes internacionais. "Muito do trabalho do
Instituto de Biologia Tecnológica (IBET), por exemplo é trazido por
pessoas que formámos e estão fora a trabalhar em grandes multinacionais e
que nos contratam serviços", exemplifica Paula Alves, CEO deste
instituto.
4. Criar a sua própria empresa pode ser uma
hipótese?
Sim. A criação do auto-emprego é uma das hipóteses a
considerar. "Em Portugal há muitas redes disponíveis para ajudar a criar
novas empresas a desenvolver novas ideias", sublinha Ana Barroca. Para
isso "a aprendizagem ao longo da vida e a rede de contactos fazem toda a
diferença", acrescenta. Helder Cruz, CEO da ecbio,é um exemplo de um
doutorado que lançou a sua empresa com sucesso, depois de ter criado
várias negócios. "Aconselho quem queira lança o seu negócio a ganharem
competências de gestão", o que passou no seu caso por tirar um MBA.
Depois há que inventar soluções criativas "para conseguir sobreviver
financeiramente nos primeiros anos". "Se estão à espera do sonho
americana de criar a ideia e arranjar capital de risco não vai
funcionar", alerta o doutorado em biotecnologia. Peter Villax aconselha
todos a "começar a trabalhar numa empresa e quando saírem cortem as
amarrastodas, saiam da vossa zona de conforto e apostem na vossa
empresa".
* A resposta é fácil, 90% das empresas portuguesas têm menos de 30 funcionários, 80% destas não necessitam de um empregado com um excesso brutal de conhecimentos face ao ramo de negócios, mais importante ainda os doutorados não querem trabalhar em PME's a não ser naquelas que ocupam o nicho de excelência.
Este país é tão bom que tem licenciados a trabalhar em caixas de hipermercados e paga a um enfermeiro 4€/hora e a um recém licenciado em farmácia 700 €/mês para trabalhar em oficina.
Ah! o “Zé da PME” é o maior empregador do país, não vende submarinos, é roubado por políticos e banqueiros e está sujeito a leis duvidosas escrevinhadas por "doutorados".
Existem debates que apenas servem para desfilarem baboseiras.
Sem comentários:
Enviar um comentário