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"OBSERVADOR"
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Guia de dificuldades para quem quer investir nos mercados lusófonos
Quer saber qual o país da CPLP onde é mais fácil o crédito ou onde a burocracia é menor? O relatório sobre lusofonia económica foi esta segunda-feira entregue ao Governo português.
Exportar e operar em países do espaço lusófono tem vantagens óbvias
devido à língua, mas há constrangimentos e limitações que dificultam a
operação das empresas portuguesas nestes territórios. Regras na
concessão de vistos, mão-de-obra qualificada e problemas com a
burocracia nestes países são algumas das principais reclamações das
empresas portuguesas. Veja os gráficos e fique a conhecer o grau de
dificuldade em cada país.
O relatório da ELO – Associação
Portuguesa para o Desenvolvimento Económico e a Cooperação sobre
a Lusofonia Económica foi entregue esta segunda-feira ao
primeiro-ministro e menciona as principais dificuldades que as empresas
portuguesas encontram no terreno quando se tentam instalar nos
oito países do mundo lusófono: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau,
Guiné-Equatorial (sobre estes país faltam alguns dados, já que só em
julho de 2014 é que o país se juntou à CPLP num processo controverso),
Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. O representante do
primeiro-ministro nesta associação é Jorge Braga de Macedo, ex-ministro
das Finanças. Consulte o e relatório na íntegra à esquerda.
Recursos humanos:
Brasil e Cabo Verde à frente
Uma das maiores dificuldades prende-se com os recursos humanos. A
maioria das empresas consultadas para este estudo considerou que “a
escassez de recursos humanos qualificados e com experiência adequada é
uma limitação de caráter elevado em Angola e Moçambique”. Brasil e Cabo
Verde são os países onde esta dificuldade menos se faz sentir.
No
entanto, no Brasil é indicado que o custo médio por colaborador é
superior aos valores verificados em Portugal, incluindo ainda a
dificuldade pelo não reconhecimento de quadros nacionais, acrescendo
ainda a dificuldade na obtenção de vistos de trabalho. Um facto
intimamente ligado à dificuldade de circulação de pessoas nestes países.
“Todos os países do espaço CPLP revelam constrangimentos muito pesados à circulação de pessoas e capitais com impacto relevante no potencial de negócio das empresas portuguesas. Os constrangimentos surgem ao nível da pesada burocracia para: obtenção de vistos, autorização de investimento direto e licenciamento para movimentação de mercadorias”, indica o relatório.
Propriedade:
Há risco elevado em Brasil e Angola
Uma das maiores preocupações neste capítulo são as leis sobre a propriedade e segurança jurídica.
As empresas consideram que “existem limitações significativas no
registo da propriedade, tanto pela ausência de registos oficiais como
pelo próprio enquadramento legal, com implicação na constituição de
garantias”, havendo assim “dificuldade na segurança legal das
execuções”, sendo que os processos se arrastam por muito tempo.
Outra
dificuldade acrescida é que a aquisição de terras “é complexo e moroso,
afetando, sobretudo nos projetos agrícolas”. Em todos os países
avaliados, o risco associado com este item é alto ou moderado.
Há
ainda “limitações quanto à segurança dos investimentos efetuados”, já
que apesar dos códigos comerciais, os processos de cobrança podem não
vir a respeitar os requisitos definidos em termos legais”. O relatório
fala ainda sobre os problemas de literacia económica e formação, acordos
económicos e tributação.
Investimento:
Angola com custos elevados
Cabo Verde é o país onde há menos limitações às oportunidades de investimento.
No que diz respeito ao investimento necessário para se
operar nestes países, a Guiné Bissau e a Guiné Equatorial apresentam
maiores limitações à partida. Em Angola os custos de financiamento
demasiado são elevados e há dificuldade no acesso a fontes de
financiamento multilaterais. Já no Brasil, o relatório indica que as
empresas internacionais têm acesso ao financiamento, em média, três anos
após o início da atividade. Sobre as oportunidades de investimento, Cabo
Verde e Moçambique são os países onde há menos limitações às
oportunidades, enquanto os restantes países apresentam mais
possibilidades de investimento – a maior parte das empresas salienta que
“a inexistência de garantias e confiança das organizações privadas
em investir nestes países” e ainda que a maioria dos países membros da
CPLP não aposta em campanhas de marketing e comunicação no que diz
respeito à divulgação dos projetos existentes.
Transportes:
Angola e Moçambique têm rede deficitária
Quanto às infra-estruturas de transportes existentes
nos países, o Brasil é o país onde há menos limitações e tanto Angola e
Moçambique têm uma rede considerada “deficitária”. Por isto, o
“transporte de mercadoria +e moroso, acrescendo ainda a incerteza
em relação à chegada da mercadoria ao destino pretendido”.
Energia:
Acesso ao mercado de Cabo Verde é mais fácil
No que diz respeito à energia, setor onde atuam muitas empresas portuguesas e onde estes países são ricos em recursos, o acesso ao mercado em Cabo Verde é o mais fácil, enquanto Angola, Brasil, Guiné-Equatorial. Quanto à burocracia, Angola apresenta um forte constrangimento e Cabo Verde é o país com os processos mais simplificados.
As dificuldades foram avaliadas por empresas como CTT, Caixa Geral de
Depósitos, Santander, NOS, Revigres ou EDP que já têm operações no
terreno e se têm deparado com várias dificuldades.
Esta organização
sugere ainda soluções para os problemas encontrados que podem ser postas
em prática através de organizações internacionais ou através de
negociações bilaterais do Governo português com estes países.
* No mercado lusófono o melhor país para investir é Portugal!
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